Pesquisa por domicílios da Codeplan revela como vivem os moradores de uma das regiões mais ricas do DF

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18/11/2011 às 20:35, atualizado em 12/05/2016 às 17:55

PDAD do Jardim Botânico

Pesquisa por domicílios da Codeplan revela como vivem os moradores de uma das regiões mais ricas do DF

Por

Victor Ribeiro, da Agência Brasília

A Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan) divulgou nesta sexta-feira (18/11) a Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílios (PDAD) do Jardim Botânico. Trata-se de um bairro de trabalhadores com carteira assinada (39,4%) e servidores públicos civis e militares (31%). O relatório revela que, das 22 regiões pesquisadas até agora, o Jardim Botânico se destaca por apresentar a maior renda: os 6.312 domicílios têm renda média mensal de R$ 11.861, o que corresponde a 21,8 salários mínimos.

O diretor de Gestão de Informações da Codeplan, Júlio Miragaya, destaca que esse valor é quase o dobro da renda média em Vicente Pires. “A renda está 74% acima da registrada em Águas Claras e é 97% mais alta que a encontrada em Vicente Pires.”

“É uma região com alto poder aquisitivo, com grande diferença em relação às demais, o que evidencia essa grande disparidade de renda que existe no Distrito Federal”, avalia a presidente da Codeplan, Ivelise Longhi. Em comparação com a Estrutural – região de mais baixo poder aquisitivo dentre as pesquisadas –, o abismo social é ainda maior. Os domicílios na Estrutural têm renda média mensal de R$ 1.259, o que faz com que a do Jardim Botânico seja 842% maior.

Para a presidente, entre os fatores que explicam a renda está o fato de que “os trabalhadores são oriundos do serviço público federal ou local, e 70% têm ensino superior completo”. Outros 6,4% dos moradores do Jardim Botânico têm nível superior incompleto.

Pela primeira vez na série que irá sondar 30 regiões, há predominância da região Sudeste como local de origem dos moradores. Dos moradores, 49,3% vieram de Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo ou Espírito Santo, enquanto 44,5% são de famílias já residentes no DF e 6,2% são originários de outras unidades federativas. Seis em cada dez moradores vivem no Jardim Botânico há menos de 10 anos.

Irregularidades – Os pesquisadores chamaram atenção para a deficiência de serviços públicos em setores como transporte, saneamento básico e coleta de lixo. De acordo com eles, isso é uma consequencia de o Jardim Botânico ter sido construído em terrenos irregulares e os condomínios terem, ao longo dos anos, bloqueado ruas ao acesso público.

“A região carece muito de serviços de infraestrutura básica, justamente pela falta de regularização da ocupação e das construções feitas pelos próprios moradores. Isso impede o governo de agir como deveria”, aponta Ivelise Longhi. Ela ressalta que, apesar de 86,7% dos entrevistados declararem que seus domicílios são próprios, 81% deles são em terrenos não legalizados.

A coleta de lixo realizada pelo Serviço de Limpeza Urbana (SLU) atinge 70,6% das residências e 4,1% do esgoto está ligado à rede geral. Já o abastecimento de água chega a 89,7% dos domicílios.

De acordo com o assessor de Planejamento e Ordenamento Territorial da Administração Regional do Jardim Botânico, Napoleão Miranda, os condomínios construíram, com a ciência de governos anteriores, obstáculos “que dificultam o acesso público e até mesmo dos serviços do Estado”. Ele afirma que “o GDF deu um passo importante este ano, com a regularização de dois grandes condomínios na região. A tendência é que esse processo se acelere”.

Ainda segundo o representante da Administração Regional, o principal problema do Jardim Botânico são os congestionamentos no sentido Plano Piloto, no começo do dia, e na volta para casa, no fim da tarde.

A gerente de Estudos e Pesquisas Socioeconômicas, Iraci Peixoto, atribui essa demanda à grande quantidade de automóveis: 98,1% dos domicílios têm ao menos um automóvel. “Desses, dois terços têm dois carros ou mais. Por isso, a área de mobilidade urbana merece uma atenção especial das políticas públicas”.

Poligonal – Napoleão Miranda lembra que outra preocupação dos moradores do Jardim Botânico é a definição da poligonal que determina os limites da localidade. “Há lugares que a própria Administração Regional não sabe se faz parte do Jardim Botânico ou não, como o Altiplano Leste, por exemplo. É uma região muito bonita, que precisa ser protegida. Se estiver dentro da nossa poligonal, iremos preservá-la e explorar seu potencial turístico, como é feito em cidades como Penedo [interior do Rio de Janeiro]”, exemplifica.

A equipe lembrou que essas poligonais serão definidas pelo Plano Diretor de Ordenamento Territorial (PDOT), que o GDF encaminhou este ano à Câmara Legislativa do DF e que está tramitação na Casa.

Miranda informou ainda que a violência e o tráfico de drogas não fazem parte da rotina do Jardim Botânico e, por isso, não são considerados pela população problemas prioritários.