01/09/2016 às 17:43, atualizado em 02/09/2016 às 09:19

Tocha paralímpica é recebida com emoção em centro de ensino para pessoas com deficiência

Antes, chama passou pela Escola Nacional de Administração Pública (Enap) e pela Associação do Centro de Treinamento Físico Especial (Cetefe)

Por Guilherme Pera e Maryna Lacerda, da Agência Brasília

A entrada do Centro de Ensino Especial de Deficientes Visuais, na 612 Sul, ficou cheia para receber a tocha paralímpica, que chegou às 15h33. O artefato foi carregado por três condutores e emocionou dezenas de pessoas na instituição. Houve ainda apresentação musical de alunos da unidade.

O primeiro a conduzir o símbolo foi o estudante de direito Luiz Romão Pariz, de 27 anos, cadeirante há 10, selecionado pelo patrocinador para quem trabalha. “O esporte ajuda demais na autoestima, e os para-atletas não têm o mesmo apoio dos não deficientes. Participar disso é emocionante demais.”

A atleta de golbol e estudante do Centro de Ensino Especial de Deficientes Visuais, Kátia Aparecida, leu a frase “A igualdade é o nosso ponto de partida na vida e no esporte”, formulada pelo Comitê Paralímpico Brasileiro e escrita em braile

A atleta de golbol e estudante do Centro de Ensino Especial de Deficientes Visuais Kátia Aparecida leu a frase “A igualdade é o nosso ponto de partida na vida e no esporte”, formulada pelo Comitê Paralímpico Brasileiro e escrita em braile. Foto: Dênio Simões/Agência Brasília

De Luiz, a tocha seguiu para Kátia Aparecida, de 21 anos, estudante do centro e atleta de golbol. Com o artefato em mãos, ela prestigiou a performance musical dos colegas e leu a frase “A igualdade é o nosso ponto de partida na vida e no esporte”, formulada pelo Comitê Paralímpico Brasileiro e escrita em braile. A última condutora foi Glaci Silva, de 38 anos, acolhida há 10 anos no Abrigo Esperança, instituição filantrópica que recebe pessoas com deficiência. Glaci não fala.

O Centro de Ensino Especial de Deficientes foi fundado em 1985. Tem mais de 400 alunos matriculados, encaminhados por outras escolas e por unidades de saúde. Atende estudantes a partir de 6 meses até idosos. E, nos Jogos Paralímpicos de 2016, tem um representante: Leomon Moreno, da seleção brasileira de golbol. Artilheiro do mundial de golbol de 2013, Leomon foi eleito o melhor para-atleta brasileiro de 2014.

Acompanhou a passagem da tocha pelo centro o secretário de Educação, Júlio Gregório Filho, entre outras autoridades. Os Jogos Paralímpicos Rio 2016 serão de 7 a 18 de setembro, no Rio de Janeiro.

Tocha paralímpica na Enap e na Cetefe

Antes do Centro de Ensino Especial de Deficientes, a tocha paralímpica passou pela Escola Nacional de Administração Pública (Enap) e pela Associação do Centro de Treinamento Físico Especial (Cetefe), ambas no Setor Policial Sul.

O revezamento chegou à Enap por volta das 14h30. O primeiro a conduzi-la no local foi o servidor público e goleiro de futebol de cegos João Rabelo Ferreira

O servidor público e goleiro de futebol de cegos João Rabelo Ferreira foi o primeiro a conduzir a tocha na Escola Nacional de Administração Pública. Foto: Tony Winston/Agência Brasília

O revezamento da tocha chegou à Enap por volta das 14h30. O primeiro a conduzi-la no local foi o servidor público e goleiro de futebol de cegos João Rabelo Ferreira. Ele partiu da entrada da escola e seguiu pela área externa até a Cetefe. Servidores da Enap, alunos e familiares de estudantes que treinam na instituição acompanharam bastante animados o percurso.

Ferreira passou a chama para o professor e atleta de natação Jaime de Almeida, de 33 anos. Ele descobriu o esporte em 2007, sete anos depois de ser diagnosticado com câncer no joelho e ter a perna direita amputada. Hoje, ele compete nos 100 metros rasos estilo peito. Para Almeida, carregar a tocha é emocionante. “Estava ansioso. Na hora que a peguei, senti uma alegria muito grande”, conta. Segundo ele, o fato de o País sediar uma Paralimpíada é fundamental para o desenvolvimento do paradesporto. “O Brasil vai se tornar uma vitrine e isso vai trazer melhorias para o paradesporto”, afirma.

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Almeida cruzou o campo de futebol e entregou a chama à atleta Maria Fernanda Alves, de 16 anos. Ela treina na Associação do Centro de Treinamento Físico Especial há quatro anos e está se preparando para o próximo ciclo olímpico. “Meu sonho é participar das próximas Paralimpíadas, em Tóquio. Estou treinando para isso.”

No ginásio da Cetefe, Maria Fernanda entregou a tocha ao atleta de parabadminton Rômulo Soares para o encerramento da atividade. Também participaram da cerimônia a secretária do Esporte, Turismo e Lazer, Leila Barros, o secretário de Educação, Júlio Gregório Filho, o responsável técnico da Cetefe, Ulisses Araújo, e o presidente substituto da Enap, Paulo Marques.

O que é o Cetefe

A Associação do Centro de Treinamento de Educação Física Especial (Cetefe) é uma organização não governamental que tem um termo de cooperação técnica com a Secretaria de Educação do DF para atendimento dos estudantes da rede pública com deficiência, a partir dos 4 anos de idade. O convênio estabelece a atuação de 15 professores com formação especializada em esportes adaptados. Além disso, educadores físicos da Secretaria do Esporte, Turismo e Lazer atuam no centro. São oferecidas 16 modalidades em três turnos. A quantidade de vagas depende do esporte escolhido. Hoje, a Cetefe tem 1.545 cadastrados.

Edição: Marina Mercante