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13/11/2012 às 20:32
Apesar da diferença na taxa de desemprego de negros e não negros, estudo mostra que desigualdades estão diminuindo com programas do governo e melhorias no mercado de trabalho
A diferença na taxa de desemprego entre negros e não negros no Distrito Federal caiu de 5,8% em 2002 para 2% em 2011, de acordo com o boletim especial dos negros da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED), divulgado nesta terça-feira (13). O estudo, revelado simultaneamente em sete regiões brasileiras, mostra a situação de pardos e pretos no mercado de trabalho em 2011. A PED é resultado de parceria entre a Secretaria de Trabalho, a Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan) e o Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
A participação dos assalariados negros no mercado de trabalho era de 71,8% contra 74,4% dos não negros, que incluem brancos e amarelos. Os ocupados do primeiro grupo são maioria no setor privado, onde representam 52%. No emprego com carteira assinada, os negros também superam os não negros, com 44% contra 38,6%. Entre os autônomos, os negros ocupam mais postos (13,2% a 11,3%), assim como no trabalho doméstico (8,4% a 4,7%).
A população negra também teve maior participação no Comércio, da Indústria e da Construção Civil. Em Serviços, embora o contingente de negros tenha sido alto (63,9%), os não negros são maioria, com 71,8%. O setor inclui a administração pública, em que a proporção de brancos e amarelos (28,7%) é maior do que a de pardos e pretos (19,8%).
“Tanto a inserção quanto a ascensão no setor público, por exemplo, dependem muitas vezes da qualificação e de níveis de escolaridade”, destacou a coordenadora da pesquisa do Dieese, Adalgiza Lara Amaral. “As políticas públicas devem ter como foco a qualificação, para que negros tenham o mesmo acesso”, acrescentou a gerente de Estudos e Pesquisas Socioeconômicas da Codeplan, Iraci Peixoto.
Nesse sentido, os programas de qualificação e capacitação profissional da Secretaria de Trabalho são ações positivas. Entre eles se destacam o Qualificopa, que já formou centenas de pessoas, entre elas 70% pardos e pretos em algumas turmas. Outra iniciativa importante é o programa +Autonomia, que oferece ferramentas a quem quer trabalhar como autônomo.
Problema histórico – De acordo com o boletim, as desigualdades identificadas no mercado de trabalho são históricas. Em 2011 os negros representavam 68% da população economicamente ativa. Se, por um lado, eram a maior parte da mão de obra disponível, o desemprego no grupo também era alto e chegou a alcançar 72,6%. Entretanto, de 2009 até o ano passado, a redução do índice foi maior entre os negros do que entre os não negros: 3,9% contra 2,6%.
O rendimento médio por hora de negros e não negros ainda apresenta desigualdade estimada em 65,4%. Enquanto o primeiro grupo recebe R$ 10,49, o segundo ganha R$ 16,05. No entanto, assim como no caso da ocupação, a diferença entre os rendimentos vem diminuindo.
De 2010 para 2011, houve aumento de 2,6% no rendimento médio por hora dos negros e redução de 3,4% no dos não negros. “A diminuição dessa diferença é resultado da melhoria no mercado de trabalho, com aumento da formalização e redução do trabalho precário, como os bicos”, afirmou o sociólogo e analista do Dieese, Daniel Biagioni.