27/04/2016 às 18:52

Bombeiros militares capacitam garis e catadores para prevenção de incêndios

Alunos da UnB também participam do curso que ensina, entre outras coisas, a usar extintores. Parceria visa formar brigada voluntária no aterro controlado do Jóquei para reduzir ocorrências na seca

Por Guilherme Pera, da Agência Brasília


. Foto: Andre Borges/Agência Brasília

Estudantes da Universidade de Brasília (UnB), catadores de material reciclável e garis do Serviço de Limpeza Urbana (SLU) assistem a aulas do curso de capacitação do Corpo de Bombeiros Militar durante esta semana. O objetivo da parceria entre a autarquia e a corporação é formar uma brigada voluntária de incêndio no aterro controlado do Jóquei, na Estrutural, para diminuir número de ocorrências no período da seca.

Nesta quarta-feira (27), 16 alunos participaram de três atividades: organizaram-se em um labirinto escuro e sem qualquer contato visual para sair do local com segurança; manusearam extintores para apagar fogo controlado; e permaneceram em uma casa com fumaça como teste de resistência.

O treinamento ocorreu na Academia do Corpo de Bombeiros, no Setor Policial Sul, das 8 horas ao meio-dia. Durante as quatro horas, os voluntários também conheceram a diferença entre extintores de água, de pó químico e de gás carbônico. Na terça-feira (26), foi a vez de outros 17 participantes. O curso continua na quinta (28) e na sexta (29), no quartel da QE 40, no Guará II, onde serão dadas noções de primeiros socorros.

Auxílio à corporação
Para o primeiro-sargento Fabiano Benvenuto, um dos instrutores, ensinar pessoas leigas a lidar com situações de risco e possíveis ocorrências é uma forma de facilitar o trabalho dos militares. “É importante para os catadores, que têm o risco no dia a dia, e mais ainda para nós, bombeiros, pois teremos mais gente preparada para nos ajudar a conter incêndios”, justifica.

Uma das três alunas mulheres, Yorrana Carvalho, de 24 anos, é catadora há cinco no aterro. Ela recorda o incêndio de três dias, em agosto de 2015, que queimou uma área de cerca de 10 mil metros quadrados e quase se alastrou pela Floresta Nacional de Brasília. “Na coleta seletiva, há muitos. No ano passado, alguns colegas trabalharam no meio da fumaça. Se eu tivesse feito as aulas antes, poderia sair dali mais facilmente”, destaca. Ninguém ficou ferido na ocasião.

A parceria entre o SLU e o Corpo de Bombeiros Militar começou em novembro de 2015, com uma turma de 30 catadores. De acordo com o diretor-técnico da autarquia, Paulo Celso dos Reis, o aterro fica mais vulnerável ao fogo nos meses de seca, e a intenção é garantir o menor número de incêndios até agosto. “Quando o lixo orgânico se decompõe, produz metano, um gás inflamável. Por conta disso, todo ano ocorrem diversos focos no Lixão [da Estrutural]. A ideia desse curso é ser uma ação preventiva para este ano”, explica o servidor, que também é coordenador de pós-graduação de engenharia da segurança no trabalho da UnB.

Estado de emergência
A capacitação começou na segunda-feira (25), dia em que o governo de Brasília decretou estado de emergência ambiental na cidade. Todos os órgãos que integram o Plano de Prevenção e Combate a Incêndios Florestais do Distrito Federal — o Corpo de Bombeiros é um dos dez executores e o SLU, um dos sete apoiadores diretos — deverão tomar medidas para reduzir prováveis danos com fogo. Entre as instruções do plano está a de mapear áreas em que há depósitos de resíduos, retirá-los e criar estratégia de fiscalização e monitoramento contínuo.

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