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22/03/2013 às 00:29
A expectativa é que as obras do templo religioso comecem ainda este ano e sejam concluídas até a Semana Santa de 2014
Para atender uma antiga reivindicação dos frequentadores da Via Sacra e da população de Planaltina, uma nova igrejinha será erguida no Morro da Capelinha, a partir de projeto do arquiteto Oscar Niemeyer, morto no ano passado. Elaborada em maio de 2012, a planta foi entregue pelo escritório do artista ao Governo do Distrito Federal nesta quinta-feira (21). A expectativa é que as obras da Capela de Planaltina comecem ainda este ano, com conclusão prevista para até a Semana Santa de 2014.
“A construção do projeto reforçará o aspecto cultural de uma das manifestações religiosas mais expressivas do país: a Via Sacra em Planaltina, que completa 40 anos em 2013. A consolidação da Capelinha, com a assinatura de Niemeyer, garantirá maior valor artístico ao evento”, afirmou o governador.
Caberá ao GDF o papel de articular a edificação da nova Capela de Planaltina, que será desenvolvida por empresários da região. Como a atual capelinha está em terreno particular, o governo não tem permissão para realizar investimentos diretos na obra. “A verba será privada, enquanto o GDF se empenhará em assegurar que a construção seja concluída”, destacou o vice-governador, Tadeu Filippelli.
Estrutura – Os inconfundíveis traços de Niemeyer detalham com precisão o novo projeto da Capela de Planaltina, que possui cinco placas de concreto, de tamanhos diferentes, convergindo para o céu. Vista do alto, a obra lembra um grande catavento.
Além disso, vitrais coloridos serão colocados entre as placas, para garantir iluminação mais ampla. A nova capelinha poderá comportar cerca de 50 pessoas e receberá investimento de aproximadamente R$ 400 mil.
“Esse projeto é um dos últimos do Niemeyer destinados a Brasília. Com traços simples e os detalhes característicos do artista, a obra será um grande presente para a Via Sacra”, comentou o chefe de Arquitetura do escritório de Oscar Niemeyer em Brasília, Jair Valera.
Carta de Niemeyer
Explicação Necessária
Em minha obra “As igrejas de Oscar Niemeyer”, desde o seu prólogo, procurei esclarecer que, quando projeto uma igreja – seja uma capelinha, seja uma catedral (a exemplo da de Brasília) –, o prazer que sinto em ver uma obra bem realizada é muito menor do que a importância a essa atribuída por aqueles que vão frequentá-la. A razão é bastante simples de se explicar: é ali que acreditam estarem perto de Deus.
Mas confesso que me agrada muito projetar uma obra dessa natureza, que não raro estimula a fantasia do arquiteto. Mesmo de quem já atendeu a tantos programas dessa ordem, de maior ou menor complexidade, o que me ocorreu praticamente desde o momento inaugural de minha trajetória profissional a que corresponde o conjunto da Pampulha, onde se destaca a igreja de São Francisco de Assis.
É claro que muito me alegra participar da festa dos 40 anos da Via Sacra de Planaltina – reconhecida já em 2008 como patrimônio cultural e imaterial de Brasília pela Secretaria de Cultura do Distrito Federal – desenhando esta capela que deverá ser erguida no Morro da Capelinha. Para subi-lo quando da encenação daquela Via-Sacra, incluída por toda a justiça no calendário oficial de eventos do Distrito Federal (com a presença de um público superior a 150.000 pessoas), um conjunto de 1.400 atores é mobilizado. Nessa mesma participação residiria a força cultural de uma religiosidade indiscutível.
Fico muito feliz em haver desenhado uma igrejinha que irá despertar surpresa por sua forma pouco convencional, capaz de sobressair como uma joia lapidada, naquele lugar onde se fincou em 7 de setembro de 1922 a pedra fundamental de Brasília a fim de se assinalar o desejo de se construir aí a futura capital de nosso país.
E fico muito feliz ainda com uma previsão que realizei de modo a valorizar o projeto: desta mesma capelinha, que deverá constituir o ponto mais alto de Planaltina, haverá um forte contato visual com outra obra por mim projetada, no alto do Colorado, a Torre de TV Digital, recentemente inaugurada pelo governador Agnelo Queiroz.
Releio este texto e vêm-me à memória as belas palavras do meu amigo Silvestre Gorgulho, que muito me animou a prosseguir os meus estudos desta igrejinha: pela capela do Morro da Capelinha e pela Torre do alto do Colocado o céu de Brasília vai se aproximar mais ainda de nossos corações.