21/03/2015 às 20:36, atualizado em 03/01/2017 às 09:24

Em um mês, 200 meninas foram vacinadas contra o HPV no Distrito Federal

Número está bem abaixo da meta estabelecida pela Secretaria de Saúde. Imunização pode prevenir câncer de colo do útero

Por Mariana Damaceno, da Agência Brasília

. Foto: Gabriel Jabur/Agência Brasília

A procura na rede pública pela vacina contra o HPV (vírus do papiloma humano) ainda está pequena. Desde o início da campanha, em 3 de março, 200 meninas estiveram nas unidades de saúde em busca de imunização. O número está abaixo da expectativa da Secretaria de Saúde, que é vacinar mil a cada mês.

O serviço é oferecido durante todo o ano, sendo que a primeira dose deve, preferencialmente, ser aplicada em pré-adolescentes de exatos nove anos. A segunda é administrada depois de seis meses, e a terceira, após cinco anos da inicial.

O Distrito Federal é pioneiro na vacinação na rede pública: começou a oferecer a prevenção em 2013. A medida é uma das formas de prevenção contra o vírus — principal causador do câncer de colo do útero. Mas há quem duvide da eficácia e acabe não optando pela injeção.

Segundo o Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca), aproximadamente 291 milhões de mulheres no mundo são infectadas pelo HPV.

Tire suas dúvidas

O que é o HPV?
O HPV é uma doença sexualmente transmissível (DST) e refere-se a um grupo com mais de 100 tipos de vírus diferentes, que podem infectar pele ou mucosas. Do total, 40 são capazes de contaminar o trato anogenital (referente aos órgãos genitais e ao ânus).

Como é transmitido?
A transmissão se dá por contato direto com a pele ou a mucosa infectada, principalmente pela via sexual, seja oral-genital, genital-genital ou manual-genital. Sendo assim, o contágio é possível mesmo se não houver penetração, e a camisinha é insuficiente para esse tipo de DST, já que o preservativo não cobre necessariamente a área infectada.

Quais são os sintomas?
O Inca informa que somente 5% das pessoas infectadas pelo HPV desenvolvem algum sintoma. As lesões, visíveis ou não, podem se apresentar como verrugas, algumas popularmente chamadas de crista de galo, cavalo de crista ou figueira. Nas mulheres, são comuns no colo do útero, na vagina, na vulva, na região pubiana, na perineal e no ânus.

Como prevenir?
A principal forma de prevenção é a vacina, acompanhada pelo exame preventivo conhecido como Papanicolau.

A vacina evita todos os tipos de HPV?
A vacina aplicada pela rede pública de saúde é quadrivalente, ou seja, previne contra quatro tipos de vírus: 6, 11, 16 e 18. Segundo a gerente de Vigilância Epidemiológica e Imunização da Secretaria de Saúde, Cristina Segatto, mais de 90% dos casos de câncer de colo do útero são causados por esses vírus.

A vacinação contra o HPV estimula a relação sexual precoce?
Crianças tomam vacinas contra doenças sexualmente transmissíveis, inclusive, pouco depois de nascerem, como é o caso da Hepatite B. “Os pais nunca questionaram esse tipo de vacina, e o princípio é o mesmo”, esclarece Cristina Segatto. “Os pais são quem decidem se falam para o filho sobre as relações sexuais; a vacina não está ligada a isso.”

Por que a vacina é aplicada em crianças de nove anos?
De acordo com o registro da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a vacina quadrivalente é indicada para pessoas de 9 a 26 anos, e quanto mais cedo, melhor o efeito. O ideal é que ocorra enquanto as meninas ainda não iniciaram a vida sexual, por ser mais eficaz na proteção de indivíduos não expostos aos tipos virais.

A vacina tem efeito colateral?
Em situações raras, é possível ter alergia a algum dos componentes da vacina, assim como em outros medicamentos, segundo a especialista. No entanto, no Brasil, não foram registrados efeitos colaterais graves. “Qualquer coisa que você come pode causar alguma reação alérgica; é importante lembrar que é uma injeção e pode ocasionar dor ou endurecimento local.”

Veja onde tomar a vacina.

Unidades de saúde com sala de vacinação nas Asas Sul e Norte, em Brazlândia e em Ceilândia

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