26/03/2013 às 12:10

Blitz contra o tráfico de pessoas no Aeroporto JK

São milhares as histórias de quem virou mercadoria nas mãos de traficantes internacionais de seres humanos. O alerta é sempre a melhor prevenção

Por Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Cidadania do DF


. Foto: Pedro Ventura

 

Uma equipe da Gerência de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas da Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Cidadania do Distrito Federal (Sejus-DF) estará no Aeroporto Internacional de Brasília nesta quinta-feira (28), véspera do feriado da Semana Santa, para aproveitar o intenso movimento no local. A iniciativa tem como objetivo conscientizar e alertar o maior número de pessoas sobre a incidência do crime. A blitz educativa, com distribuição de panfletos explicativos, acontecerá das 7:00 às 11:00 e das 16:00 às 20:00.

 

Segundo a gerente de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas da Sejus, Marta Helena Santos, a falta de denúncias é um problema sério no Distrito Federal. “A população não denuncia por medo, e a vítima às vezes não entende que está sendo explorada por organizações criminosas e, quando sabe, tem medo de denunciar”, ressalta. De acordo com Marta, a maioria das pessoas acaba aceitando o aliciamento pela vulnerabilidade financeira. Enxergam na proposta do crime uma oportunidade de trabalho. A gerente especifica ainda que, muitas vezes, os aliciadores oferecem a prostituição internacional para pessoas que já trabalham como profissionais do sexo. Porém, a maior parte das vítimas aceita sem saber da exploração sexual. “Algumas sabem com o que estarão lidando, mas não sabem que ao chegar ao destino, terão o seu direito de ir e vir interrompido, sofrerão ameaças e agressões”, frisa.

 

Durante o lançamento do II Plano Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas, em fevereiro de 2013, os ministros José Eduardo Cardozo (Justiça), Eleonora Menicucci (Políticas para as Mulheres) e Maria do Rosário (Direitos Humanos) falaram sobre a importância da participação da sociedade no enfrentamento ao tráfico de pessoas, por meio de denúncias anônimas pelo Disque 100 e Disque 180.

 

Números – De acordo com levantamento realizado no final do ano passado pela Secretaria Nacional de Justiça, em conjunto com o Escritório das Nações Unidas para Drogas e Crimes (UNODC), a cada cinco dias, uma vítima é alvo deste tipo de crime no Brasil — seja para o tráfico interno ou externo. A maioria é explorada sexualmente, predominantemente, jovens mulatas e negras.

 

Dados do primeiro relatório com a consolidação das informações existentes sobre o Tráfico de Pessoas no Brasil demonstram que entre 2005 e 2011 a Polícia Federal (PF) registrou 157 inquéritos por tráfico internacional de pessoas para fins de exploração sexual, enquanto que o Poder Judiciário, segundo o Conselho Nacional de Justiça, teve 91 processos distribuídos. Foram instaurados ainda no total 514 inquéritos pela Polícia Federal entre 2005 e 2011, dos quais 13 de tráfico interno de pessoas e 344 de trabalho escravo. O documento, divulgado em fevereiro de 2013, foi elaborado pela Secretaria Nacional de Justiça do Ministério da Justiça (SNJ/MJ), em parceria com o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC).