O cartunista reforçou a importância de estimular o hábito de leitura nas crianças
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24/04/2012 às 19:01
O cartunista reforçou a importância de estimular o hábito de leitura nas crianças
Thaís Antonio, Agência Brasília
A 1ª Bienal Brasil do Livro e da Leitura encerrou suas atividades com a aguardada homenagem ao cartunista Ziraldo nesta segunda-feira (24). Em cerimônia solene, ele recebeu a escultura símbolo da Bienal das mãos do ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho. Ziraldo entreteve a plateia lotada por mais de 40 minutos e lembrou a importância da leitura na formação das pessoas.
A primeira-dama do Distrito Federal, Ilza Queiroz, divertiu-se com o bom humor do cartunista. “Ziraldo é um encantador da criança que existe dentro de nós”, declarou.
“Ziraldo guardou no peito a criança que foi. Por isso encanta gerações”, enfatizou o secretário de Cultura do DF, Hamilton Pereira, alinhado com a opinião da primeira-dama. “Temos que incorporar a quarta dimensão do desenvolvimento do país, que é a cultura. E a cultura atende por educação”, disse Hamilton Pereira. Ele lembrou a metáfora que usa quando fala da importância de unir cultura e educação. “São anjos de uma asa só, só voam se estiverem abraçados”.
Já o secretário de Educação do DF, Denilson Bento da Costa, lembrou um conselho que recebeu do cartunista e tem usado em casa, com suas duas filhas. “Ziraldo me ensinou que, se você quer criar no seu filho o hábito de ler e de exercitar a memória, dê um diário para ele”, contou. “É interessante como você passa a entender a visão de mundo das crianças. Para nós, adultos, isso tem uma importância muito grande”.
Gilberto Carvalho, que representou a presidenta Dilma Rousseff, destacou o sentimento de criatividade que ele provoca nas crianças, ao entregar a homenagem. “Não tem como mensurar o bem que você fez para a alma desse povo”, disse ao cartunista. O ministro reforçou que o governo federal considera a Bienal um evento de extrema importância para a cidade. “Não tinha melhor jeito de comemorar o aniversário de Brasília”, declarou.
O secretário-chefe da Casa Civil, Swedenberger Barbosa, prestigiou a cerimônia com a família.
Homenagem – Ziraldo foi recepcionado pelo coral Primo Canto, formado por alunos da Escola de Música de Brasília. Todos os meninos e meninas do grupo usavam uma panela na cabeça, em referência ao personagem mais famoso de Ziraldo, o Menino Maluquinho.
Este ano, o cartunista completa seu 80º aniversário. Enquanto fez seu discurso, Ziraldo esbanjou vitalidade e bom humor. Agradeceu a homenagem e brincou: “Eu queria que as pessoas reconhecessem meu esforço, mas não precisava exagerar”.
O cartunista provocou a plateia, fez piadas e deixou a mensagem dele: o Brasil precisa se transformar em um país de leitores. “O mais importante no Brasil é educação. Se você resolve o problema de educação fica mais fácil resolver o problema da saúde, fica mais fácil resolver o problema da segurança”, considerou. “Você não vai ter educação sem leitura. Então, a coisa mais importante do país é a leitura. E para esse tipo de coisa a sociedade precisa participar desse esforço. A gente tem que fazer muito lançamento, muita bienal do livro, muita feira do livro”.
Talento jovem – Débora Simões, de 12 anos, inspirou-se em Ziraldo para escrever seu primeiro livro, uma homenagem à sobrinha Luiza, que morreu logo após nascer. “Gosto do jeito como ele conta as histórias, a forma como ele escreve. Ele sempre deixa uma piada em tudo”, disse Débora. O hábito de leitura vem desde cedo, quando a mãe lia para ela e para a irmã, Mel, de 9 anos. “Eu sempre leio alguma coisa. Quem me conhece sabe: não tem nenhum momento em que eu não estou com um livro na mão. O livro abre as portas da imaginação para coisas novas”, afirmou a jovem escritora.
Débora entregou um exemplar do livro Luiza e as estrelas para o cartunista. Na dedicatória, escreveu: “Meu primeiro livro, com carinho, para Ziraldo”. A mãe, Jane Monteiro, vibrou com o encontro. “Eu era jovem quando assisti a uma palestra de Ziraldo. Nunca imaginei que minhas filhas teriam a mesma oportunidade”. Débora vendeu alguns exemplares do livro dela na Bienal. Agora sonha em vê-lo publicado por uma editora.
A 1ª Bienal Brasil do Livro e da Leitura homenageou, além de Ziraldo, o escritor Wole Soyinka, o primeiro negro a receber o prêmio Nobel de Literatura, em 1986. O nigeriano recebeu a escultura símbolo da Bienal no primeiro dia da feira, também em uma cerimônia solene.