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17/06/2012 às 16:47
Em entrevista à AGÊNCIA BRASÍLIA, secretário de Esporte, Célio René, detalha as metas para descobrir talentos, capacitar gestores e promover o esporte amador no Distrito Federal
Construir uma política pública esportiva que fomente a capacitação de novos talentos do esporte local em nível olímpico, recuperar a infraestrutura dos ginásios e capacitar os gestores esportivos, são alguns dos objetivos da Secretaria de Esporte do Distrito Federal.
Como funcionará o programa Rumo ao Pódio?
É um projeto inédito no Distrito Federal e teve 1,5 mil inscritos. Em Brasília, surgiram estrelas mundiais como Joaquim Cruz e Carmem de Oliveira. Porém, sabemos que eles são fruto de talentos individuais, ou deum técnico abnegado que conseguiu desenvolver essa capacidade. Este projeto é diferente, é planejado para que tenhamos atletas do Distrito Federal disputando medalhas nas Olimpíadas de 2020. Em parceria com o Instituto Joaquim Cruz, vamos selecionar 30 atletas, que receberão todas as condições para desenvolver seu talento. Terão uma bolsa de quase R$ 1 mil, vales transporte e alimentação, uma equipe multidisciplinar, laboratórios para a realização de exames, assistência odontológica.
Como serão feitos os repasses aos atletas?
Neste primeiro ano serão investidos, por meio de benefícios fiscais a empresas privadas, R$ 1,4 milhão, que irão diretamente para o Instituto Joaquim Cruz, que o gerenciará em parceria com o Centro Olímpico de Ceilândia. Os programas da Secretaria de Esporte também auxiliarão os atletas a participar das competições.
Há algum público prioritário?
A prioridade é o talento esportivo. O talento não tem um lugar para nascer, pode ser entre o pobre ou o rico.
E por que de 16 a 21 anos?
Este é um trabalho para atletas de fundo e meio-fundo – provas de 800, 1.500 e 10 mil metros. Os atletas, estatisticamente, alcançam sua melhor condição física entre 25 e 28 anos de idade. Ou seja: quem entrou agora neste processo, com 21 anos, terá 28 ou 29 anos em 2020. Portanto, estará no auge para disputar as modalidades de meio-fundo e fundo. Outra referência é o Joaquim Cruz. Ele começou a praticar esporte muito cedo, mas jogava basquete e foi encaminhado para o atletismo. Assim pode acontecer com um garoto que está praticando uma luta, ou voleibol, basquete, e tem talento. Então, ele faz o teste e, se tiver aptidão, trataremos de desenvolvê-la.
Quais outras oportunidades o governo oferece à população?
Nosso desafio é trabalhar uma política pública de desenvolvimento do esporte. Ano passado priorizamos um projeto de massificação, que são os centros olímpicos. Hoje, oferecemos atividades físicas orientadas a quase 30 mil praticantes e colocamos à disposição da comunidade os equipamentos. Este ano, começamos a atuar no projeto de alto rendimento, de estímulo ao talento esportivo. Começamos com o atletismo e a ideia é fazer um modelo de gestão que sirva a outras modalidades. Também trabalhamos, por determinação do governador Agnelo Queiroz, na elaboração da Lei de Incentivo Fiscal Distrital.
Como essa lei vai ajudar atletas a conseguir patrocínio?
É dever constitucional do Estado fomentar o esporte, e, principalmente, o esporte educacional e o de participação. Sozinhos, não conseguimos atender às necessidades. Precisamos da iniciativa privada e das organizações sociais. Para isso, necessitamos investir na capacitação de gestores e de uma legislação que motive a iniciativa privada a entrar nos projetos.
Qual a situação dos centros olímpicos hoje?
Hoje temos nove centros olímpicos em funcionamento, com média de público de 3 mil jovens em cada unidade. Desde o início de maio abrimos os centros olímpicos nos finais de semana. Temos também o projeto de ginástica com a Caixa [Econômica Federal] lá na [Cidade] Estrutural.
Quais têm sido os incentivos destinados ao esporte amador?
O grande projeto da secretaria contemplou, no ano passado, as ligas e futebol amadores. Em 2012, nós o amadurecemos. Já cadastramos os jogos e as empresas que providenciarão as arbitragens, principal necessidade da comunidade. Pretendemos apoiar, já no segundo semestre, mais de 6 mil jogos.
Como Brasília está se preparando para os Jogos de Olímpicos de 2016?
Não é possível fazer um projeto olímpico com apenas um ciclo. Você tem que abranger ao menos dois ciclos olímpicos. Em 2016, os atletas que forem ao Rio serão frutos de iniciativas já em andamento no Distrito Federal. Estudamos a possibilidade de formar uma equipe olímpica em Brasília com quem tem resultados para participar de 2016, porém a nossa meta é 2020.
O que se aprendeu coma disputa pela Universíade?
O projeto Universíade foi muito válido para a nossa comunidade, principalmente porque tivemos a oportunidade de desenvolver um planejamento de recuperação das nossas instalações esportivas. Já estamos trabalhando na revitalização do complexo Ayrton Senna, faremos reformas que servirão para a Copa de 2014, como a do Ginásio Cláudio Coutinho, há mais de 30 anos abandonado. Vamos fazer, ainda, a revitalização do Nilson Nelson. Então, por tudo isso, a Universíade serviu de parâmetro para elaborarmos esse projeto.
Qual o legado que a secretaria pretende construir até 2014?
Estamos trabalhando muito para estabelecermos uma política pública esportiva clara, onde o Estado tenha grande responsabilidade na massificação do esporte. Estamos nos aproximando das escolas, para que a prática esportiva seja assegurada nesses espaços. Também trabalhamos para que nossas legislações fiquem mais apropriadas, mais próximos do que acontece hoje, por exemplo, no Rio de Janeiro e em São Paulo, estados onde há bolsas-atletas de maior valor e onde a lei de incentivo já existe.