30/07/2014 às 21:41

Jovens da Unidade de Internação do Recanto das Emas fazem curso de informática

Em parceria com o Senac, iniciativa irá capacitar 24 alunos até o final do ano

Por Ádamo Araujo, da Agência Brasília


. Foto: Hmenon Oliveira

BRASÍLIA (30/7/14) – Em busca de mais alternativas profissionalizantes para os jovens que cumprem medida socioeducativa, a Unidade de Internação do Recanto das Emas (Unire) firmou parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac) e capacitará profissionalmente 24 jovens até o final do ano.

 

O curso de Operador de Microcomputador começou nesta quarta-feira (30). Os participantes receberam o material didático e cursarão uma carga de 200 horasaula a serem ministradas por professores do Senac. “Além de oferecer a formação profissional, o objetivo deste curso é sensibilizar esses jovens para saírem daqui com a consciência de que precisam mudar sua história de vida”, resumiu à Agência Brasília o chefe do Núcleo de Profissionalização, Gustavo Monteiro, ao destacar que, o final dos estudos, todos receberão um certificado de formação profissional.

 

Tanto o material didático quanto a metodologia de trabalho a ser adotada são os mesmos utilizados nas aulas convencionais do Sesc. “A única diferença é que aqui na Unire nosso sistema de ensino tem por meta não apenas capacitar nossos alunos para o mercado de trabalho, mas fazer um serviço de inclusão digital, com essas pessoas que já são provenientes de uma espécie de exclusão social”, destacou o coordenador pedagógico Marlon Jonson.

 

Outras parcerias já estão em andamento no Complexo Penitenciário da Papuda e no Presídio Feminino do Distrito Federal, a Colméia. “O grande desafio nesses lugares é dar a mesma aula como se fosse em qualquer outro lugar. Na verdade, é melhor ensinar nesses lugares, pois é a possibilidade que nós temos de mudar vidas”, enfatizou o professor Paulo Augusto Mello.

 

NOVAS PERSPECTIVAS – Ansiosos pelo primeiro dia de atividades, os jovens chegaram aos poucos vindos dos diversos pavilhões, chamados na unidade de módulos. Entre os futuros operadores de microcomputador está Rafael Vieira Brito*, de 18 anos.

 

Designado a cumprir três anos em virtude de um roubo a mão armada, ele se diz completamente arrependido dos atos que o levaram para a internação e vê no aprendizado de uma profissão a possibilidade de uma vida nova.

 

“Tenho dois filhos e quero dar uma vida diferente para eles. Devo sair daqui com o ensino médio concluído e vou tentar vestibular para Engenharia. Aprender informática vai ser essencial para que eu busque um emprego de verdade lá fora e lute para alcançar meus objetivos”, destacou o jovem.

 

É importante frisar que essa não é a única possibilidade de capacitação para os adolescentes que cumprem medida na Unire. A unidade oferece, também, curso de panificação, serigrafia, mecânica de motores e, em breve, montagem e manutenção de microcomputadores. Todos os jovens podem participar, porém algumas dessas oficinas possuem a exigência de determinados pré-requisitos, como a escolaridade. Para participar das oficinas, a instituição exige dos menores bom comportamento.

 

*O nome do jovem foi alterado para preservar sua imagem em observância ao artigo 143 do Estatuto da Criança e Adolescente.

 

(A.A/J.S*)