19/08/2012 às 13:25, atualizado em 17/05/2016 às 14:19

Referência nacional

Em entrevista à AGÊNCIA BRASÍLIA, secretário de Saúde do DF, Rafael Barbosa, aponta avanços e antecipa medidas para a área, que é uma das prioridades da atual gestão

Por Da Redação

Antes mesmo de tomar posse, o governador Agnelo Queiroz definiu algumas áreas prioritárias para sua gestão. Entre elas está a Saúde. Nos primeiros dias de governo, ele e o secretário da Pasta, Rafael Barbosa, inspecionaram todos os hospitais públicos do DF e encontraram uma situação caótica, que incluía contratos vencidos para manutenção de elevadores e coleta de lixo, falta de pessoal e de equipamentos, além de problemas de infraestrutura. Agnelo Queiroz decretou estado de calamidade pública na Saúde do DF.

No último um ano e meio, foram chamados mais de 6 mil profissionais de saúde selecionados por meio de concurso público. Os hospitais foram reformados e receberam novos equipamentos. Para agilizar o atendimento, foi implantado um sistema de prontuários eletrônicos. Além disso, novas unidades abriram suas portas ao público.

Outra conquista para a população foi a retomada dos transplantes de órgãos, que praticamente não existiam mais na rede pública. Em pouco mais de um ano, o Distrito Federal tornou-se referência para transplantes de coração (hoje é líder nacional nesse tipo de procedimento), fígado, rim e córnea.

Nesta entrevista à AGÊNCIA BRASÍLIA, o secretário Rafael Barbosa detalha as melhorias e explica o que ainda será feito para melhorar a gestão e o atendimento na Saúde Pública do DF.


Quando assumiu o governo, Agnelo Queiroz encontrou uma situação caótica em diversas áreas do GDF, entre elas a Saúde. Ele anunciou que até o fim do seu mandato queria que o DF se tornasse referência regional em transplantes. Hoje o DF lidera os transplantes de coração e está entre as primeiras unidades federativas que mais realizam transplantes de fígado, rim e córnea. Como foi o trabalho para que essa meta fosse atingida em apenas um ano e meio?

Essa meta já foi alcançada antes mesmo do fim do mandato. Desde o primeiro dia deste governo, temos dado prioridade a essa questão. O primeiro passo foi buscar o credenciamento de alguns tipos de transplantes junto ao SUS [Sistema Único de Saúde]. Há alguns anos, o DF havia perdido a autorização para transplantar rim e fígado, por exemplo. Com a retomada desse credenciamento, investimos na nossa Central de Captação, que é uma das mais eficientes do país. Como parte desse trabalho, também passamos a disponibilizar na internet os formulários de autorização de doação de órgãos. Isso tem dado agilidade a todo processo. O resultado está aí: hoje o DF é líder nacional em transplantes de coração; segundo lugar em córneas; quarto em rim; e quinto em fígado. A nossa meta é trazer pra cá, nos próximos meses, o transplante de pulmão e o de medula óssea – que atualmente é feito apenas em dois locais no Brasil.

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, destacou o papel do GDF no aumento do número de transplantes no Centro-Oeste e também no Brasil. Como estão as parcerias com o governo federal?

As parcerias entre o GDF e o Ministério da Saúde são constantes. Não apenas nessa área de transplantes, mas em todos os setores. Recentemente tivemos a inauguração do Centro Neurocardivascular do Hospital de Base. É um local para atendimento a pacientes que chegam na emergência e que precisam de atenção especializada. A obra foi feita em parceria com o governo federal. Outra ação importante foi a assinatura do convênio QualiSUS REDE, que vai possibilitar ao DF investir em melhorias na rede de saúde para atendimento a pacientes do Entorno. Estamos, portanto, em sintonia com a política do Ministério da Saúde e temos aproveitado ao máximo o que tem sido oferecido ao DF.

O DF também é referência em amamentação com seu banco de leite. Como funciona?

O nosso sistema de Banco de Leite Humano é referência mundial. Desde que assumimos a Secretaria de Saúde, já inauguramos duas unidades de coleta. E até o fim do ano serão mais dois bancos de leite – um em Ceilândia, outro em Sobradinho. O resultado disso já é notável: no primeiro semestre deste ano, foram coletados quase 9 mil litros de leite humano. Mil litros a mais que no mesmo período do ano passado. E mais importante é destacar que esse leite tem ajudado centenas de crianças internadas na rede pública.

Já que falamos sobre ser referência, vamos lembrar que os hospitais do DF são procurados por moradores do Entorno e até de localidades mais distantes, como dos estados da Bahia e Tocantins, por exemplo. Como a rede pública tem se estruturado para isso?

Em primeiro lugar é preciso deixar claro que nós jamais vamos negar atendimento a essas pessoas. O sistema público de saúde é único, universal, e todos terão acesso. Nós defendemos isso. Mas, claro, para que possamos oferecer um serviço de qualidade é preciso ter recurso. Recentemente, por meio de um acordo com o Ministério da Saúde, conseguimos isso. O DF receberá incentivo do governo federal para que possamos preparar a rede daqui para atender, principalmente, os casos mais complexos vindos do Entorno. Por outro lado, também há previsão de repasse de recursos para Goiás e Minas Gerais para que esses estados estruturem a atenção primária e a rede de pequenas emergências, por meio de 11 Unidades de Pronto-Atendimento. Acreditamos que, com isso, nossa rede vai desafogar. Teremos, assim, condição de dar mais atenção aos pacientes que precisam.

Como a Saúde do DF está se preparando para a Copa do Mundo de 2014?

Praticamente todos os investimentos que temos feito para reestruturar a rede pública de saúde, de uma forma ou de outra, vão impactar em melhor atendimento durante a Copa do Mundo. A reformulação do sistema de atenção primária, por exemplo, vai desafogar as emergências. E o turista, caso precise de atendimento nos hospitais, não terá problemas. Quanto a obras, a meta é inaugurar, até os jogos, uma UPA no Plano Piloto. Essa unidade seria responsável pelo atendimento às emergências mais simples. Já o Hospital do Trauma, que deve ser construído anexo ao Hospital de Base, ficaria com casos mais complexos, como vítimas de acidentes.

O senhor poderia antecipar que outras conquistas na área de Saúde o brasiliense poderá comemorar ainda este ano?

Existem vários projetos em andamento. Até o mês que vem, mais duas UPAs estarão funcionando – em São Sebastião e no Núcleo Bandeirante. Também vamos entregar para a população outras Clínicas da Família. A próxima será no Areal, no dia 4 de setembro. Dentro do projeto “Saúde Móvel”, teremos mais uma Carreta da Mulher – que já realizou mais de 13 mil exames em 10 regiões administrativas. Contaremos, ainda, com investimentos na área de Saúde Bucal, com a implantação do projeto Brasil Sorridente – que prevê aumento de 260% no número de equipes odontológicas. Hoje, são apenas 23 núcleos. O Samu terá uma nova sede. Além, claro, da ampliação do número de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Quando assumimos o governo, tínhamos 206 leitos próprios na rede pública. Hoje já temos 343 e, até dezembro, devemos chegar a 423 leitos. Enfim, vamos fazer em dois anos o que foi feito em 50 anos. Aliás, é isso que temos feito em todos os setores da Saúde: investimento focado em resultados, porque pegamos uma Saúde sucateada. Desde o primeiro dia deste governo, com a implantação do Comitê de Gestão de Crise, procuramos ampliar e restabelecer serviços. Tudo isso com planejamento para que a população não sofra no futuro. O bom é ver que os resultados começam a aparecer. Os cidadãos têm notado que a Saúde passou por mudanças, mudanças estas pra melhor.