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23/06/2012 às 15:08
Espetáculos já foram vistos por mais de 12 mil pessoas. Neste fim de semana, a ópera Carmen está em cartaz
Desde 25 de maio, o palco da sala Villa-Lobos do Teatro Nacional Cláudio Santoro tem exibido montagens locais de óperas internacionais. Os espetáculos fazem parte da programação do II Festival de Ópera de Brasília, realizado pela Secretaria de Cultura do DF. Ao todo, mais de 12 mil pessoas compareceram ao teatro, que ficou lotado nas oito apresentações já realizadas. Este fim de semana é a última oportunidade para quem quer apreciar uma das óperas. Está em cartaz Carmen, do compositor francês George Bizet, de graça.
Nas óperas, além da participação de solistas e intérpretes, a orquestra é acompanhada por um coral brasiliense de 60 vozes, formado por adultos e crianças, montado especialmente para o festival. A plateia já teve a oportunidade de assistir às óperas La Bohème, de Giacomo Puccini, e Cavalleria Rusticana, de Pietro Mascagni. Desde quinta-feira, 21 de junho, a Villa-Lobos está com a ópera Carmen em cartaz.
Sob a direção do maestro e regente da Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional (OSTNCS), Claudio Cohen, o festival tem como homenageada a especialista em ópera Asta-Rose Alcaide, que mora em Brasília e completou 90 anos em maio de 2012.
O público superou a expectativa inicial da organização do festival, que previa que 10 mil pessoas assistissem aos três espetáculos. Ao todo, contando com a apresentação de sexta-feira (22), mais de 12 mil pessoas já viram as óperas. Outras 3 mil pessoas ainda devem assistir à Carmen hoje e domingo. “Os números mostram que Brasília tem vocação para ópera. O que chamou a atenção é que tem muitos jovens. Tem sido um programa familiar muito bacana”, afirmou o diretor-executivo da OSTNCS, Marconi Scarinci.
Dezenas de pessoas que chegaram em cima da hora não conseguiram assistir à apresentação desta sexta-feira (22), mesmo após a produção disponibilizar cadeiras extras. O estudante Leandro Weder, de 23 anos, chegou às 19h e conseguiu entrar com a irmã Pollyana e o amigo Wedson Coelho, todos moradores de São Sebastião. “Vim ao I Festival de Ópera, no ano passado e, agora, consegui assistir a todas as apresentações. Carmen foi a que eu mais gostei, porque tem muita dança. É diferente”, comentou Leandro. Para o também estudante Wedson, 23, a entrada franca foi fundamental para o sucesso de público do evento. “Se fosse cobrado ingresso, acho que não daria tanta gente.”
A vocação se desenhou já no projeto do inicial do teatro nacional, quando o arquiteto Oscar Niemeyer chamou o local de Casa da Ópera do Brasil e incluiu nas instalações da Villa-Lobos um fosso e vários camarins. “A sala é muito preparada para receber ópera”, explicou Scarinci. “Há, hoje em dia, uma carência dessa cultura mais elaborada. A 1ª Bienal Brasil do Livro e da Leitura do DF mostrou isso. As pessoas querem cultura e arte. É ópera é arte em sua totalidade”, completou.
Geração de emprego – O festival emprega 200 pessoas diretamente, entre coro, bailarinos, produção, costureiras, marceneiro, serralheiros, entre outros. Cenários e figurinos foram produzidos em Brasília. “Não se trata apenas do evento em si, mas de todo um processo que envolve pessoas para sair do papel. Todo mundo que está envolvido no festival está se sentindo muito gratificado por fazer história”, destaca Scarinci. “Colocamos Brasília no circuito da opera do Brasil, junto com Manaus e Curitiba. O festival veio para ficar. É um legado desse governo para a cidade”. A primeira edição do evento foi realizada em 2011.
Homenagem – A homenageada do festival, Asta-Rose Alcaide, é especialista em ópera. Ela foi a todas as apresentações do evento e considera a iniciativa do maestro Claudio Cohen “corajosa”. “Tem sido muito bom. Não só para o público que tem aplaudido, mas para os cantores, pela experiência”, destacou Asta-Rose. “Estivemos em Brasília vários anos sem ópera, o que foi uma pena do ponto de vista cultural porque as pessoas desabituaram a assistir a esse tipo de espetáculo”. Para ela, o festival democratiza o acesso à cultura. “Uma ópera engloba uma quantidade de aspectos da cultura que só pode enriquecer as pessoas que a assistem.”
Asta-Rose Alcaide nasceu em Santa Catarina, em 20 de maio de 1922. Desde criança sempre gostou de música, principalmente clássica, e de dançar. Quando adolescente, foi para São Paulo, onde chegou a compor o Corpo de Baile da cidade, no Teatro Municipal. Foi aí que entrou no mundo da ópera. Chegou a casar-se com um tenor português, Tomaz Alcaide. Morou na Argentina e na Europa, acompanhando o marido e aprendendo cada vez mais sobre o assunto.
Em 1974, a embaixada americana convidou-a para ser assessora cultural em Brasília. Na cidade, criou a Associação Ópera Brasília, com o objetivo de divulgar a arte lírica. Em 1983 surgiu o convite para trabalhar com óperas no teatro nacional. Na primeira ópera de que participou, trabalhou no planejamento, figurinos e cenário. Chegou a atuar em parceria com os maestros Cláudio Santoro e Silvio Barbato. (Colaborou Victor Ribeiro)
Serviço:
II Festival de Ópera de Brasília
Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Claudio Santoro
Direção Geral: Maestro Claudio Cohen
Duração: 3h15, com três intervalos de 15 minutos
Horários: sábado, às 20h, e domingo, às 17h
Local: Sala Villa-Lobos, Teatro Nacional Claudio Santoro
Entrada: Entrada franca mediante ordem de chegada
Informações: 3325-6239
Baixe essas e outras fotos do II Festival de Ópera de Brasília no nosso álbum no Flickr.