Curso de Verão da Escola de Música promove encontros entre alunos e professores de vários estados brasileiros e de outros países, numa mistura de sons, sotaques e culturas

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17/01/2012 às 03:00

Diferentes sotaques e línguas

    Curso de Verão da Escola de Música promove encontros entre alunos e professores de vários estados brasileiros e de outros países, numa mistura de sons, sotaques e culturas

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    Victor Ribeiro, da Agência Brasília

    O Distrito Federal é palco, neste mês de janeiro, de grande concentração de músicos, professores de música, estudantes dos mais diversos instrumentos e apreciadores dessa arte. São pessoas provenientes tanto dos estados brasileiros como também de outros países. O grupo participa do Curso Internacional de Verão (Civebra) da Escola de Música de Brasília (EMB), realizado pelo Governo do Distrito Federal (GDF) em sua 34ª edição. Oferecido pela primeira vez de forma gratuita, o Civebra teve, neste ano, numero recorde de 1.260 pedidos de inscrição e se destaca pela mistura de sons, sotaques e culturas diferentes. Ao todo, 800 alunos assistem às aulas.
     
    O Civebra é realizado pelo GDF por meio de parceria entre as secretarias de Educação e de Cultura e a Escola de Música. E tem tido maior número de adeptos a cada edição. “Acho extraordinário que o governo dê oportunidade para os alunos estudarem música, gratuitamente”, afirma – animado – o professor de harpa Mário Falcão. Ele é português, leciona na Universidade Estadual de Nova York e veio a Brasília ministrar algumas das aulas.
     
    O curso termina no próximo sábado (21), às 20h, com um grande concerto na sala Villa-Lobos do Teatro Nacional Cláudio Santoro. Até lá, aulas, concertos e audições movimentam a Escola de Música todos os dias, a partir das 8h. Além de ser a primeira vez que é oferecida de forma gratuita, esta 34ª edição tem o diferencial, também, de ser a primeira com inscrições feitas exclusivamente pela internet.
     
    Crescimento – “Estávamos esperando o mínimo de 500 e o máximo de 800 inscrições, mas a procura nos surpreendeu: foram mais de 1.260 solicitações”, comemora o professor de violoncelo Ataíde de Mattos, diretor da Escola de Música de Brasília. Mattos estudou na EMB nos anos 1970 e, na década seguinte, deu aulas na instituição.
     
    O diretor explica que, conforme acontece a cada ano, os primeiros dias do curso são de ajustes de metodologia. “Depois o ritmo engrena, os professores se conhecem e marcam seus concertos. E aí, já começa a preparação para o encerramento”, detalha. Os números demonstram essa evolução. Na semana passada, a média de concertos era de quatro por dia. Esta semana há até 12 apresentações em um único dia.
     
    Ao todo, são 50 professores, incluindo os que vêm de países como Espanha, Estados Unidos, França, Portugal e Venezuela. Dos 800 matriculados no Civebra, 300 são de fora do Distrito Federal. Eles estão alojados gratuitamente em um colégio, ao lado da Escola de Música.
     
    Internet – A inscrição pela internet facilitou o acesso dos alunos que moram fora do Distrito Federal. O uruguaio Miguel Menchaca, por exemplo, ficou sabendo do Civebra e se inscreveu de casa, em Montevidéu. “Acompanho as atividades da Escola de Música pela internet há tempos, o que facilitou muito para mim”, reforça. Menchaca conta que quer se mudar para Brasília para participar de apresentações de quatro óperas, programadas para serem realizadas neste ano.
     
    O músico já conhecia Brasília, mas é calouro no Curso de Verão. Ele estuda canto erudito e, nas comemorações do cinquentenário da capital, apresentou-se no Teatro Nacional Cláudio Santoro, com o espetáculo A Todo Tango. “Somos tratados com muito respeito e carinho aqui. Meu país não tem dinheiro para investir na formação musical, como o Brasil faz. Por isso, é importante ter essa oportunidade”, avalia.
     
    Marinheiro de primeira viagem – e vindo de longe – é o catarinense Diogo Costa, que ficou sabendo do curso pela família. A mãe e o irmão caçula vieram de Florianópolis (SC) para Brasília em 2010. No ano passado, o irmão dele fez o Civebra e, agora, o chamou. “Está sendo sensacional, porque estou aprendendo muita coisa. Quando voltar a Florianópolis, acho que vou realmente estudar música”, diz Diogo, que cursa biologia e aprendeu a tocar bateria e percussão em aulas particulares.
     
    Já o violonista Fernando Costa estudou e se formou em música pela Universidade Federal de Ouro Preto (MG). Ele pode ser considerado veterano do curso: participou em 2009 e no ano passado. “Isso aqui é um retiro musical. Além de estudar, é bom para rever os amigos e fazer novas amizades”, comenta Mineiro, como é conhecido pelos companheiros do Civebra.

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    Foto: Pedro Ventura