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10/07/2012 às 23:23
Prestar assistência jurídica e assegurar aos moradores de rua o acesso às políticas públicas
A Defensoria Pública do Distrito Federal (DPDF) começou a colocar em prática nesta semana o projeto itinerante de atendimento jurídico-social voltado à população em situação de rua. Uma pesquisa realizada pela Universidade de Brasília (UnB) localizou no Distrito Federal cerca de 2,5 mil pessoas nessa condição.
Construída em parceria com a Secretaria de Desenvolvimento Social e Transferência de Renda (Sedest) e o Movimento Nacional de População de Rua (MNPR), a primeira ação do programa aconteceu nesta segunda-feira (9), na Asa Norte e em Ceilândia.
A Defensoria Pública, por meio do Departamento de Atividade Psicossocial (DAP), vai viabilizar o atendimento aos moradores de rua nos locais indicados por um mapeamento elaborado pelo Núcleo Especializado de Abordagem Social em Espaços Públicos (Nuaso).
Uma equipe multidisciplinar composta por defensores públicos, psicólogos e assistentes sociais, a bordo de uma van, presta o serviço itinerante. O projeto vai assegurar aos moradores de rua o acesso às políticas públicas de saúde, de educação, de assistência social, de trabalho, de renda, de moradia, de cultura, de esporte e de lazer. Haverá, também, assistência jurídica e disponibilização de mecanismos de acesso a direitos, além de expedição de documentos básicos.
A proposta é estruturada em três eixos centrais: a garantia dos direitos; o resgate da autoestima; e a reorganização dos projetos de vida.
Em entrevista à AGÊNCIA BRASÍLIA, o defensor público geral do Distrito Federal, Jairo Lourenço de Almeida, deu detalhes sobre o projeto permanente.
ENTREVISTA: Jairo Lourenço de Almeida, defensor público geral do DF |
Como surgiu a ideia desse projeto? Esse trabalho segue a orientação política do governador Agnelo de erradicar a pobreza extrema no Distrito Federal. Então, a partir dessa orientação e tendo em vista a pesquisa realizada pela UnB, detectou-se que temos em Brasília mais ou menos 2,5 mil pessoas em situação de rua ou morando na rua. É um contingente considerável de população que está abaixo da linha da pobreza. Com esses dados, construímos uma parceria com a Sedest para atuarmos conjuntamente.
Na prática, como o funcionará esse atendimento jurídico? A Defensoria Pública adquiriu uma van que funciona como um escritório itinerante. A nossa intenção é levar conhecimento à população de rua e despertar nela um processo de autonomia própria, para que ela busque o serviço público. Nesse veículo, a gente faz o cadastramento e verifica que tipo de encaminhamento o Estado vai dar às pessoas.
De que forma é feita a abordagem aos moradores em situação de rua. Em um primeiro momento, a gente quer discutir, levar conhecimento e falar dos direitos e de como acessar as políticas sociais do governo. Damos o encaminhamento aos problemas detectados, como o de falta de documentação e o de acesso à saúde. Outro exemplo é o encaminhamento para Centros de Atenção Psicossocial – CAPS – e depois, se for a vontade dessas pessoas, podemos levá-las a comunidades terapêuticas.
E as pessoas abordadas sempre concordam em ser ajudadas? Essa é uma ação permanente. Temos uma equipe de psicólogos e assistentes sociais que dialogam com essas pessoas. Queremos criar uma relação de confiança com eles e incentivá-los a sair dessa situação – muitas vezes eles não querem sair. Ontem, nós fizemos esse atendimento na Asa Norte e em Ceilândia. Amanhã, teremos uma reunião para fazer um planejamento a fim de definir o cronograma dos próximos dois meses. Só vamos a locais previamente mapeados.
Quais foram as dificuldades encontradas em campo? Estamos em diálogo com a Polícia Civil para resolver o problema da expedição de documentos e de reconhecimento de paternidade. É um trabalho muito bem estruturado pelo Governo do DF. Não conheço nenhum trabalho em outro estado nesse formato. Acredito que seja uma iniciativa pioneira no Brasil. |
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