08/06/2014 às 14:32, atualizado em 12/05/2016 às 17:53

Denúncias contra assédio em ônibus aumentam 33%

Segundo secretária da Mulher, parte do aumento se deve à campanha contra esse tipo de abuso lançada pela pasta em parceria com as secretarias de Transportes e de Segurança Pública

Por Da Redação, com informações da Secretaria da Mulher


. Foto: Divulgação

 BRASÍLIA (7/6/14) – De janeiro a abril deste ano foram registradas 20 denúncias de assédio sexual no interior dos ônibus. O número equivale à praticamente metade dos casos ocorridos em todo o ano passado (42). Em relação ao primeiro quadrimestre de 2013, houve aumento de 33%.

 

Os dados são da Secretaria de Segurança Pública, com base em levantamento feito em todas as delegacias de polícia do DF, e mostram que as mulheres estão mais dispostas a reagir a esse tipo de abuso.

 

Segundo o levantamento, 80% dos casos são enquadrados como “importunação ofensiva ao pudor”. As práticas mais comuns são passar a mão ou se esfregar no corpo mulher, o famoso “encoxar”. Os outros 20% são ofensas e “cantadas, simulação de masturbação e exibição de objetos ou desenhos retratando órgãos sexuais”.

 

A Secretaria da Mulher lançou em março deste ano, em parceria com as secretarias de Transportes e de Segurança Pública, a campanha contra o assédio sexual no transporte público. Com o slogan “Assédio sexual no ônibus é crime. Denuncie. Ligue 190”, a iniciativa orienta as mulheres a acionarem a polícia sempre que se sentirem alvo desse tipo de abuso.

 

“Não tenho dúvidas de que muito disso se deve à campanha contra o assédio sexual nos ônibus que lançamos este ano. A campanha mostra para a mulher que ela não está sozinha nessa luta e que pode contar com o nosso apoio, com o apoio da Secretaria, da polícia, enfim, do GDF, do Estado”, afirmou a secretária da Mulher, Valesca Leão.

 

APOIO – A secretária Valesca Leão disse que o crescimento das denúncias mostra também que a sociedade brasiliense está mais consciente desse problema. “Queremos o apoio da população para que possamos fazer mais parcerias e também o apoio dos meios de comunicação para fortalecer nossa luta. A população tem aceitado bem a campanha e tem usado as ferramentas que o Estado disponibiliza”, acrescentou ela.

 

Para a estudante Larissa dos Santos, 17 anos, moradora de Brazlândia, o assédio sexual no ônibus humilha a vítima e causa indignação. “As pessoas não têm o respeito que deveriam ter com as mulheres. Muitas vezes, as mulheres não denunciam porque sentem vergonha, medo ou por não saberem o que fazer. Então, essa campanha tem uma importância muito grande e enfatiza o conhecimento de que temos algo a fazer contra isso e não dá para fingir que não acontece”, defendeu ela.

 

A campanha da Secretaria da Mulher desenvolve, ainda, atividades de conscientização para motoristas e cobradores, que podem ser parceiros importantes para as mulheres quando surgirem casos de assédio sexual no interior dos veículos em que trabalham.

 

Arnaldo dos Santos, 36, é motorista e trabalha na linha Rodoviária-Águas Lindas. Ele destacou que, além da campanha, o cidadão deve ser consciente do seu papel e agir. “Eu já presenciei uma cena de assédio sexual quando fazia a linha de Brazlândia e fiquei revoltado. Levei o sujeito para a delegacia e só abri a porta do coletivo no local. Fizemos uma ocorrência. Tem que ser assim”, explicou ele.

 

AGRESSORES – O estudo também traçou o perfil dos agressores. Eles preferem ficar sentados no fundo dos ônibus e utilizam mochilas ou pastas para esconder o ato de abuso. Costumam também usar blusas compridas para dificultar que testemunhas vejam a cena.

 

Para o pesquisador e psiquiatra forense Guido Palamba é fundamental a adoção de iniciativas que possam inibir a ação dos agressores. “Hoje, vemos mais uma proliferação que uma inibição dessas atitudes. Por isso, é de suma importância que haja vigilância, punição e, principalmente, campanhas que desestimulem essas pessoas a agir”, recomendou ele.

 

Confira os cartazes nos ônibus e as cartilhas com informações sobre o que configura assédio, como o crime é legalmente tipificado, maneiras de a mulher se defender e dos demais passageiros ajudarem a vítima, ficando ao lado dela e servindo de testemunha caso o agressor seja levado à delegacia.

 

(J.P./M.D*)