Arquiteto que deu forma ao sonho da Capital da Esperança completa mais um ano de vida, tendo em Brasília seu maior legado para a arquitetura mundial

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15/12/2011 às 03:00, atualizado em 12/05/2016 às 17:55

Oscar Niemeyer: 104 anos

Arquiteto que deu forma ao sonho da Capital da Esperança completa mais um ano de vida, tendo em Brasília seu maior legado para a arquitetura mundial

Por


. Foto: Roberto Barroso/arquivo

    Suzano Almeida, da Agência Brasília

    “Brasília pertence a todos os brasileiros”
    Oscar Niemeyer

    Em meados de 1950, sonhar com a construção de uma nova capital, para muitos, fazia parte apenas de um sonho do ex-presidente Juscelino Kubitschek. A decisão de criar Brasília, no entanto, acabou confirmada. Para que a cidade se tornasse realidade, o presidente Bossa Nova precisava que tudo aquilo se materializasse, mas como? Quais seriam as formas de uma nova capital de um grande país, com seus palácios e prédios? O que ela poderia oferecer, não apenas para o Brasil, mas para o mundo?
     
    As respostas vieram quando o engenheiro-arquiteto Oscar Niemeyer apresentou seu projeto arrojado, cheio de curvas e diferente de qualquer outra capital do mundo, ao ponto de em poucos anos fazer de Brasília Patrimônio da Humanidade.
     
    Nascido no dia 15 de dezembro de 1907, Oscar Niemeyer Soares Filho, que completa 104 anos nesta quinta-feira, se notabilizou por contrariar o comum. Poucos meses após ser escolhido para desenvolver os projetos que comporiam o conjunto arquitetônico do Plano Piloto, criou as formas acentuadas dos palácios do Planalto e da Alvorada, do Congresso Nacional e dos ministérios, que formam a Esplanada dos Ministérios, hoje considerada um dos maiores museus a céu aberto do mundo e que atrai turistas e estudantes de arquitetura dos mais diversos estados e países.
     
    O legado de Niemeyer, em conjunto com seu amigo Lúcio Costa, deixado em meio ao cerrado do Planalto Central, tomou proporções tão impressionantes que, em 1987, a Organização das Nações Unidas para a Educação (Unesco) declarou Brasília Patrimônio Cultural da Humanidade.
     
    Suas obras não ficaram restritas apenas à criação de monumentos na região do Plano Piloto. Niemeyer também é responsável pela concepção do Centro de Cultura Nordestina Casa do Cantador, em Ceilândia. Fora do quadrilátero do Distrito Federal, ainda antes da idealização de Brasília, criou o projeto do Complexo da Pampulha. No início da década de 1950, projetou o parque do Ibirapuera e o Edifício Copan, que se tornaram cartões-postais da cidade de São Paulo.
     
    Especialmente no período em que esteve exilado pela Ditadura Militar, também deixou seu legado em diversos países. Nos Estados Unidos, ganhou por unanimidade o concurso para a construção da sede da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York. Em Paris, projetou a sede do Partido Comunista Francês e criou projetos na Itália, como a sede da Editora Mondadori. Também viajou à Europa para participar da reconstrução de Berlim, pós-Segunda Guerra Mundial.
     
    A Arquitetura – Formado engenheiro-arquiteto em 1934, na Escola Nacional de Belas Artes, Niemeyer sempre se associou a grandes nomes em suas obras, como Burle Marx, Candido Portinari e Lúcio Costa, entre outros.
     
    Por intermédio de Lúcio Costa, com quem trabalhou desde o início de sua carreira, conheceu o arquiteto franco-suíço Le Corbusier, importante influência em suas obras e com quem colaborou.
     
    Com a criação da Universidade de Brasília (UnB), foi nomeado coordenador da Escola de Arquitetura, mas após as mudanças no modelo de ensino adotado pelo Regime Militar, Oscar Niemeyer e outros 200 professores resolveram abandonar a universidade, por discordar do modelo implantado pelo governo.
     
    Atuação política – Em 1945, Niemeyer se filiou ao Partido Comunista Brasileiro. A decisão lhe causaria problemas futuros, já que com o golpe militar de 1964, os partidos de esquerda passaram a ser perseguidos. O arquiteto acabou sendo impedido de trabalhar e foi morar na França.
     
    Em seu retorno ao país, em 1980, projetou o Memorial JK, em Brasília, em homenagem ao ex-presidente e amigo, morto em um acidente automobilístico, em 1976. No Rio de Janeiro, criou o projeto do Sambódromo da Sapucaí e o Memorial da América Latina, em São Paulo.
     
    Em 1990, Niemeyer encerrou sua militância partidária, desligando-se do Partido Comunista Brasileiro por discordar dos rumos políticos que ele tomou.
     
    Aos 104 anos, Oscar Niemeyer se mantém ativo, com projetos novos dedicados a enriquecer cada vez mais o seu país, seja por suas obras ou por seus significados.
     
    Desse brasileiro de alma generosa emana não só grandes obras, mas a luta por um Brasil mais justo, digno e que se preocupa com seus filhos, como Brasília, criada para aproximar os brasileiros de todas as partes de seu território.
     
    Nas formas de seus monumentos, quis mostrar a grandeza de seu povo e, ao levar para o mundo sua inspiração, colocou em prática que não há fronteiras para o dom de criar.
     
    Encontro com Agnelo Queiroz – Em agosto deste ano, o governador Agnelo Queiroz se encontrou com Oscar Niemeyer para falar sobre a continuidade de suas obras na capital federal. O arquiteto o presenteou com um livro, lhe desejou um bom governo e ressaltou ao governador: “Brasília pertence a todos o brasileiros”.