23/02/2017 às 17:28, atualizado em 08/06/2018 às 16:41

Saiba o que o governo faz desde 2015 para evitar a crise hídrica

Em pronunciamento nas redes sociais, o governador Rodrigo Rollemberg agradeceu a colaboração dos brasilienses e pediu que continuem o esforço para economizar água

Por Paloma Suertegaray, da Agência Brasília

Com o objetivo de conter os efeitos da seca, o governo de Brasília começou ainda no primeiro semestre de 2015 a adotar medidas de segurança hídrica. Recuperar a capacidade de abastecimento do Reservatório do Descoberto e preparar outras fontes de captação são prioridades. Rodízios no fornecimento de água e operações de fiscalização também fazem parte das ações. Em pronunciamento publicado nesta quinta-feira (23) no perfil pessoal e na página oficial do governo nas redes sociais, o chefe do Executivo, Rodrigo Rollemberg, pediu o apoio da população.

“A crise da água em Brasília é gravíssima. Os níveis dos reservatórios do Descoberto e de Santa Maria estão muitos baixos para enfrentar a estiagem, que começa em maio”, afirmou. Ele destacou a importância da participação dos brasilienses para a economia dos recursos hídricos. “Tudo que fizermos agora será melhor no final. Se economizarmos, não faltará água no período da seca.”

Para superar a escassez, diversas regras de racionalização do consumo de água foram estabelecidas desde o início da gestão (ver infográfico). No mês passado, as regiões abastecidas pelo Descoberto começaram a passar por rodízio no fornecimento, e, a partir de segunda-feira (27), esquema similar valerá nas que são abastecidas por Santa Maria. Também no início do ano, foram retiradas chácaras que desviavam água da Barragem do Descoberto. “As medidas de racionamento e fiscalização são necessárias para garantir a água no período da seca”, enfatizou Rollemberg.

Novas obras visam garantir abastecimento de água no DF

Para desafogar os reservatórios existentes, o governo de Brasília conta com outras três apostas. Com as obras iniciadas em novembro, o Subsistema do Bananal deverá levar água para 170 mil moradores do Cruzeiro, do Lago Norte e do Plano Piloto a partir de 2017. É a primeira construção do tipo após 16 anos. O subsistema fica próximo ao Parque Nacional de Brasília e terá investimento de R$ 20 milhões.

Há também um projeto para a retirada emergencial de água do Lago Paranoá. A medida está orçada em R$ 50 milhões e prevê instalação de uma balsa no espelho d’água para coleta de água e o bombeamento dela de contêineres até uma estação de tratamento.

Outra obra em curso é a do Sistema Produtor Corumbá 4, próximo a Luziânia (GO). Em parceria com o governo de Goiás, a construção deve abastecer 1,3 milhão de pessoas nas duas unidades federativas. Porém, as intervenções sob responsabilidade do estado vizinho estão interrompidas após recomendação do Ministério Público Federal (MPF), que investiga ilícitos em contratos e licitações da estatal goiana.

Veja outras das principais ações de prevenção à crise hídrica

Descoberto Coberto
– Ampliação do projeto Descoberto Coberto, com o plantio de mais de 100 mil mudas por parte da Companhia de Saneamento Ambiental (Caesb). Todas foram plantadas ao redor da área de proteção ambiental (APA) do Descoberto. A Secretaria da Agricultura, Abastecimento e Desenvolvimento Rural também começou a distribuir 330 mil mudas de espécies nativas a produtores por meio do programa Reflorestar. A Barragem do Descoberto é responsável por 65% da produção total de água do DF.

Programa Produtor de Água
– Ampliação do programa Produtor de Água, que remunera o produtor rural que economizar água. Desde 2015, o investimento total previsto é de R$ 40 milhões para os próximos 10 anos e vem, principalmente, da Caesb. A expectativa é atingir 591 agricultores em toda a Bacia do Pipiripau.

Ações de fiscalização
– Intensificação das ações da Agência de Fiscalização do DF (Agefis) em ocupações irregulares próximo a mananciais e córregos, como a desobstrução da orla do lago Paranoá, a desocupação do Condomínio Bougainville em Sobradinho e a retomada de área pública no Parque Ezechias Heringer, no Guará.

Captação de água do Lago Paranoá
– Avanço no projeto de captação de água do Lago Paranoá, com licitação lançada em 2015. As obras aguardam apenas a liberação de recursos federais (cerca de R$ 480 milhões). Pelos próximos 40 anos, serão atendidas 600 mil pessoas no Paranoá, no Lago Oeste, no Tororó, nos condomínios Jardim ABC, Jardim Botânico e Alphaville e em Sobradinho.

Captação do Córrego Crispim
Retomada da captação de água do Córrego Crispim no Gama, em novembro de 2016, permitindo o abastecimento de cerca de 15 mil moradores da região e a consequente redução no consumo da Barragem do Descoberto.

Poço de São Sebastião
Autorização para perfurar poços em São Sebastião, na Bacia do Rio São Bartolomeu.

Campanhas educativas
– Divulgação periódica de campanhas publicitárias de conscientização, feitas em parceria entre a Caesb e a Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento (Adasa).

Legislação ambiental
– Publicação de decreto, em janeiro de 2017, com regras complementares para o funcionamento do Cadastro Ambiental Rural (CAR) e do Programa de Regularização Ambiental de Imóveis Rurais (PRA-DF), que incentiva a recuperação de nascentes e matas ciliares, amenizando as mudanças no clima e protegendo a fauna e a flora.

Edição: Marina Mercante