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08/07/2012 às 12:25, atualizado em 17/05/2016 às 14:24
Presidente da companhia, Rubem Fonseca, conta à AGÊNCIA BRASÍLIA como tem conseguido recuperar as contas e a credibilidade da empresa
Desde o fim de 2011, a Companhia Energética de Brasília (CEB) distribui entre moradores das comunidades mais carentes do Distrito Federal geladeiras de baixo consumo e lâmpadas eficientes. Até a primeira semana de julho, já foram entregues 6 mil geladeiras e 280 mil lâmpadas. Batizada de Cidadania com Energia, a iniciativa envolve ainda a regularização do fornecimento de energia às residências dessas localidades e a instalação de postes e luminárias nas vias públicas.
O programa representa também um alívio para o sistema elétrico que abastece o Distrito Federal. Para se integrarem ao Cidadania com Energia, muitas famílias se regularizam na CEB. Deixam de fazer gatos ou gambiarras e se tornam usuárias legais, com registro de consumo individual e conta de luz.
A popularidade da iniciativa é um dos vários sinais da guinada da empresa, que, até o começo do governo de Agnelo Queiroz, colecionava críticas e dívidas. Outra evidência incontestável foi a aprovação, no fim de abril, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para o empréstimo de R$ 604 milhões. Solicitado pelo Governo do Distrito Federal, o recurso vai permitir que a CEB tenha condições de refinanciar sua dívida, que chega a R$ 877 milhões, e melhorar o sistema e a prestação do serviço à população.
Destacado para recuperar as contas e a credibilidade da companhia, o engenheiro Rubem Fonseca conta à AGÊNCIA BRASÍLIA as medidas adotadas para colocar a CEB nos trilhos.
O programa Cidadania com Energia é, hoje, o de maior visibilidade da empresa. Como ele funciona?
O programa chega até as comunidades que vivem com ligações irregulares, na gambiarra ou no escuro, correndo risco de morte com choques ou incêndios. A CEB chega para colocar uma rede definitiva de qualidade, tira as gambiarras e instala os medidores de energia. Ao mesmo tempo, nós iluminamos as ruas. Também entramos com o programa de eficiência energética. Trocamos todas as lâmpadas incandescentes por lâmpadas eficientes, e as geladeiras de alto consumo por geladeiras eficientes que doamos.
Qual é a efetividade do programa para a empresa?
O cidadão diminui o pagamento de sua conta. Além disso, todas as pessoas que têm direito ao NIS (Número de Identificação Social), podem obter até 65% de abatimento em sua conta. É um programa de forte conteúdo social que, ao mesmo tempo, alivia nossas redes. Nós já distribuímos 6 mil geladeiras em todo o Distrito Federal e 280 mil lâmpadas.
A CEB já prepara a segunda fase do Cidadania com Energia? Quantas geladeiras e lâmpadas serão entregues nela?
Na primeira etapa nós vamos chegar a 8.100 geladeiras e 330 mil lâmpadas, que serão distribuídas em até 45 dias. Isso representa uma economia igual ao consumo de energia mensal de uma cidade como Planaltina. Junto com a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), definimos uma segunda etapa, que deverá iniciar em setembro com a distribuição de 25 mil geladeiras. Hoje podemos dizer que estamos otimistas sobre a recuperação efetiva do sistema elétrico.
Descreva a situação da companhia assim que a assumiu.
Não é novidade que nós recebemos a CEB numa situação muito difícil: uma dívida de R$ 877 milhões, o sistema elétrico totalmente sucateado, dez anos com baixo investimento, as redes sobrecarregadas, as estações funcionando acima do limite, a liderança da lista de empresas que mais receberam multas da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) – R$ 57 milhões – e uma frota de veículos totalmente sucateada. Enfim, não faltavam problemas quando assumimos a CEB. Destruíram financeiramente a companhia, mas ela é uma empresa economicamente vigorosa.
Qual foi a política definida para o fortalecimento da empresa?
Abandonaram a CEB durante dez anos, mas o governador Agnelo Queiroz definiu como prioridade a sua recuperação e está dando todo o apoio a esse projeto. Nós recebemos a CEB com o balanço de 2010 apontando um prejuízo de R$ 32 milhões. Em 2011, nós reduzimos esse déficit para R$ 3 milhões e, no primeiro trimestre de 2012, nós apresentamos um lucro de R$ 15 milhões. Isso já é um esforço enorme, saímos do vermelho, e hoje a CEB está em plena recuperação.
Destaque as principais ações para a recuperação da CEB.
Há R$ 130 milhões investidos em obras. Nos próximos três meses, as mais importantes delas deverão ser entregues à população. Podemos afirmar que a população sentirá os primeiros efeitos da melhoria no sistema. Vamos garantir energia segura durante a Copa das Confederações e um serviço melhor ainda na Copa do Mundo em 2014.
Qual foi o investimento em iluminação pública na sua gestão?
Nós investimos, em 2011, aproximadamente R$ 30 milhões em iluminação pública. Só em Planaltina, foram aplicados aproximadamente R$ 3 milhões. Oferecer iluminação pública é garantir, principalmente, segurança à população.
A empresa está sendo submetida à revisão tarifária. Explique a finalidade desse processo e como ele pode atingir o consumidor.
A CEB é uma distribuidora de energia. Ela compra energia de Furnas, de Itaipu, de Lajeado e de Corumbá. Para receber e distribuir essa carga que vem das usinas, há um grandioso sistema. Tudo isso tem um alto custo que, regularmente, é atualizado. A Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) faz o levantamento de todos esses custos e nos dá um percentual de atualização da tarifa. As pessoas confundem com um aumento, mas não é. Trata-se de uma atualização que é repassada para a tarifa, já que a companhia não pode, infelizmente, arcar com ela sozinha. Caso contrário, torna-se obsoleta e sem recursos para fazer investimentos.