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18/06/2012 às 18:28
Arquitetos detalharam as características que tornam ecoarena única candidata a receber certificação máxima de sustentabilidade
Os arquitetos responsáveis pelo projeto de sustentabilidade do Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha, Vicente Castro Mello e Ian McKee, apresentaram na conferência Rio+20, na tarde do último sábado (16), a palestra “Copa Verde, uma palavra só”. A dupla mostrou as contribuições oferecidas a partir da ecoarena de Brasília ao movimento que pretende garantir que os eventos esportivos mundiais sejam realizados de forma sustentável.
O projeto Copa Verde visa a incentivar construções sustentáveis com abrangência mundial e transformar o Brasil em uma Economia Verde do futuro. “O Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha está buscando a certificação Leed Platinum, nunca alcançada por outro estádio no mundo. É um modelo de construção que contempla o ecológico, o social e o econômico”, explicou Ian McKee.
Durante a palestra, os arquitetos destacaram a importância da manutenção e do uso do espaço para garantir a sustentabilidade. “Quanto mais o equipamento for utilizado, mais rápido será o seu retorno sobre o investimento em tecnologia e em estratégias implementadas em prol da construção verde”, argumentou Ian McKee. “Nosso sonho é dar fim à realidade de estádios que sofrem com a falta de manutenção e, assim, criar um novo centro de entretenimento para a comunidade”.
A dupla destacou ainda o retorno indireto que o estádio proporcionará à economia local, por meio da atração de turistas para Brasília e, consequentemente, pelo aquecimento de setores de serviços, como bares, restaurantes e hotéis.
A palestra fez parte da conferência Greening the Games (em português, algo como transformando os jogos em sustentáveis), organizada pelo órgão internacional United States Green Building Council (US GBC) junto com o GBC Brasil, para tratar das construções sustentáveis para a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos.
Sustentabilidade – O Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha vai ser o primeiro grande estádio solar do mundo. Ele poderá gerar energia suficiente para suprir todo seu consumo e ainda gerar excedente. “O Brasil vai liderar o movimento de estádios que utilizam energia renovável”, destacou Ian McKee. “Esperamos que o exemplo seja seguido nas futuras Copas do Mundo”. A ecoarena será capaz de gerar 3,5 milhões de kWh por ano, o equivalente ao abastecimento de 2 mil residências por dia.
O paisagismo do estádio será executado com espécies de vegetação nativa para evitar a necessidade de irrigação e, assim, diminuir o consumo de água. A água da chuva será captada e armazenada em cisternas e em uma lagoa natural e será usada para irrigar o gramado.
O revestimento da cobertura será executado com membrana de tecido revestido de politetrafluoretileno (PTFE) com Dióxido de titânio (TiO2), que é uma combinação de fibra de vidro (material base) revestido de PTFE com tratamento fotocatalítico sobre a superfície. Além de liberar a passagem de iluminação natural o tecido tem maior reflexão dos raios solares, reduzindo o calor interno e, consequentemente, a necessidade do uso de ar condicionado ou outro tipo de ventilação artificial.
A composição da cobertura ainda torna o ar significativamente mais puro pela decomposição de óxidos de nitrogênio (NOx) contidos na atmosfera, provenientes de gases emitidos por veículos e outras fontes. O volume de remoção de NOx pela cobertura do Estádio Nacional será equivalente a retirar 104 automóveis ou 75 caminhões das ruas a cada hora que o sol estiver refletindo.
A ecoarena terá 3.348 vagas para bicicleta no sistema Bike Vallet, que consiste em uma espécie de chapelaria em que o ciclista entrega a bicicleta para um funcionário e recebe um ticket numerado para retirá-la na saída do evento. Serão duas estações: uma dentro do estádio, com 848 vagas e outra do lado de fora, com 2,5 mil. Os usuários do transporte alternativo não precisarão levar cadeados para prender suas bicicletas, que ficarão penduradas em suportes apropriados dentro do Bike Vallet.
Seguindo o conceito de arena verde, a construção do estádio utiliza materiais recicláveis ou reciclados. Tudo o que saiu do antigo estádio foi reaproveitado na própria obra ou distribuído para cooperativas de reciclagem do Distrito Federal.
A responsabilidade social com os operários garantiu que o estádio obtivesse, este ano, o certificado SA 8000 (Social AccountAbility 8000). O selo atesta a aplicação de práticas sociais do emprego e foi criado com base nas normas da Organização Internacional do Trabalho (OIT), na Declaração Universal dos Direitos Humanos e na Declaração Universal dos Direitos da Criança da Organização das Nações Unidas.
Rio+20 – Os diferentes aspectos de sustentabilidade e as modernas tecnologias verdes do Estádio Nacional são o cartão de visita do Distrito Federal durante a Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável.
Inspirado na arrojada arquitetura da arena, o stand localizado no Parque dos Atletas apresenta detalhes do projeto além das práticas de sustentabilidade desenvolvidas nos diversos órgãos do GDF. Os visitantes podem ver de perto a maquete oficial do estádio, além de realizar o plantio de mudas nativas do cerrado nos parques do DF, por meio do software do projeto “Plante uma Árvore”.