07/03/2017 às 11:17, atualizado em 07/03/2017 às 17:52

Governo divulga pesquisa sobre participação feminina no mercado de trabalho

Dados constam de pesquisa especial para marcar Dia Internacional da Mulher

Por Mariana Damaceno, da Agência Brasília

A taxa de participação feminina no mercado de trabalho cresceu de 58,2% em 2015 para 59,1% em 2016, de acordo com pesquisa divulgada nesta terça-feira (7) pela Secretaria do Trabalho, Desenvolvimento Social, Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos, em parceria com a Companhia de Planejamento (Codeplan) e o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). O levantamento é uma das diversas ações do governo de Brasília para marcar o Dia Internacional da Mulher, celebrado amanhã (8).

A secretária adjunta de Políticas para Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos, Raissa Rossiter, em divulgação da pesquisa, na Casa da Mulher Brasileira

A secretária adjunta de Políticas para Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos, Raissa Rossiter, em divulgação da pesquisa, na Casa da Mulher Brasileira. Foto: Gabriel Jabur/Agência Brasília

Conforme parâmetros da Codeplan, as estatísticas se baseiam em mulheres com idade de 14 anos ou mais, em situação de ocupadas ou desempregadas. O recorte é feito em cima das Pesquisas de Emprego e Desemprego no DF.

O aumento na taxa de participação foi mais intenso entre jovens de 16 a 24 anos (3,2%), entre as responsáveis pela família (3,1%) e entre as mulheres negras (1,8%). “Normalmente, as mulheres demoram mais para se inserir no mercado de trabalho. Elas estudam mais e se capacitam para a função. No entanto, com o aumento da taxa de desemprego e da perda de rendimento das famílias, as mulheres, em especial as mais jovens, vão para o mercado”, explica a coordenadora do Dieese, Adalgisa Lara.

Investir na melhor capacitação desse perfil de trabalhadoras é fundamental para que elas tenham acesso a melhores postos de trabalho, de acordo com a secretária adjunta de Políticas para Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos, Raissa Rossiter. “Temos de assegurar a educação das jovens negras para que elas cheguem aos postos de trabalho que exigem melhor qualificação”, disse.

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A pesquisa mostra informações ainda preocupantes. Mesmo com maior taxa de escolaridade que os homens — 36,2% delas têm ensino superior completo, contra 30,5% deles —, as mulheres ganham menos: os rendimentos das trabalhadoras representam 79,6% dos rendimentos dos homens.

O número de mulheres ocupadas a cada mil pessoas foi, em 2016, de 612, enquanto no ano anterior o número havia sido de 620. Isso se deve, segundo a pesquisa, a uma redução de 8 mil postos de trabalho e à inserção de 30 mil mulheres no mercado. A taxa de desemprego cresceu de 15,3% para 19,7%.

Também aumentou a média de tempo de procura por emprego de 42 para 47 semanas, enquanto no caso dos homens saltou de 34 para 40. Isso por a mulher se candidatar a vagas mais perto de casa e que permitam conciliar emprego e responsabilidades domésticas. “É uma questão de desigualdade na divisão das tarefas dentro de casa. A mulher ainda é a responsável por tomar a frente nos cuidados com os filhos”, ressalta Adalgisa.

A área de serviços ainda é a que mais agrega mulheres. Das ocupadas, 80,6% atuam no setor, enquanto 15,1% estão no comércio.

As mulheres estão inseridas, principalmente, no setor privado, com carteira de trabalho assinada: 40,5%. No setor público, o número também é relevante, de 23,2%. Domésticas e autônomas representam 12,2% e 10,1%, respectivamente.

Investir em áreas em que a mulher tem mais facilidade de inserção é importante para melhorar a condição das trabalhadoras e também pode colaborar para a superação da crise econômica, acredita o presidente da Codeplan, Lucio Rennó. “Em 2015, os setores da economia que mais empregaram foram os propensos à inserção da mulher no mercado de trabalho, como saúde e educação”, disse. Segundo ele, apesar de a desigualdade ter arrefecido nesse contexto de crise, porque os homens perderam mais que as mulheres, é possível orientar o desenvolvimento econômico para essas áreas. “Aí, sim, teremos redução positiva da desigualdade”, argumentou.

A diminuição gradativa da desigualdade de gênero tende a permanecer, de acordo com o secretário adjunto do Trabalho, Thiago Jarjour. “A cada ano que passa, as desigualdades entre gêneros vêm diminuindo. As mulheres estão conseguindo uma maior inserção no mercado, e a gente acredita que esse é um caminho otimista”, disse.

Edição: Marina Mercante