26/04/2012 às 13:50

Seleção de ginástica acrobática volta dos EUA

Grupo com 17 atletas de Brasília se destacou na competição e foi elogiado por países com tradição na modalidade

Por Thaís Antonio


. Foto: Elizabeth Ribeiro

 

A Seleção Brasileira de Ginástica Acrobática retornou dos Estados Unidos nesta terça-feira (24), onde participou do 23º Mundial de Ginástica Acrobática, realizado na Flórida, de 16 a 22 de abril. Na bagagem, o orgulho de ter feito o melhor que podiam e a experiência de ter participado pela primeira vez de uma competição internacional. Por pouco, alguns atletas de Brasília não chegaram à final. A participação dos ginastas do Distrito Federal na competição só foi possível graças a um convênio entre a Secretaria de Esporte e a Federação Brasiliense de Ginástica. O GDF custeou passagens, hospedagem e inscrição. 
 

Os atletas da seleção são, principalmente, moradores de cidades de baixa renda do DF, estudantes de escolas públicas – ou bolsistas em escolas particulares – e integrantes de famílias carentes. O secretário de Esporte, Célio René, acredita que a participação no campeonato é um estímulo para os ginastas. “O bom desempenho dos atletas do DF no mundial e o nível técnico que o Brasil apresentou faz com que os alunos percebam que, com dedicação e garra, é possível ir ainda mais longe e alcançar os melhores resultados”, declarou.
 

A treinadora da equipe do Distrito Federal e professora da Secretaria de Esporte, Márcia Colognese, descreveu o apoio do governo como fundamental. “Sem esse aporte financeiro alguns atletas não conseguiriam ir. E eles não competem sozinhos, competem em duplas e trios”, destacou. A treinadora, que é também técnica da Seleção Brasileira de Ginástica Acrobática, exemplificou a situação de um trio em que duas meninas podiam arcar com a viagem e outra não. “Resumindo, não iria ninguém. Sem o apoio seria impossível. As duplas e os trios são formados por talento e afinidade e não por condição financeira”. 
 

A seleção é composta por 34 atletas, sendo 17 deles do Distrito Federal. Os treinos da equipe começaram em janeiro deste ano e, mesmo com o pouco tempo de trabalho, o Brasil participou bem da competição. Não trouxe nenhuma medalha, mas deixou a competição com gosto de vitória. “Ter chegado até lá com 17 atletas daqui com tão pouco tempo de trabalho é uma vitória. Fizemos o melhor e não fizemos feio. Recebemos convite para outros campeonatos e delegações da China, Rússia e Ucrânia elogiaram o trabalho do Brasil”, contou Márcia. 
 

“Foi um grande aprendizado. Para nós serviu como experiência, para entendermos que temos talento e temos de fazer um trabalho em longo prazo”, contou Márcia. “Os atletas voltaram cheios de energia. Eles tiveram contato com atletas que eles só conheciam em vídeo”. A melhor colocação foi da dupla mista Apolônio de Souza, de 15 anos, e Ana Luiza Costa, 11 anos, que ficou em oitavo lugar na etapa qualificatória. Se houvesse mais países competindo na categoria deles, poderiam ter entrado na final que contou apenas com seis duplas por ter somente 11 países competindo. 
 

Conquista – Depois de chegar tão perto do pódio, Apolônio chegou a acreditar que poderia conquistar uma classificação melhor. Mas voltou ao Brasil realizado com a oportunidade de estar entre os maiores atletas da ginástica mundial. “Quando entrei para a ginástica, não imaginava que meu sonho ia me levar tão longe. Durante o campeonato deu para aprender muita coisa. A gente trouxe novas técnicas para os treinos”, disse. Apolônio teve a chance de ver o ídolo russo Revaz Gurgenidze, a maior inspiração dele na ginástica acrobática. “Desde que comecei na modalidade, comecei a ver os vídeos dele e me inspirei”. 
 

Esta semana não haverá treinos porque os atletas precisam repor aulas, atividades e provas que perderam durante as duas semanas que passaram viajando. Apolônio mal consegue esperar. “Já estou ansioso para voltar a treinar e testar logo as novas técnicas”, disse. Apolônio e os colegas de equipe já têm onde testar o aprendizado do mundial: no dia 5 de maio será realizada a Copa Brasília de Ginástica, que terá competições de ginástica artística, rítmica e acrobática entre alunos da escola da Secretaria de Esporte e dos Centros Olímpicos do DF.

Desempenho – Os ginastas russos dominaram a etapa final da competição, vencendo 7 das 10 competições entre os grupos de 11 a 16 anos e 12 a 19 anos. Nesta última categoria, eles ganharam todas as medalhas de ouro. Os atletas da Grã-Bretanha levaram o resto das medalhas de ouro com vitórias das duplas mistas, duplas masculinas e trios femininos do grupo 11 a 16. “Os russos dominam mesmo. Quando o pódio não ficou com a Rússia, ficou com Ucrânia, Bielorrúsia ou Grã-Bretanha”, contou Márcia. Esses resultados eram esperados. É o que vem acontecendo há muitos anos e é o que vai acontecer ainda por 10 anos. Eles têm escola e tradição e continuam trabalhando para continuarem como potência”.
 

O campeonato é dividido em categorias de 11 a 16 anos, 12 a 19 e mais de 19 anos. Nas duas primeiras categorias, as posições que o atleta ocupa na formação das pirâmides depende da idade que ele tem. Se ele tiver 15 anos, por exemplo, e tiver na categoria 11 a 16, ele será a base, o ginasta que sustenta a pirâmide, e, na 12 a 19, seria o volante, que é a pessoa mais leve, que fica no topo dos movimentos de pirâmide.