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07/06/2015 às 13:11, atualizado em 10/06/2016 às 19:18
Memórias do arquiteto que trabalhou na construção da cidade foram entregues ao Arquivo Público do DF. O resultado deverá ser o sétimo acervo privado do órgão
A história arquitetônica de Brasília ocupa cada vez mais espaço na preservação da memória guardada pelo Arquivo Público do Distrito Federal. Em 22 de maio, o órgão recebeu, das mãos de familiares, o acervo de Gladson da Rocha Pimentel (1923-2007), arquiteto capixaba que integrou a equipe de Oscar Niemeyer na construção da cidade. “Este é mais um lado da história de Brasília que poderemos desvendar”, alegra-se a coordenadora do Arquivo Permanente do órgão, Tereza Eleutério.
Projetos urbanísticos, plantas, recortes de jornais, planos internacionais, diplomas e até abreugrafias (exame nos pulmões que diagnosticava tuberculose) dos empregados estão entre as relíquias de Pimentel. “Ainda há dúvidas sobre o que era feito de punho próprio e o que era material de pesquisa”, antecipa o historiador Elias Manoel da Silva.
Coleções individuais
O objetivo é criar um fundo com esse acervo pessoal. Em 2013, começaram a chegar algumas contribuições do arquiteto: o material tem 44 plantas, dois metros lineares de documentos, negativos de fotografias, recortes de jornais e documentos particulares.
O conjunto particular será o sétimo entre os fundos privados do Arquivo Público. Só neste ano, foram entregues memórias do ex-prefeito de Brasília Paulo de Tarso Santos e do médico, militar e pioneiro Ernesto Silva. Também existem o da bióloga belga Yvone Jean, o do fotógrafo Juca Chaves, o da professora pioneira Ecilda Ramos de Souza e registros do Brasília Palace Hotel.
Estudante no México
O interesse do arquiteto capixaba por Brasília começou antes de a capital nascer. Em 1956, ele estudava arquitetura na Universidad Nacional Autónoma, no México, quando passou por uma banca de jornais e se deparou com a manchete La Nueva Capital de Brasil, em referência ao projeto de construção do Plano Piloto.
Entusiasmado, reuniu material sobre o projeto de Lucio Costa, os estudos iniciais de Oscar Niemeyer e passou a dar palestras sobre o trabalho em capitais latino-americanas com apoio da Embaixada do Brasil.
Vida plena
Em 1957, chegou à cidade e integrou o Departamento de Urbanismo e Arquitetura da Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil (Novacap) “Iniciava-se, para mim, uma vida plena e rica, no melhor nível e na melhor equipe do país”, confessou Pimentel no prefácio do livro Minha Opção por Brasília — Planejamento Urbano e Arquitetura, lançado em 1997.
Em entrevista ao Arquivo Público do DF em 1989, para o Programa de História Oral, ele admite que Brasília foi a melhor escolha de vida. “Além da importância para pesquisadores e historiadores, os áudios são importantes para humanizarmos os personagens da história da cidade”, conclui a coordenadora Tereza Eleutério.
Ouça os áudios:
Gladson Pimentel fala sobre Brasília ao Arquivo Público do DF em 1989:
O trabalho do arquiteto inclui projetos de regiões administrativas e ainda o Setor Sul, o Setor Central do Gama, a antiga galeria Opus (na QI 7 do Lago Sul), a casa redonda da QL 4 do Lago Sul, residências de diplomatas e a Embaixada do Egito. O urbanista também acompanhou o assentamento de áreas habitacionais como o Cruzeiro Novo e a Octogonal. Um dos seus trabalhos mais icônicos é a pirâmide da Companhia Energética de Brasília — a 15 metros de altura na L 2 Norte — edificada em 1974 e demolida em 2012.
O arquiteto tece comentários sobre o projeto urbanístico do Plano Piloto em entrevista ao Arquivo Público do DF (1989):
Veja a galeria de fotos: