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03/12/2013 às 17:54
Cientista político fala de conselhos, participação social e desafios pós-crise na América Latina
BRASÍLIA (3/12/2013) – O cientista político Emir Sader estará em Brasília nesta quarta-feira (4), para ministrar uma palestra sobre a “América Latina do século XXI”, no auditório II do Museu Nacional da República, às 19h.
O evento inaugura o projeto “Diálogos Capital”, uma parceria entre o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social do Distrito Federal (CDES-DF) e a Editora Boitempo.
Após sua apresentação na capital federal, o autor participará de uma sessão de autógrafos em um de seus mais recentes livros: A nova toupeira: os caminhos da esquerda latino-americana.
Emir Sader é cientista político e professor da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), formado em filosofia pela Universidade de São Paulo e secretário-executivo do Conselho Latino-Americano de Ciências Sociais.
Confira abaixo um bate-papo com o cientista político:
Na sua opinião, a criação dos Conselhos de Desenvolvimento Econômico e Social em vários países da América Latina demonstra que eles se preocupam com o desenvolvimento econômico integrado ao desenvolvimento social?
O mais importante é que são conselhos de desenvolvimento econômico e social, portanto, estão acoplados a um modelo de desenvolvimento que não apenas busca o desenvolvimento econômico, mas está diretamente ligado à distribuição de renda.
O senhor acredita que essa distribuição de renda tem acontecido?
Na maioria dos países da América Latina não, porque há países que retrocederam na crise. Eu diria a América Central, o México, por exemplo, o Peru… alguns têm até crescimento econômico mas não melhoraram a distribuição de renda. O Brasil melhorou a situação dos pobres, diminuiu a desigualdade social. Foram os países que têm uma política anti-neoliberais, entre eles Brasil, Argentina, Uruguai, Venezuela, Equador e Bolívia [que conseguiram realizar a distribuição de renda].
Esse é o diferencial da América Latina. Por isso ela é uma região que diminuiu a desigualdade social, enquanto no mundo, em geral, tem aumentado a desigualdade.
Como o fato de a América Latina ser um continente majoritariamente de esquerda tem contribuído para o desenvolvimento do continente como um todo?
Não é majoritariamente de esquerda, mas o que a diferencia dos outros continentes é que tem um conjunto de países de governos de esquerda que reagiram à crise internacional primeiro intensificando as políticas sociais, depois intensificando o papel do Estado em função do crescimento econômico e de garantias de direitos sociais e intensificando os intercâmbios regionais – integração regional, intercâmbio Sul-Sul. Por essa razão é que alguns países não entraram em recessão e conseguiram manter o ritmo de crescimento, aumentaram as políticas sociais, ao contrário dos outros, que mantiveram políticas neoliberais e têm retrocedido desde a crise em particular.
Os países da América Latina que possuem Conselhos de Desenvolvimento Econômico e Social criaram, este ano, a Rede de Conselhos Econômicos e Sociais da América Latina e Caribe (Cesalc). O senhor acredita que essa rede pode contribuir para o desenvolvimento integrado dos países que a compõem?
Certamente. Esse é um passo adiante, que institucionaliza esse modelo econômico. Não é apenas uma política econômica, mas tem órgãos que zelam pela sua criação, manutenção e desenvolvimento.
O Brasil tem sido mencionado como uma referência de participação social para outros países. O senhor acredita que o Brasil pode ser visto dessa forma?
É uma das referências, com certeza. Se não houvesse essa participação social, essas políticas não teriam apoio organizado da massa da população.
SERVIÇO:
Diálogos Capital com Emir Sader: A América Latina do século XXI
Quando: 4 de dezembro, quarta-feira, às 19h
Onde: Museu Nacional da República – auditório II
(A.C/J.S*)