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10/11/2013 às 12:10
A partir de amanhã (11), 34 profissionais reforçarão as equipes de atenção primária em várias regiões administrativas
BRASÍLIA (10/11/13) – Após dois meses de intenso treinamento e de reconhecimento de área, 34 profissionais cubanos que integram o programa “Mais Médicos” começam a atuar, amanhã (11), em diversos locais do Distrito Federal com a missão de facilitar o acesso da população aos serviços de saúde.
Os novos médicos integrarão as equipes de Saúde da Família, instrumento da Secretaria de Saúde responsável pela atenção primária de pacientes, que atinge, com esse reforço de pessoal, 60% dos moradores do DF.
Médico há 20 anos, o cubano Ramon Aragon, 44 anos, é um dos profissionais que trabalhará no DF pelos próximos três anos. Para ele, o principal motivo de participar dessa iniciativa do governo é colocar a medicina a serviço dos que mais precisam.
“Esperamos melhorar a situação de saúde do povo brasileiro, já que os indicadores mostram que a situação, de modo geral, não está tão boa. Nossa obrigação, aqui, é levar saúde às pessoas e melhorar a vida delas”, disse o médico cubano.
Aragon veio para o Brasil há dois meses juntamente com a esposa, a também médica e integrante do programa Yelina Bacallao, 44 anos. Nesse período, o casal participou de cursos de ambientação, de idioma e conheceu um pouco mais sobre o país e as particularidades de suas enfermidades, como a doença de Chagas e a leishmaniose.
Voltado às causas humanitárias, o casal cubano participou, por seis anos, de missões na Guatemala e na Venezuela e, diante da realidade do DF, elogiou a estrutura dos hospitais e centros de saúde.
De acordo com Yelina, a decisão de vir ao Brasil participar do “Mais Médicos” foi motivada única e exclusivamente pela vontade em ajudar ao próximo. Apaixonada pela profissão, ela deixou três filhos na capital cubana para poder servir aos brasileiros.
“A estrutura que vimos aqui é diferente de outros lugares em que já estivemos, como na Venezuela, onde a situação era precária e não existiam centros de saúde. Essa é uma oportunidade de enriquecer profissionalmente e como pessoa. Nossa missão é chegar aonde nenhum médico chegou”, frisou a médica.
EXPERIÊNCIAS – A formação dos médicos cubanos passa pela graduação, com duração de seis anos, seguida de uma especialização. No caso de Aragon e Yelina, essa pós-graduação, de três anos, lhes rendeu os títulos de médicos generalistas, especialidade que trata de diversas enfermidades.
Por terem essa formação –a mesma que a maioria dos médicos cubanos-, esses profissionais podem atuar, de forma segura, em diversas nações e nas mais difíceis situações.
“Já fomos enviados a lugares onde não tínhamos estrutura alguma. Tínhamos apenas o estetoscópio e as mãos. Mesmo assim, não deixamos de examinar e de dar o diagnóstico preciso. Por isso, com toda a certeza e diante da estrutura que temos, estamos prontos para atender a população”, destacou Aragon.
MÃO DE OBRA – De acordo com dados do Ministério da Saúde, o número de médicos no país é insuficiente e chega a ser 1,8 profissional para atender grupos de mil habitantes, quantitativo menor que o registrado em outros países da América Latina, como a Argentina (3,2) e Uruguai (3,7).
Ao comparar o Brasil às nações da Europa, por exemplo, a desigualdade cresce de forma expressiva e esse quantitativo quase dobra, como no caso de Portugal, que conta com 3,9 médicos por mil habitantes, e a Espanha, que registra quatro profissionais para cada grupo de mil pessoas.
Conforme acordo estabelecido pelos governos brasileiro e cubano, os repasses de pagamento dos médicos são feitos do Ministério da Saúde para a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), que intermediará com o governo de Cuba.
Para o médico Aragon, o valor a ser recebido pelos serviços prestados no Brasil é “muito superior ao que é pago em Cuba”. Ele destacou que, apesar disso, não foi o incentivo financeiro que o fez trabalhar para o “Mais Médicos”.
“Estivemos em lugares em que não tínhamos condições e em que o salário não compensava, tudo pela vontade de ajudar. É importante que as pessoas saibam que vamos trabalhar onde os médicos brasileiros não estão e que o lugar deles está assegurado”, acrescentou.
APROVAÇÃO – Apesar de não terem iniciado o atendimento, os médicos cubanos visitaram, na última semana, vários centros de saúde e hospitais regionais do DF para ambientação.
Ao ver que os profissionais estrangeiros conhecem a estrutura da rede pública, a população achou positiva a chegada de reforço médico para o atendimento na atenção primária.
“Tenho crises de asma e sempre uso a rede pública de saúde, mas às vezes é difícil conseguir atendimento. Com a chegada desses médicos, acredito que a saúde só tende a melhorar. Para mim, essa iniciativa está aprovada”, disse a dona de casa Maria da Ajuda de Jesus, 38 anos, moradora do Setor O.
Na cidade em que Maria reside, Ceilândia, 12 médicos cubanos passarão a atuar em nove centros de saúde, principalmente nos setores Sol Nascente e Pôr do Sol.
Nas demais regiões administrativas, a quantidade de médicos será a seguinte: dois em Brazlândia, três em Samambaia, dois no Recanto das Emas, três no Gama, um em Santa Maria, dois em Sobradinho, um em Planaltina, três em Taguatinga e três no Guará/Estrutural.
(F.M./M.D.*)