14/01/2013 às 10:14

DF bate recordes em transplantes e captação de órgãos

Total de operações de coração, rins, fígado e córnea em 2012 superou o dos anos anteriores. Rede pública de saúde também aumentou captação de órgãos de doadores mortos

Por Leandro Cipriano, da Agência Brasília


. Foto: Renata Sousa SES/DF

Em 2012 o Distrito Federal bateu os recordes em todas as modalidades de transplantes de órgãos em que é credenciado. Os números de operações de coração, rim, fígado e córnea cresceram significativamente em relação aos anos anteriores – alguns duplicaram e outros aumentaram em mais de seis vezes. Ao todo, foram 578 cirurgias realizadas em 2012.
 

Em relação ao transplante de fígado, as 39 operações efetuadas em 2012 superaram em mais de seis vezes o último recorde estabelecido no ano de 2000, de seis cirurgias. Além disso, no ano passado, o Distrito Federal duplicou o número de transplantes cardíacos com 18 cirurgias contra nove procedimentos em 2011. Com essa conquista inédita, o DF também zerou a fila por transplantes do órgão.
 

Também não há lista de espera para transplante de córneas. No ano passado, 407 operações foram realizadas, ultrapassando o recorde de 2009, de 403 procedimentos. Em comparação com os demais estados, o DF se manteve no topo do ranking nacional em 2012, como uma das unidades da Federação que mais fez transplantes de córnea por milhão de habitantes.
 

Já o número de transplantes renais alcançou, em 2012, a marca de 104 cirurgias – 87 de doadores mortos e 17 de doadores vivos. O recorde anterior do Distrito Federal foi registrado em 2000, com 95 operações (doações de 55 mortos e 40 vivos). Atualmente, os hospitais de Base, com 60% dos procedimentos, e o Universitário de Brasília (HUB), com 40%, são os responsáveis no DF por esse tipo de cirurgia.
 

“Essa é a demonstração prática de que estamos recuperando o serviço público. Quando assumi, esse setor estava um caos. O transplante de rim tinha perdido o credenciamento no Ministério da Saúde, e o de fígado não era feito há anos”, destacou o governador Agnelo Queiroz ao anunciar, no segundo semestre de 2012, investimentos na recuperação da infraestrutura da Central de Captação de Órgãos.
 

Medula óssea e pulmão – As conquistas da Saúde nessa área marcaram o ano de 2012. O Instituto de Cardiologia, conveniado ao GDF, é o responsável no Distrito Federal por cirurgias cardíacas e de fígado. Em 2012, o instituto também foi credenciado pelo Ministério da Saúde a fazer operações de medula. Somente no ano passado, foram realizados 10 procedimentos dessa natureza. A unidade conseguiu se tornar destaque no setor ao realizar um número expressivo de transplantes, inclusive com captação de órgãos em outros estados.
 

Além disso, desde 28 de setembro de 2012, o Instituto de Cardiologia do DF está credenciado a fazer transplantes de pulmão. Os médicos aguardam apenas um paciente estabilizado e preparado para realizar a primeira operação do DF. Antes, o instituto estava autorizado apenas a captar o órgão doado, que era transportado para outro estado habilitado para esse tipo de cirurgia. Dessa forma, quando um paciente de Brasília necessitava de transplante, o Sistema Único de Saúde (SUS) tinha que garantir o tratamento em outra região.


TRANSPLANTADO DE FIGADO WALTERLOO FOTO BRITOMudança de vida – Waterloo Evangelista dos Santos, 63 anos, foi o primeiro paciente a se submeter a um transplante de fígado no Instituto de Cardiologia. No próximo dia 31, fará um ano que ele passou pelo procedimento cirúrgico. Segundo ele, as chances de adquirir um câncer eram enormes caso não sofresse a cirurgia. “Receber o órgão foi vital para mim. Só tenho que agradecer. Quando me vi nessa situação, senti o quanto a doação é importante”, conta, emocionado.
 

O paciente descobriu durante um check-up que precisava ter seu fígado retirado em razão de um nódulo. “A partir daí, tive que mudar minha rotina. Comecei a fazer dieta e a tomar remédios, até que aparecesse um doador”, relata Waterloo, que esperou quatro meses pelo transplante.
 

Hoje ele toma, diariamente, dois medicamentos para evitar rejeição e comparece a consultas a cada três meses para verificar seu estado de saúde. Mesmo assim, considera que já leva uma vida normal. “Eu até voltei ao trabalho no Hospital da Criança de Brasília José Alencar”, comemora.
 

Doadores mortos – A rede pública de saúde também conseguiu aumentar a captação de órgãos de doadores mortos, alcançando 56 procedimentos no ano passado. O recorde anterior, de 2010, era de 42. A Agência Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO) atestou que, em 2012, foram realizadas 22,4 doações por milhão de habitantes no DF, enquanto o número mais expressivo registrado anteriormente ocorreu em 2001, com 11,4 doações por milhão de pessoas.
 

Referência – Ainda de acordo com os registros da ABTO, o DF conquistou, em 2012, o primeiro lugar nacional no número de transplantes de coração e córnea por milhão de habitantes. Também ficou em quarto lugar na realização de transplantes renal e hepático.
 

Para a coordenadora da Central de Captação de Órgãos da Secretaria de Saúde do DF, Daniela Salomão, o trabalho de conscientização desenvolvido pela equipe nos hospitais e demais unidades contribuiu para alcançar os atuais resultados. “Além disso, o reforço do Samu [Serviço de Atendimento Móvel de Urgência] nas emergências e a melhoria do atendimento nas vias públicas e na rede conseguiram reverter o baixo índice de doações que tínhamos. Isso tudo colocou o DF em destaque no cenário nacional dos serviços de alta complexidade”, avalia.
 

Central de Captação de Órgãos

Telefone: 3315-1755
E-mail: centraldetransplantedf@gmail.com