26/01/2016 às 11:00

Bacilo contra o Aedes aegypti é aplicado no Gama, no Recanto das Emas e em Santa Maria

Larvicida faz parte de banco da Embrapa, formado por 2,6 mil micro-organismos que matam insetos

Por Mariana Damaceno, da Agência Brasília


Agentes da Vigilância Ambiental aplicam bacilo em piscina com água parada, no Gama
Agentes da Vigilância Ambiental aplicam bacilo em piscina com água parada, no Gama. Foto: Dênio Simões/Agência Brasília

A visita é rápida. São em média 5 minutos, suficientes para inspecionar vasos de planta, piscinas e ralos, por exemplo. Caso seja encontrada alguma larva do Aedes aegypti, o procedimento em três regiões administrativas de Brasília agora é pingar no foco uma gota por litro do Bacillus thuringiensis israelenses — larvicida biológico — e aguardar até a larva morrer. A nova arma contra o mosquito que transmite a dengue, a febre chikungunya e o zika vírus foi adotada pelo governo na semana passada e faz parte do combate.

“Estamos constatando a eficácia do produto”, informa o chefe do Núcleo Regional de Vigilância Ambiental do Gama, Edson Alves da Rocha. De acordo com ele, os agentes que monitoram os locais onde foi aplicado o larvicida têm percebido a morte da larva cerca de uma hora depois da aplicação: “Enquanto houver chuva, esses lugares precisam ser visitados para o caso de a fêmea voltar a depositar os ovos”. O bacilo ataca os quatro estágios existentes da larva, que, juntos, duram cerca de cinco dias.

O produto — doado ao governo pela empresa farmacêutica União Química para um teste com duração de seis meses — será aplicado em imóveis no Gama, no Recanto das Emas e em Santa Maria. Os agentes da Vigilância Ambiental foram treinados por técnicos da indústria para manusear o larvicida biológico, que não oferece risco ao meio ambiente nem ao ser humano. “Pode ser colocado em aquário, caixa d’água utilizada para consumo, rios e nascentes”, exemplifica Luciana de Paula, farmacêutica da União Química e responsável-técnica pela empresa e por produtos registrados na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Segundo Luciana, que acompanha equipes da Secretaria de Saúde no Gama, a substância age de forma específica e elimina quatro tipos de larvas: Simulium (borrachudo), culex (pernilongo), anófele (mosquito transmissor da febre amarela) e Aedes aegypti. Só no Gama, cada um dos 46 agentes da Vigilância Ambiental visita, em média, 25 casas por dia, aplicando o larvicida quando necessário. O trabalho ocorre das 8 às 17 horas, em 52 zonas, das quais 15 são rurais. A cobertura é de 88% da região administrativa.

Origem
O governo anunciou a nova forma de combate ao Aedes aegypti em 18 de janeiro. A doação foi de 600 litros do produto, desenvolvido em parceria da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) no DF com a União Química.

A empresa pública cedeu a bactéria à farmacêutica, que fabricou a substância. “O micro-organismo faz parte de uma coleção de mais de 2,6 mil bactérias que matam insetos e foi apontado como forma de combate ao Aedes há mais de 20 anos”, explica a pesquisadora da Embrapa-DF Rose Monnerat.

O Bacillus thuringiensis israelenses, registrado pela Anvisa em 2005, é, desde então, utilizado em estados como Minas Gerais, Mato Grosso e Paraná para exterminar larvas de borrachudo. De acordo com a especialista, em 2007, o larvicida mostrou-se fundamental para que a região administrativa de São Sebastião superasse o risco de epidemia contra a dengue. A bactéria, isolada de solo brasiliense, é ocorrência mundial. “Bastante comum no ecossistema”, conclui a pesquisadora.

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