A 998 dias para a Copa do Mundo, a AGÊNCIA BRASÍLIA entrevista o secretário-executivo do Comitê Organizador Brasília 2014, Cláudio Monteiro

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18/09/2011 às 03:00

Brasília, capital do País do Futebol

A 998 dias para a Copa do Mundo, a AGÊNCIA BRASÍLIA entrevista o secretário-executivo do Comitê Organizador Brasília 2014, Cláudio Monteiro

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O secretário-executivo do Comitê Organizador Brasília 2014, Cláudio Monteiro
O secretário-executivo do Comitê Organizador Brasília 2014, Cláudio Monteiro. Foto: Pedro Ventura

“Passamos por uma tragédia recente e merecemos essa abertura. Nosso governador foi ministro do Esporte. É uma pessoa que conhece a área e sabe o que significado do esporte como instrumento de desenvolvimento econômico e humano.”

Brasília comemorou na última sexta-feira (16/9) o início da contagem regressiva de mil dias para a Copa do Mundo de 2014. A  escolha do local da festa foi bastante simbólica: o estacionamento do Estádio Nacional de Brasília – a arena com as obras mais avançadas do país, com 38% concluídas.
 
A capital está mobilizada para abrir a Copa do Mundo e já conta com apoios importantes, como o da seccional DF da Ordem dos Advogados do Brasil, as associações comerciais e a maioria dos senadores e secretários de Estado de outras unidades federativas. A adesão popular em Brasília também é alta.
 
Além do Estádio Nacional, o Distrito Federal tem hoje em andamento importantes obras de infraestrutura, como a dos terminais do Veículo Leve sobre Pneus (VLP), no Gama e em Santa Maria. O secretário-executivo do Comitê Organizador Brasília 2014, Cláudio Monteiro, afirma que os problemas com a expansão do Setor Hoteleiro Norte para a quadra 901 e a licitação do Veículo Leve sobre Trilhos “já foram superados”.
 
É com ele a entrevista da AGÊNCIA BRASÍLIA esta semana. Monteiro, chefe de gabinete do governador Agnelo Queiroz, foi escolhido para ser o secretário-executivo do Comitê Organizador Brasília 2014, fazendo a interlocução do governo com os executores das obras e a Fifa. Ele explica como a cidade se credencia para realizar a festa da abertura e como estão os pontos mais sensíveis da execução das obras, que consagrarão Brasília como a capital do País do Futebol.

 
Se Brasília abrir a Copa das Confederações, pode perder a oportunidade da Copa do Mundo?
A regra da Fifa é que a Copa das Confederações seja um teste para a Copa do Mundo. Pleitear a abertura não é carta de intenções nem manifestação de vontade: é um executar de tarefas. Precisamos, portanto, cumprir nossas obrigações, fazer essas matérias tecnicamente e respeitar o cronograma. O que está em risco na escolha do local da abertura são duas coisas: a imagem do país e do próprio evento. Imagine isso passando em 360 emissoras de TV de todo o mundo! Então, deve ser uma decisão técnica. Estamos posicionados e achamos que quem cumprir sua tarefa devidamente terá seu reconhecimento devido. Brasília é a capital de todos os brasileiros, uma cidade jovem, de 51 anos, com o título de Patrimônio Cultural da Humanidade. Se a Copa do Mundo é feita em 12 cidades-sede, Brasília representa os excluídos. Quem não é sede está representado em sua capital. Temos inúmeras vantagens.

 
Quais, por exemplo?
Temos uma arena que está a três quilômetros da rede hoteleira. Aqui não teremos problema de locomoção. As pessoas virão a pé. A Copa aqui é verde. Nós temos o dobro da área exigida em torno do estádio. Para nós, brasilienses, isso significa recuperar a autoestima e o respeito do povo brasileiro em relação a sua capital.

 
Então será a chance de reverter a imagem política da capital, que está arranhada?
Lógico. Nós passamos por uma tragédia recente e merecemos essa abertura. Nosso governador foi ministro do Esporte. É uma pessoa que conhece a área e sabe o que significado do esporte como instrumento de desenvolvimento econômico e humano. Ainda no Ministério do Esporte, ele trouxe a mentalidade de que esporte é política pública. Ele sabe a importância desse evento para fazer a cidade se encontrar com sua vocação, que é o turismo.
 

E a construção do estádio?
Temos 38% prontos e já marcamos data e hora para inauguração: 31 de dezembro de 2012, às 11h, horário Fifa. Essa é a decisão do governador, comunicada à CBF e à Fifa. Não sei se será o primeiro estádio. Belo Horizonte falou que inaugurará primeiro. Teremos um grande jogo. Espero que seja a Seleção Brasileira. Brasil e alguém.  Ainda não sei quem, mas você pode ter uma certeza: nossos operários e seus familiares estarão com o ingresso para esse jogo de inauguração. Hoje são 3 mil homens trabalhando nos turnos normais e mais 1,5 mil no turno da madrugada. O cronograma está normal se levarmos em consideração que é a Copa do Mundo, em 2014, mas queremos ter a capacidade de fazer todo o evento teste – a Copa das Confederações – um ano antes.

