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27/10/2012 às 12:01
Com o aquecimento do setor no país, trabalhadores ocupam papel importante no desenvolvimento da economia. Qualificação é fundamental
O mercado da construção civil está em expansão em todo o Brasil. As obras de infraestrutura do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), as demandas habitacionais e os investimentos de alguns estados e do Distrito Federal para receber grandes eventos esportivos nos próximos anos estão entre os principais responsáveis pela boa fase do setor.
Quem ganha com isso são os profissionais da área, que nesta sexta-feira (26) comemoraram o Dia do Trabalhador da Construção Civil. No DF, esse setor é responsável pela ocupação de 86 mil postos de trabalho. Os dados são da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED) de agosto deste ano, divulgada pela Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan).
“O setor vem crescendo bastante desde 2010. Há cerca de quatro anos, esse número girava em torno de 50 mil e, em junho deste ano, chegou a 90 mil”, ressalta o presidente da Codeplan, Júlio Miragaya. Segundo ele, as vagas se concentram especialmente no Plano Piloto, onde a construção de prédios e a reforma de edifícios públicos e comerciais são intensas.
O aquecimento do mercado imobiliário é outro fator de estímulo às construções e, consequentemente, à geração de emprego e renda. Em regiões com forte desenvolvimento econômico, como Taguatinga, Águas Claras, Samambaia, Guará e Gama, a busca por imóveis mais acessíveis e próximos à área central de Brasília mantém a atividade aquecida.
Cenário – Os salários dos trabalhadores da construção civil variam conforme a função e o nível de especialização exigido. De acordo com a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), o rendimento médio do trabalhador da construção civil no país era de R$ 1.466 em 2011. No Distrito Federal, a PED aponta média de pouco mais de R$ 1.000, o que corresponde ao valor dos assalariados do setor privado.
Até agosto de 2012, a instituição contabilizou 3.192.634 trabalhadores no setor em todo o Brasil, sendo 1.409.412 em construção de edifícios, 1.032.003 em obras de infraestrutura, e 751.219 em serviços especializados. A perspectiva de crescimento para o ano gira em torno de 2% e 2,5%. Para 2013 é esperado um avanço de cerca de 4%. Já em 2014, a CBIC prevê crescimento de 4,5%.
Qualificação – O desenvolvimento econômico brasileiro e a recente demanda por obras para a Copa das Confederações em 2013, a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas no Rio de Janeiro em 2016 evidenciaram a necessidade de mão de obra qualificada na construção civil. Os profissionais mais disputados são os engenheiros e os coordenadores e gerentes de obras.
De acordo com o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Distrito Federal (Sinduscon-DF), Júlio Cesar Peres, o mercado no DF possui demandas bem específicas. “Existe carência de almoxarife (quem organiza entradas e saídas de estoque), mestre de obras, engenheiro, encarregado e técnico de segurança e de edificação”, enumera.
O problema recorrente, não apenas no DF, mas em todo o país, diz respeito à falta de qualificação. Para solucioná-lo, muitos trabalhadores são encaminhados pelas empresas, pelo governo, ou ainda por interesse próprio, a cursos em locais como o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).
Setor Promissor – O mercado para os profissionais da construção civil tem sido generoso com quem está há mais tempo no ramo ou quem tem buscado se especializar. As condições de trabalho também estão melhores do que há alguns anos, como os próprios operários destacam.
O serralheiro Jesuíno Brito Santos veio do Paraná em 1959 e há 21 anos trabalha no ramo. “Trabalhar na construção civil melhorou de todas as formas. Hoje temos mais segurança, mais organização e se paga melhor. Conseguir um trabalho, atualmente, vai da preparação do operário. Os melhores sempre têm emprego garantido.”
A opinião é compartilhada pelo pedreiro Edmilson Ribeiro Rodrigues. “Hoje, temos hora-extra e gratificações sobre produção, o que nos ajuda muito, já que a maioria das empresas paga o piso”, afirma o operário. “Antes, íamos em busca de emprego. Agora, são as empresas que nos procuram. Ainda há empresas que buscam funcionários menos qualificados, mas a maioria é séria e procura os melhores.”
Investimento em segurança – Com a maior fiscalização, os canteiros de obras têm exigido que seus funcionários cumpram as normas de segurança, minimizando e evitando acidentes.
“As empresas perceberam que a prevenção de acidentes sai muito mais barato do que ter um funcionário hospitalizado. Além disso, hoje há uma fiscalização maior do poder público, que sempre visita os canteiros de obras”, declara o técnico em segurança Domiciano Paiva, que tem sob seus cuidados 130 operários.
Edmilson Ribeiro Rodrigues afirma que a segurança tem sido preocupação constante. “Mal chegamos ao canteiro e já estamos ouvindo o técnico falando: ‘põe o capacete’. É mais uma segurança para nós, já que muitos têm preguiça de se equipar.”