04/11/2012 às 12:54

Aliados da natureza

Ibram e pilotos de ultraleve se unem no combate a invasões, incêndios e exploração ilegal do solo em áreas de preservação ambiental do DF

Por Suzano Almeida, da Agência Brasília


. Foto: Pedro Ventura

 A preservação do meio ambiente tem sido por muitos anos uma tarefa árdua para os fiscais do Poder Público, que dia após dia lutam contra invasões de áreas de proteção permanente, ocupações irregulares em locais de risco, derrubada da vegetação nativa e extração de cascalho. Consciente da necessidade de cuidar da flora e da fauna do DF, a Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh), por meio do Instituto Brasília Ambiental (Ibram), e da Associação dos Pilotos de Ultraleve de Brasília (Apub), firmou parceria técnica há pouco mais de um mês para realizar essa fiscalização.

Após um período de reuniões técnicas, 12 ultraleves iniciaram, na quarta-feira (31), a fiscalização de todo o DF. “A partir de agora estamos efetivando esse projeto em parceria com a Apub. Com a ajuda dos pilotos, vamos receber, em uma base de rádio instalada na nossa sede, as informações sobre contravenções do solo em todo o DF, como queimadas, desmatamento, entre outros”, afirmou o secretário de Meio Ambiente, Eduardo Brandão. “Esperamos que, denunciando essas irregularidades, possamos ajudar a melhorar a situação dessa devastação”, disse o diretor da Apub, João Luiz da Fonseca. 

Segundo o secretário, a iniciativa é pioneira no Brasil. Ela não acarretará em ônus para o Governo do Distrito Federal, já que o serviço será realizado de forma voluntária pelos pilotos. “Eles fazem voos diários e observam as mudanças que ocorrem todos os dias na paisagem. Uma vez por mês será realizado um voo específico de monitoramento, que será acompanhado de um técnico do Ibram, que também observará como as áreas do DF estão sendo protegidas”, disse o secretário Eduardo Brandão.

“Não há contrapartida, nosso pagamento é o prazer de voar e de estar ajudando a preservar os espaços naturais do Distrito Federal. Durante muitos anos, Brasília foi tomada por várias invasões e agora nós seremos os olhos de águia do Ibram”, afirmou o piloto e associado Ricardo Bonata, que voa desde 1976 e conhece bem as mudanças que o tempo e a ação do homem fizeram na paisagem do DF. 

O Termo de Cooperação valerá por três anos. Cada piloto é responsável por uma área do Distrito Federal. Eles passarão relatórios para o Ibram, que, a partir das observações, enviará técnicos da Semarh para avaliar possíveis irregularidades. 

Resultados – Para o superintendente de Áreas Protegidas do Ibram, Pedro Luiz Cezar Salgado, a ajuda da Apub influenciará diretamente no resultado da fiscalização de irregularidades e também das ações de recuperação do solo, desenvolvidas pelo governo. “Essas ações serão de extrema relevância, uma vez que o alerta vai ajudar, por exemplo, as brigadas de incêndio chegarem mais rápido aos locais onde ocorrerem os focos e a analisar o desenvolvimento de ações preventivas e corretivas do GDF”, disse. “O homem foi criado para viver em harmonia com o meio ambiente, por isso ele tem que respeitá-lo, o que não significa que não possa usufruir dele, mas ao contrário: ele deve aproveitar tudo que é oferecido sem destruí- lo”, concluiu Pedro Luiz.

Durante o voo com a equipe da AGÊNCIA BRASÍLIA, o piloto Lindberg Maia acrescentou: “Quando comecei a voar, a paisagem era muito diferente, essas casas não existiam aqui (aponta para a região de condomínios próximo à Torre Digital), era tudo verde. Com o tempo ocorreram muitas invasões” comentou Lindberg Maia, que mostrou, ainda, um princípio de incêndio e uma erosão causada pela ação do homem.