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16/07/2013 às 14:52, atualizado em 12/05/2016 às 17:54
Em entrevista à Agência Brasília, Luciano Cabral, presidente da Confederação Brasileira do Desporto Universitário, revela que a capital tem o cenário ideal para a realização da Universíade, em 2019
Kazan (Rússia, 16/7/2013) – Candidata ao lado de Baku, no Azerbaijão, e Budapeste, na Hungria, para sediar a Universíade de 2019 – jogos mundiais universitários que contam com a participação de mais de 12 mil atletas -, Brasília tem o cenário perfeito para receber o evento, de acordo com o presidente da Confederação Brasileira do Desporto Universitário (CBDU) e vice-presidente da Federação Internacional de Esportes Universitários (Fisu), Luciano Cabral.
“Brasília tem um cenário ideal. Já vistoriei muitas cidades mundo afora, e ela é uma das poucas cidades do mundo em que em um raio muito curto, de cerca de 5km, podemos concentrar 70% das ações da Universíade”, afirmou Cabral, que dirige a CBDU há oito anos.
Confira abaixo entrevista exclusiva com Luciano Cabral sobre a importância da realização da Universíade na capital federal.
Agência – Como surgiu a ideia de lançar Brasília como candidata a sediar a Universíade?
Luciano Cabral – Quando o governador Agnelo Queiroz era ministro do Esporte. Na época, ele desejava implementar uma política de desenvolvimento do esporte educacional no Brasil. Agnelo já tinha dado um grande passo através da Lei Agnelo/Piva, que mudou o contexto do esporte no Brasil. Conversando, analisamos e concluímos que Brasília tinha o cenário ideal para receber um evento esportivo como este, por sua logística, organização e tamanho. Além disso, a Universíade colocaria em pauta definitivamente o esporte educacional no Brasil. Resolvemos lutar para que a Universíade volte ao Hemisfério Sul, já aproveitando as estruturas montadas para a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016.
Qual o diferencial de Brasília para sediar a Universíade?
Luciano Cabral – Brasília tem um cenário ideal. Já vistoriei muitas cidades mundo afora e ela é uma das poucas que, em um raio muito curto, de cerca de 5km, podemos concentrar 70% das ações da Universíade. Nesse espaço temos um ginásio, um estádio, piscinas, o Centro de Convenções Ulysses Guimarães, o Parque da Cidade e o lago. Isso sem falar na Esplanada dos Ministérios, que pode abrigar instalações temporárias para o beach soccer e vôlei de praia. Ainda neste mesmo perímetro, podemos realizar as provas de ruas. Temos uma rede hoteleira e hospitais próximos e também a facilidade de acesso ao aeroporto. Outro ponto fundamental é o projeto de ciclovia que o GDF está implantando. Com ele, poderemos disponibilizar bicicletas para os atletas se locomoverem com facilidade dentro deste perímetro. Ou seja, a situação de Brasília é perfeita e não existe cidade no mundo que tenha uma condição similar.
O que Brasília terá que providenciar?
Luciano Cabral – O que não temos: alguns equipamentos esportivos e a Vila Olímpica. Mas a Vila pode ser construída com a parceria de empresas privadas e, posteriormente, ser vendida como moradia para a população. E então o governo não gastará verba pública. Além disso, teremos que reformar todo o parque esportivo (Centro Olímpico) da Universidade de Brasília. Mas para receber a Universíade em 2019, basta apenas que ajustemos tecnicamente o projeto do Parque da UnB, que já existe há muitos anos, está orçado e já começou a receber os recursos.
O que o Brasil ganha com os jogos?
Luciano Cabral – Isso seria o ponto inicial para recuperar as estruturas esportivas de todas as universidades federais do país. Vale destacar que, independente do sistema de governo, seja nos Estados Unidos, China, Rússia, Cuba, Espanha, Alemanha, Inglaterra, Japão, Suécia, Emirados Árabes e entre tantos outros, o esporte de base está dentro das estruturas educacionais. Lá se formam os atletas. Os universitários de hoje serão os líderes de amanhã. Por isso, eles investem tanto neste segmento.
Qual a situação atual da candidatura de Brasília diante daqueles que escolhem a sede da Universíade?
Luciano Cabral – Esse é o segundo maior evento multiesportivo do mundo. As pessoas que estão aqui e dirigem a Fisu têm muita experiência. Então, o que eles [dirigentes] precisam é que o Brasil demonstre ter condições de realizar a competição e dar todo o suporte. A Fisu precisa de garantias de que os governos – Federal e do DF – apoiarão 100% o evento, e não apenas financeiramente. São quase 25 mil estrangeiros, de pelo menos 170 países, no evento. E, obviamente, precisamos de investimento financeiro. Se tivermos este apoio, do Governo Federal, não tem como perdermos esta disputa.
A única vez que uma Universíade foi realizada no hemisfério sul foi em 1963, em Porto Alegre (RS). Por que o Brasil não recebeu outras edições do evento?
Luciano Cabral – Primeiro pelo fator cultural. Na Europa e na Ásia o Esporte está inserido dentro do conceito educacional. Esporte e educação são uma coisa só nesses dois continentes. Na África e na América Latina é diferente, até pelo acesso difícil ao ensino superior. No Brasil mesmo faz pouco tempo que começaram a surgir mais universidades particulares. Então esta nossa cultura traz diversos prejuízos, entre eles o prejuízo de formação. Os nossos principais ídolos são jogadores de futebol, que ficaram ricos sem precisar estudar. E isso virou referencial para as crianças, muitas vezes incentivadas pelos próprios pais a largarem os estudos para ganhar dinheiro como jogadores profissionais. Por essa triste realidade, os eventos acabaram caminhando para o hemisfério norte.
O que o senhor, como ex-judoca, pode dizer do esporte como aliado da educação em nosso país?
Luciano Cabral -O esporte é um instrumento de formação sensacional. Existem duas formas de educar seu filho num mundo cheio de violência e drogas: ou você tem uma religião muito forte, seja ela qual for, ou você tem uma relação muito forte com o esporte. Se tiver os dois então, perfeito! O esporte forma o cidadão não só com informações, mas com filosofia de vida, conduta saudável – não só física, mas mental também -, disciplina e respeito.