04/09/2012 às 22:01, atualizado em 12/05/2016 às 17:54

Maternidade diminui entre jovens

Planejamento familiar e maior acesso aos estudos e ao mercado de trabalho fazem com que mais mulheres escolham ter filhos apenas a partir dos 30 anos

Por Da Redação


. Foto: Mary Leal

Levantamento da Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan) divulgado nesta terça-feira (4) mostra que as mulheres estão optando por ter filhos cada vez mais tarde. O estudo Evolução da Fecundidade no DF, com dados do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos do Datasus, do Ministério da Saúde, constatou que, entre 2000 e 2010, o número de filhos de mulheres entre 15 e 24 anos caiu 27,7%, enquanto houve aumento de maternidade na faixa etária de 30 a 40 anos. 

O estudo mostra que, de 2000 a 2010, o número de nascidos vivos com mães entre 15 e 19 anos reduziu de 9.232 para 5.753 no DF. De 20 a 24 anos, diminuiu de 15.075 para 10.496. O maior acesso aos estudos por parte das mães, a difusão das informações sobre métodos anticoncepcionais, o planejamento familiar e a inserção das mulheres no mercado de trabalho são alguns dos principais fatores apontados para a redução da taxa de fecundidade nas mulheres mais jovens, e aumento do índice entre as com mais de 30 anos.

“As mulheres têm estudado mais no DF, e a priorização ao estudo e à atividade profissional as tem levado a adiar a maternidade, de tal forma que hoje prevalece a maternidade a partir dos 30 anos”, explicou o presidente da Codeplan, Júlio Miragaya. “É uma tendência geral no país, e no DF isso é muito forte em função da inserção delas no mercado de trabalho e da escolarização”, completou.

Mais da metade das mães do DF, no período avaliado pelo estudo, são mulheres entre 20 e 29 anos. O maior aumento na década, de 15,7% para 22,2%, no entanto, são de filhos de mulheres entre 30 a 34 anos. O número de nascidos vivos com mães entre 30 e 34 anos cresceu de 7.459 em 2000 para 9.799 em 2010. Das mulheres com 35 a 39 anos, aumentou de 3.140 para 4.889 a quantidade de nascidos vivos.

Além disso, apesar de pequeno, o volume de nascimentos de filhos com mães acima de 40 anos aumentou, chegando a mais de 90% entre 2000 e 2010. “A medicina melhorou a ponto de ser mais seguro para essas mulheres terem filhos, por isso essa faixa cresceu”, informou a responsável pelo estudo, a demógrafa Ana Boccucci.

Menor média – O Distrito Federal apresentou a menor taxa de fecundidade do país, com uma média de 1,74 filho por mãe, enquanto o registro nacional foi de 1,82. Para o presidente da Codeplan, Júlio Miragaya, uma das consequências poderá ser a escassez, a curto prazo, de jovens no mercado de trabalho, além da relação de poucas pessoas trabalhando para sustentar um elevado número de pessoas aposentadas. 

“Temos uma baixa taxa de fecundidade, mas um grande fluxo migratório de pessoas do Entorno. No somatório, isso propicia que nosso crescimento demográfico seja quase duas vezes acima da média nacional”, comentou Miragaya. A população do DF cresceu 29,6% nos últimos 12 anos, de acordo com a estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Cesárea – O estudo apontou ainda a preferência pelo parto cesáreo entre as mães acima dos 30 anos, por ser o mais indicado às mulheres com mais idade. Em contrapartida, o parto natural entre as mulheres de 15 a 29 anos é o mais comum, embora a opção pelo parto cesáreo venha crescendo nessa faixa etária.

Para a estatística e demógrafa do Departamento de Estatística da Universidade de Brasília (UnB), Ana Maria Nogales Vasconcelos, “o parto cesáreo também é uma tendência nacional que o DF está seguindo, mas só deveria ser feito quando necessário, em casos específicos”, comentou.