10/12/2016 às 09:09, atualizado em 12/12/2016 às 09:28

Arquivo Público adota técnica especial para conservar fotos históricas

Equipe trabalha para retirar cola de material que vai compor fundo privado do ex-prefeito de Brasília Paulo de Tarso Santos

Por Amanda Martimon, da Agência Brasília

Pela primeira vez, o Arquivo Público do Distrito Federal (ArPDF) faz processo de conservação curativa de fotos. A técnica — que está sendo aplicada em álbum do ex-prefeito de Brasília Paulo de Tarso Santos — é usada para preservar o documento físico. O material vai compor um fundo privado do político, ainda não inaugurado, e foi recebido com resíduos de cola e fungo no verso.

Equipe trabalha para retirar cola de material que vai compor fundo privado do ex-prefeito de Brasília Paulo de Tarso Santos.

Equipe trabalha para retirar cola de material que vai compor fundo privado do ex-prefeito de Brasília Paulo de Tarso Santos. Foto: Gabriel Jabur/Agência Brasília

Entregues recentemente pela família, 36 fotos, datadas de 1961, passam por cuidados. Para que o conteúdo não fosse perdido, as imagens foram digitalizadas ainda dentro do plástico em que chegaram. Por causa da cola, algumas sofreram danos.

“Também tem fungo no verso. Ele continua agindo, se tiver condições, como umidade, e pode interferir na imagem [da frente]”, explica a diretora de Tratamento e Preservação da Coordenação de Arquivo Permanente do ArPDF, Tereza Eleutério.

[Olho texto=”Uma cola neutra, chamada carbox metilcelulose, é aplicada no verso das fotos com a função de descolar os resíduos” assinatura=”” esquerda_direita_centro=”direita”]

A arquivista Valéria Colletti, gerente de Tratamento e Preservação de Acervos da mesma coordenação, aprendeu a técnica com funcionários da Coordenação Regional do Arquivo Nacional no DF. Uma cola neutra, chamada carbox metilcelulose, é aplicada no verso das fotos com a função de descolar os resíduos. “Não deixamos secar muito e passamos o bisturi. Fica como uma espécie de gelatina”, relata.

A estratégia, além de curativa, é preventiva, pois, com as fotos digitalizadas, quem quiser consultar o material não precisa manuseá-lo. “É necessário manter a documentação original, e fazemos o máximo para preservar o material físico, para cultivar a informação”, acrescenta Ester Kimura, gerente de Tratamento e Preservação do Acervo Audiovisual da Coordenação de Arquivo Permanente. Além do álbum que passa pelos cuidados da equipe, cerca de 800 fotos compõem o fundo privado do ex-prefeito.

[Numeralha titulo_grande=”36″ texto=”Quantidade de fotos do ex-prefeito de Brasília Paulo de Tarso Santos que passam pelo trabalho de conservação do Arquivo Público” esquerda_direita_centro=””]

O trabalho de conservação por qual passam as 36 fotos tem uma particularidade que o torna ainda mais necessário. As imagens retratam a visita do ex-prefeito, com os irmãos Villas-Bôas, à região do Xingu, em Mato Grosso, e à Ilha do Bananal, no Tocantins. “Nenhuma documentação textual que recebemos fala sobre isso. Ainda estamos investigando”, conta Tereza, que também é historiadora.

A previsão é que o fundo privado do ex-prefeito Paulo de Tarso Santos esteja disponível para acesso do público em fevereiro de 2017. Ele foi nomeado para prefeito de Brasília em fevereiro de 1961 pelo então presidente Jânio Quadros e exerceu a função até agosto do mesmo ano. O acervo do Arquivo Público contará com originais de ofícios, decretos, nomeações, bilhetes escritos à mão pelos presidentes Juscelino Kubitschek e Jânio Quadros, fotos e documentos.

Edição: Marina Mercante