 
Quanto à data, ela foi antecipada?
A ideia inicial era fazer em dezembro, mas pela execução da obra, o cronograma perdeu-se um pouco. Em nossa avaliação sentimos que havia necessidade de ter uma data com folga. Se acharmos que está tudo às mil maravilhas e relaxarmos, não chegaremos a lugar nenhum.

 
A seca atrapalha ou ajuda na construção?
É ruim por um lado e muito bom por outro. Já estamos acostumados com ela. Só sente a seca em Brasília quem está chegando agora. Para quem já está aqui, é rotina. Veja só: a Copa das Confederações será em junho, sem chuvas em Brasília. A Copa do Mundo também será no mesmo período. A obra pegou um ritmo porque entramos no período de estiagem. Quando começar a chover teremos a possibilidade de trabalhar debaixo da arquibancada e fazermos outras áreas que não interferem no desenvolvimento da obra. Na época da chuva nós já estaremos fechando o anel das arquibancadas. Quem estiver fazendo fundação em época de chuva estará comprometido.

 
E como está a obra nas arquibancadas?
Estamos fazendo uma laje em cima da arquibancada, ali entram dois níveis de camarotes e também as arquibancadas superiores. A parte superior da obra muda a metodologia de construção, ela passa ser pré-moldada que é para acelerar o ritmo. A capacidade total é de 70 mil lugares. São 76 camarotes que abrigam 1.590 pessoas. De vagas de estacionamento, são cerca de 400 no subsolo.

 
O que vai ser feito do estádio após a Copa?
Ali será uma arena multiuso em que o futebol será um dos espetáculos, mas não o único. Também vamos licitar essa área internacionalmente a operadores. Ela precisa ser enquadrada no circuito de grandes eventos mundiais, porque esta é a vocação da cidade.
 
 
Quem vai operar?
Quem tem tiver excelência em duas coisas: pagar o aluguel e ter um leque de eventos nacionais e internacionais. É o que chamamos de expertise e conteúdo. E vamos fazer isso antes da Copa das Confederações. Logo que for concluída, será licitada. Por exemplo, o Estádio Nacional de Berlim: 7 milhões de euros o aluguel. Só a placa publicitária em cima do camarote já paga o aluguel. O resto é lucro para a empresa. No final, o estádio será um patrimônio da Terracap. É ela quem vai receber os aluguéis.
 

Então depois de pronto o estado só ganhará com aluguel?
Com aluguel e com eventos, porque são os eventos que mexem a roda da economia, principalmente com a rede hoteleira e o comércio. Todos pagam impostos. Quem vai explorar o estádio é a iniciativa privada. O governo explorando o estádio, não.

E qual o valor do estádio?
R$ 671 milhões, com o acréscimo da cobertura. Mas ainda será, com toda certeza, o estádio mais barato do país. O valor estimado da cobertura é de R$ 90 milhões. Ela é toda fixa e a parte móvel será feita após a exploração da iniciativa privada. Enquanto for futebol, será aberto. Mas para um show, por exemplo, pode dar reflexo. As cadeiras chegarão após a fixação da cobertura. Também há células fotovoltáicas [painéis para captação de energia solar], com capacidade para iluminar mil casas populares. Ou seja, ele é autossustentável em termos de energia e ainda vai sobrar eletricidade para a CEB [Companhia Energética de Brasília] comercializar. Isso é um dos itens que capacita o estádio para a certificação do Leed Platinum, que atesta: o Estádio Nacional é ecologicamente perfeito. Estamos cumprindo todas as exigências e recomendações da Fifa.  A própria Fifa já chama o nosso estádio de ideal e o usa como modelo. A última parte é o gramado. Temos em caixa R$ 260 milhões para aplicar até o fim do ano. Mas não usaremos todo o dinheiro.  Houve um planejamento de compras que foi executado rigorosamente, sempre feito antes dos outros, como ferro por exemplo. Estamos muito na frente. Isso também barateia a nossa obra, não estaremos buscando matéria prima no mercado.
 
E as rampas?
Elas foram projetadas para o estádio se esvaziar em oito minutos. Ou seja, 70 mil pessoas saem do estádio, sem atropelo em oito minutos. Esse dado vem de um estudo de fluxo de multidão, também exigido pela Fifa.  A Fifa também pede  120 mil metros quadrados de área em torno do estádio. Nós estamos ofertando mais de 300 mil metros quadrados.
 
Por quê?
Em grande parte para TV, com mais de 360 emissoras, e também para comercialização, marketing e relacionamento da Fifa. Essas áreas são exigidas pela Fifa para os estádios que fazem a abertura. É ali que se posicionam os caminhões de links de TV, aqueles gigantes. Dentro dessa área há 40 mil metros quadrados cedidos para os patrocinadores que são 20, e os cinco parceiros.
 

Ainda há algum incômodo do Ministério Publico?
Já superamos todos. Não estamos com nenhuma pendência. Nem no estádio, nem no novo setor hoteleiro, na quadra 901 Norte.
 

A última sexta-feira (16/9) marcou o começo da contagem regressiva de mil dias para a Copa. Como serão esses próximos dias?
De muito trabalho, muita determinação e a certeza de que, no final, será sucesso total.

 
E qual o trunfo de Brasília para sediar a abertura?
Ela é uma cidade singular. É a capital do país e tem tudo o que a Fifa precisa.