Era uma vez eu, Verônica foi o melhor longa de ficção para o público e para o júri especializado, que também premiou Eles voltam

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25/09/2012 às 10:57

45º Festival de Brasília consagra filmes pernambucanos

Era uma vez eu, Verônica foi o melhor longa de ficção para o público e para o júri especializado, que também premiou Eles voltam

Por Victor Ribeiro, da Agência Brasília


. Foto: Mary Leal

O frevo foi a trilha sonora do 45º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. A produção pernambucana Era uma vez eu, Verônica conquistou o troféu Candango de melhor longa de ficção segundo o júri popular e dividiu com Eles voltam, também de Pernambuco, a preferência do júri oficial. A entrega das estatuetas ocorreu na noite desta segunda-feira (24) e distribuiu, além dos troféus, R$ 635 mil em prêmios. De acordo com a organização do festival, 25 mil pessoas assistiram aos longas e curtas-metragens exibidos durante uma semana.

Para Marcelo Gomes, diretor de Era uma vez, Verônica, o prêmio mostra que o cinema brasileiro está se renovando. “É uma forma de refletir sobre como é viver fora do eixo Rio-São Paulo. O Brasil não é uma Via Dutra. A gente tem o desejo de mostrar nossa própria cultura, nosso sotaque”, destacou. “O grande desafio agora é atingir as salas de cinema no Brasil todo. A gente precisa formar plateias. Espero que Verônica tire o Batman de cartaz”, desafiou o cineasta.

O filme revela as reflexões de Verônica, médica recém-formada, que passa por um momento de incertezas. Ela questiona não só as suas escolhas profissionais, mas também suas relações mais íntimas e até mesmo sua capacidade de lidar com a vida.

Sobre o empate com Eles voltam no prêmio do júri especializado, Gomes afirmou que “é maravilhoso dividir o prêmio com pessoas que estão no primeiro longa”. O diretor de Eles voltam, Marcelo Lordello, acredita que o trabalho ainda está começando. “Ainda há muito a ser feito. Vamos continuar fazendo um cinema que toque as pessoas”, declarou ao pedir licença para comemorar a vitória com a família.

O longa conta a história de Cris, 12 anos, e seu irmão mais velho, que são deixados na beira da estrada pelos pais. Em pouco tempo percebem que o castigo vem a se tornar um desafio ainda maior. Um caminho feito de encontros, em que realidades distintas serão seus guias.

Com Maria Luiza Tavares, Eles voltam faturou o Candango de melhor atriz, enquanto a atuação de Elayne de Moura rendeu ao filme o prêmio de melhor atriz coadjuvante. Para a Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abracine), Eles voltam também foi o melhor longa-metragem de ficção. Já Era uma vez eu, Verônica volta para Pernambuco levando na mala os troféus de melhor ator coadjuvante, para W. J. Solha; trilha sonora, com músicas de Tomaz Alves Souza e da nova sensação dos críticos musicais, Karina Buhr; roteiro e fotografia.

Nos curtas de ficção, tanto o júri popular quanto os críticos da Abracine consideraram A mão que afaga o melhor filme. Vestido de Laerte ficou com os prêmios do júri oficial e de direção de arte. Eu nunca deveria ter voltado levou melhor direção, ator (Everaldo Pontes) e trilha sonora. Canção para minha irmã teve a melhor fotografia. Menino peixe ficou com o melhor som.

O melhor curta-metragem de animação para o júri popular foi O gigante e, para o júri oficial, Valquíria. Os jurados sugeriram, em mensagem aos organizadores, que, nas próximas edições do Festival de Brasília, as animações disputem as categorias principais de curta e longa-metragem. A justificativa é que as produções têm melhorado significativamente nos últimos anos. O público aplaudiu a ideia.

Documentários – Na categoria de longas-metragens documentários, Petra Costa recebeu o prêmio de melhor direção por Elena, considerado o melhor pelo júri popular e a produção com melhor direção de arte. Otto, o melhor para o júri oficial, levou ainda o Candango por fotografia, som e trilha sonora. O prêmio especial do júri ficou com Um filme para Dirceu.

Entre os documentários em curta-metragem, A onda traz, o vento leva teve a melhor montagem. A cidade levou os troféus Candango por melhores direção, som e fotografia. A melhor trilha sonora e direção de arte ficou com A guerra dos gibis, que conquistou o júri oficial e foi o melhor filme da categoria. Para o júri popular, A ditadura da especulação foi o melhor documentário em curta-metragem.

Mostra BrasíliaMeu amigo Nietzsche foi o grande vencedor da Mostra Brasília, com filmes premiados pela Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF). Filmado na Cidade Estrutural, o curta mostra o desafio enfrentado pelo estudante Lucas, que encontra um exemplar de Assim falou Zaratustra, obra-prima de Nietzsche, no lixão. A meta é compreender a mensagem transmitida pelo filósofo alemão em seu livro.

O filme, melhor curta-metragem pelo júri popular e pelo júri oficial, levou ainda melhor direção (Fáuston da Silva) e roteiro. Sob o signo da poesia foi o melhor longa para o júri popular e Parece que existo conquistou o júri oficial da Mostra Brasília.

Nas categorias técnicas foram agraciados Parece que existo (trilha sonora), Zé do Pedal, acima da terra e abaixo do céu (captação de som direto), Vida Kalunga (edição de som e fotografia), A caroneira (direção de arte) e Jangada de raiz (montagem). Já o melhor ator foi Bruno Torres (Sagrado coração) e a melhor atriz, Gleide Firmino, por sua atuação em A caroneira.

O 45º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro foi realizado pelo Ministério da Cultura e pelo Governo do Distrito Federal, com recursos do Fundo de Apoio à Cultura (FAC) e patrocínios da Agência de Desenvolvimento do Distrito Federal (Terracap), do Banco de Brasília (BRB) e da Petrobras.

Confira aqui a lista completa de premiados