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19/03/2014 às 19:08, atualizado em 12/05/2016 às 18:15
Equipes das polícias Civil e Militar treinaram situações de ataque e como as forças agirão em caso de atentados durante o mundial de futebol
BRASÍLIA (19/3/14) – Em situações extremas de risco em grandes eventos cada instante é valioso e poucos segundos podem definir o sucesso ou o fracasso das ações de segurança. Nesta quarta-feira (19), policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope), da Polícia Militar, e agentes da Divisão de Operações Especiais (DOE), da Polícia Civil, mostraram que estão prontos para atuar na Copa do Mundo.
O Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha foi escolhido especialmente para ser o palco dessa demonstração, por ser uma arena que já está em plena operação e receberá sete jogos do Mundial– o número máximo de partidas para uma cidade-sede – a partir de junho.
Agilidade, precisão e técnica marcaram cada passo das ações, que duraram 15 minutos. A primeira, protagonizada pelo Bope, simulou uma tentativa de sequestro a um jornalista que trabalhava à beira do campo durante uma partida. Três alvos, que representavam criminosos com armas de fogo, foram atingidos por atiradores de elite do batalhão. Na sequência, um quarto “suspeito” com uma faca foi imobilizado por homens da tropa.
A “vítima” foi retirada em segurança pelas saídas do campo. O Bope também treinou a descida de policiais do helicóptero do batalhão, por meio de técnicas de rapel. Em uma manobra complexa e bem executada, a aeronave adentrou o estádio através do anel central da cobertura.
A operação seguinte envolveu o resgate de uma autoridade internacional convidada a dar o pontapé inicial de uma partida de futebol. Após outro tiro perfeito de um sniper (atirador de elite) da Polícia Civil, 12 agentes do DOE entraram rapidamente em ação para garantir a segurança do perímetro ao redor do helicóptero, que pairou a apenas um metro do chão para a retirada da segunda “vítima”.
TROCA DE EXPERIÊNCIAS – O treinamento é parte do intercâmbio realizado entre as forças policiais do Brasil e da Alemanha, e foi acompanhado por jornalistas e representantes do governo alemão e da Embaixada da Alemanha no Brasil.
A troca de experiências começou em outubro, com um curso de treinamento para 10 policiais civis e militares do Distrito Federal em Hanôver, no estado da Baixa Saxônia (Alemanha). O governador do estado e presidente da Câmara Federal alemã, Stephan Weil, veio a Brasília e aproveitou para chutar algumas bolas rumo ao gol do Estádio Mané Garrincha.
“A Alemanha é o berço das operações especiais, que começaram justamente após os atentados em Munique, na Olimpíada de 1972”, explicou o tenente do Bope Rogério Nogueira, que comandou a demonstração. “Além disso, o país recebeu a Copa em 2006 e desenvolveu ações específicas para os estádios. São procedimentos que já realizávamos aqui, mas é importante trocar informações sobre a prática das corporações dos dois países”, destacou.
As equipes de Operações Especiais só atuarão em situações de extremo perigo dentro do estádio. Durante o mundial, a primeira resposta em segurança será dada pelos stewards (seguranças privados), seguida da atuação do Batalhão de Choque da PM em casos mais graves. Bope e DOE são requisitados em “último caso”, para ocorrências de gravidade extrema.
“Essa parceria traz frutos para os dois lados. Mesmo a legislação alemã tendo uma série de diferenças e particularidades em comparação a nossa”, contou o agente Dantas, do Departamento de Operações Especiais (DOE), da Polícia Civil. “O curso não é voltado apenas para a Copa do Mundo, esse aprendizado se reflete em todas as ações articuladas pelas equipes de operações especiais”, garantiu.
Para o tenente coronel Agrício, comandante do Bope, as técnicas são fundamentais para a atuação nas partidas da Copa, mas representam, principalmente, um legado para a segurança pública do DF. “O treinamento serve para qualquer situação de resgate de reféns e para solucionar conflitos graves em locais com grande aglomeração de pessoas”, enfatizou o comandante.
Treinados para atingir alvos a 150 metros de distância, os snipers atiraram a 132 metros no Mané. “Essa questão de segurança em estádio é muito nova, ela veio com a Copa do Mundo. Então, tivemos a oportunidade de conhecer as posições de tiro e como eles atuam no estádio. Isso nos deu muitos elementos para poder aplicar aqui”, concluiu o agente da Polícia Civil Honney, atirador de elite da corporação há sete anos.
(J.S*)