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15/11/2013 às 11:07
Cidade abriga diversas ações criadas pela comunidade para melhorar a qualidade de vida
BRASÍLIA (15/11/13) – Dados da Codeplan revelam que São Sebastião é uma cidade independente em relação às atividades comerciais, uma vez que as compras realizadas na própria região, referentes, principalmente, a serviços pessoais e em geral, representam 90,38%, número considerado satisfatório e alavancado pela diversidade do comércio local.
As formas encontradas pelos moradores para ganhar dinheiro são as mais diversas e vão desde pequenas atividades, que servem apenas para complementar a renda, até trabalhos que se tornaram sólidos e que representam a principal fonte de sustento familiar.
Um exemplo dessa solidez e de iniciativas que deram frutos na cidade é a Cooperativa Agropecuária de São Sebastião (Copas), que desde 2001, quando foi criada, representa, para muitos dos 133 produtores rurais associados e 33 produtores de grande porte, um exemplo de prosperidade abrigado pela cidade.
“No início tínhamos de 15 a 20 associados e saíamos recolhendo o leite nos próprios carros. Foi uma época muito difícil que conseguimos vencer, nos estruturamos e hoje temos capacidade para receber até 20 mil litros por dia”, contou o vice-presidente da Copas, Lúcio Pereira da Silva, 67 anos.
Diariamente, a cooperativa beneficia 12 mil litros e a expectativa dos dirigentes é que alterações na estrutura do local permitam a expansão da capacidade para 30 mil litros diários e atraia novos associados de diversas partes do Distrito Federal.
Dessa quantidade de leite que chega todos os dias, os 33 funcionários do laticínio fazem iogurte, achocolatado, queijos, manteigas e outros produtos que são comercializados em uma loja instalada na frente da Copas, em supermercados e panificadores de São Sebastião e Paranoá.
Além desse formato de distribuição, a Cooperativa fornece alimentos para escolas públicas, bancos, dentre outros locais: “Entregamos mais de 200 mil unidades de iogurte mensais e queremos, sempre mais, expandir. São Sebastião é uma cidade muito boa e apostamos aqui como um local para o nosso desenvolvimento”, disse Silva.
SUPERAÇÃO – Além de ser uma cidade favorável ao comércio, São Sebastião também é o local onde floresceram iniciativas populares que melhoraram a qualidade de vida da população.
No bairro Morro Azul, desde 2005, quando uma moradora morreu vítima de hantavirose, foi criada a ONG Casa de Cultura e Educação Permanente, onde, por iniciativa de um grupo de pessoas, pneus velhos que estavam abandonados em lixões clandestinos ganharam utilidade ao se tornarem a base para a produção de pufes.
O trabalho, capitaneado pela artesã Hosana Alves do Nascimento, retirou da natureza diversos pneus que eram instrumentos de proliferação da dengue e de outras doenças. De posse desse material, ela e outras moradoras iniciaram a produção e comercialização de reciclados.
“Nossa ideia era tirar esse material da rua e ao mesmo tempo gerar renda para as mulheres da comunidade. Com esse dinheiro, hoje, conseguimos continuar a produção e também manter aulas de reforço, de graça, para mais de 20 crianças da comunidade”, explicou Nascimento.
Além de contribuir para a limpeza do meio ambiente, os moradores, ao retirarem os pneus, se dispuseram a limpar um terreno de 5 mil m² e ali iniciaram o cultivo de frutas, legumes e verduras que são comercializados na própria comunidade e fornecidos, gratuitamente, àqueles que não têm condições de pagar.
Um dos moradores que se dispôs a cuidar da plantação foi o aposentado José Luiz Mesquita, 86 anos, que todos os dias trabalha de oito a 12 horas arando, irrigando e colhendo os alimentos produzidos sem o uso de agrotóxicos.
“Me mudei para São Sebastião há 18 anos e estou nessa horta desde o dia em que ela foi feita. Aqui eu tenho uma ocupação, porque ficar em casa sem fazer nada, adoece. Aqui posso me movimentar e ajudar os outros, e é sempre importante fazer isso”, frisou Mesquita.
Apesar de ter passado recentemente por um Acidente Vascular Cerebral (AVC), o agricultor esperou apenas um mês para voltar a pegar no cabo da enxada e cuidar novamente da plantação da qual se orgulha.
Ali, em meio aos pés de alface, cenoura, pimenta, graviola, bananeiras, mangueiras e um pé de Ingá -árvore nativa do cerrado-, o aposentado maranhense se sente útil na cidade que o acolheu há 18 anos.
“É muito gratificante poder estar aqui em meio às plantas e poder ser útil para as pessoas. Tenho oito filhos vivos, de um total de 11, sou casado há 52 anos, e foi aqui em São Sebastião que fiz minha vida longe do ‘norte’. Amo demais essa cidade”, declarou Mesquita.
(F.M/T.V)