03/03/2016 às 13:30

Pesquisa mostra aumento no nível de ocupação para as mulheres

De 2012 para 2015, foram 28 mil postos de trabalho a mais. Crescimento pode ser percebido principalmente no setor de serviços

Por Samira Pádua, da Agência Brasília


. Foto: Pedro Ventura/Agência Brasília

Atualizado em 3 de março de 2016, às 12h45

O nível de ocupação aumentou mais para as mulheres do que para os homens, se comparados 2012 e 2015. É o que mostra levantamento sobre a inserção feminina no mercado de trabalho do Distrito Federal, que confronta os dados da Pesquisa de Emprego e Desemprego do ano passado com a de 2012. No último ano, 743 mil mulheres estavam no mercado de trabalho como ocupadas ou em busca de emprego. Quando comparado aos números de 2012 (701 mil), o resultado mostra aumento de 42 mil — em relação às ocupadas, o crescimento é de 28 mil.

Do lado masculino, 46 mil entraram no mercado de trabalho como ocupados ou em busca de emprego, o que significa 792 mil em 2015 contra 746 mil em 2012. Para eles, no entanto, as oportunidades foram mais escassas, e o aumento do número de ocupados foi de 16 mil.

“De um lado, a construção civil e a indústria mostram redução nos postos de trabalho nesses períodos [2012 e 2015], e grande parte dos funcionários nessas áreas é homem. Por outro, houve aumento de vagas para mulheres no setor de serviços e, em menor medida, no de comércio”, explica a coordenadora da Pesquisa de Emprego e Desemprego do DF pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Adalgiza Amaral.

Quanto aos desempregados, em 2012 as mulheres fora do mercado representavam 106 mil e, no último ano, 120 mil. Para os homens, esses números foram 72 mil e 101 mil, respectivamente.

Apesar de a taxa de desemprego ter crescido para ambos os sexos no período analisado, a diferença nesse indicador, que era de 5,6 pontos porcentuais a mais para as mulheres, em comparação com os homens, caiu para 3,4 em 2015. Entre os ocupados em 2012 (1,270 milhão), elas tinham 46,9% dos postos de trabalho. Em 2015, 47,4%. “A mulher está com mais coragem de ir ao mercado de trabalho disputar em igualdade com o homem, e isso a gente vê crescendo a cada ano”, disse Thiago Jarjour, secretário-adjunto do Trabalho, da Secretaria do Trabalho, Desenvolvimento Social, Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos.

Setores
Por setor, o aumento no nível de ocupação das mulheres (mais 28 mil vagas ou 4,7%) refletiu em acréscimos em serviços (6,3%) e, em menor intensidade, no comércio e na reparação de veículos automotores e motocicletas (1%).

Tanto em 2012 quanto em 2015, o setor de serviços é o que abriga a maior porcentagem de mulheres — 77,9% e 79%, respectivamente. Já em comércio e reparação de veículos automotores e motocicletas houve queda de 17,3% para 16,7%.

Atividades de venda e aluguel de imóveis estão dentro do setor de serviços. Administrador de uma imobiliária com mais de 30 anos, Hiram David conta que, dos 25 funcionários, 20 são mulheres. “Quando fazemos a seleção, avaliamos igualmente, e as mulheres vêm demonstrando melhor perfil para o que a gente deseja”, explica. De acordo com ele, ao longo do tempo a equipe da empresa aumentou e, consequentemente, houve acréscimo na participação feminina.

Ana Paula Souza, de 28 anos, trabalha na imobiliária administrada por Hiram David desde maio de 2015. “Já atuei em vários campos, e as experiências ajudaram”, acredita ela, formada em administração e aluna de uma pós-graduação em gestão de pessoas.

Colega de trabalho de Ana Paula, Viviane Ribeiro, de 38 anos, também entrou para a empresa do ramo imobiliário no ano passado. Ela trabalha na parte de aluguel de imóveis e na elaboração de contratos. É fisioterapeuta e já fez cursos administrativos, mas quer mais. “Planejo me especializar para crescer na área”, conta.

Posição
De acordo com a pesquisa apresentada nesta quinta-feira (3), a principal forma de inserção das mulheres no mercado de trabalho é por meio do emprego assalariado, que representou 70% em 2015. O setor público abrigou 21,1% das mulheres ocupadas, e o emprego doméstico e a ocupação autônoma representaram 12,8% e 9,9%. Em comparação com 2012, houve aumento de 9,4% de mulheres no emprego formalizado no setor privado e de 3,4% no trabalho autônomo.

“O estudo é importante para trabalharmos em cima de dados reais, sabendo onde estão as mulheres empregadas e o quantitativo das que estão fora do mercado”, disse a subsecretária de Políticas para Mulheres, pasta do Trabalho, Silvânia Matilde Santos Silva.

Escolaridade
Quanto à distribuição das mulheres ocupadas, segundo nível de instrução, houve ganho no que diz respeito às que têm ensino superior completo, passando de 27,1% em 2012 para 30,7% em 2015. Para os homens, o aumento foi observado em relação ao ensino médio completo (de 41,4% para 42,5%) e ao superior completo (de 22,6% para 25,2%).

Rendimento
No período analisado, o rendimento médio real aumentou 3,3% para as mulheres ocupadas, passando de R$ 2.389 em 2012 para R$ 2.467 em 2015; para os homens, o crescimento foi de 1,6% — de R$ 3.242 para R$ 3.295. Os valores, de acordo com o estudo, são os maiores registrados desde 1998, quando o boletim sobre a inserção da mulher no mercado de trabalho do DF começou a ser feito.

Em relação à posição na ocupação, a maior desigualdade de rendimentos em 2015 foi observada entre autônomos, com mulheres recebendo 67,2% do rendimento masculino. Por outro lado, essa proporção é menos desigual quanto aos assalariados, cujo rendimento feminino em 2015 correspondeu a 85,5% do masculino.

O levantamento apresentado hoje foi feito pela Secretaria do Trabalho, Desenvolvimento Social, Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos, pela Companhia de Planejamento do DF (Codeplan) e pelo Dieese, em parceria com a Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados.

Participaram da divulgação o presidente da Codeplan, Lucio Rennó, o secretário-adjunto de Políticas para as Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos, da Secretaria do Trabalho, Carlos Alberto Santos de Paulo, e a chefe do Observatório do Trabalho, da mesma pasta, Luciana Neres.

Acesse a íntegra da pesquisa.

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