10/06/2015 às 21:45, atualizado em 12/05/2016 às 17:52

Chefe da Casa Civil deixa o cargo em defesa do projeto de governo de Rollemberg

Hélio Doyle disse ter pedido demissão, entre outras razões, para que as propostas do Executivo local fiquem livres de interferências políticas

Por Paula Oliveira, da Agência Brasília


. Foto: Tony Winston/Agência Brasília

O chefe da Casa Civil do governo de Brasília, Hélio Doyle, anunciou na tarde desta quarta-feira que se demitiu do cargo. A decisão foi tomada, segundo o jornalista, para que intrigas políticas não emperrem o andamento de projetos importantes para o desenvolvimento da cidade. “Tenho sido acusado de muitas mentiras, e essas intrigas têm como objetivo prejudicar o sucesso desta gestão; como eu quero que o governo dê certo, me retiro para não ser empecilho da boa relação entre o governo e a área política da sociedade”, disse, durante entrevista coletiva no Palácio do Buriti.

Doyle afirmou que as constantes críticas por parte de diversos setores da sociedade também motivaram a saída. “A proposta deste governo é instaurar a nova política e isso vai contra muitos interesses individuais; cada setor pensa em si e não nas necessidades da população que mais precisa”, destacou. Segundo ele, muitos desses interesses emperram a aprovação de medidas essenciais para que Brasília aumente a receita, pague regularmente aos servidores, consiga cobrir o custeio da máquina pública e tenha capital para fazer investimentos na cidade.

“Espero [com a demissão] que a relação entre o Executivo e a Câmara Legislativa se resfrie, pois me tornei alvo político; estou retirando o pretexto que alguns deputados e um senador usam para atacar as ações do governo”, declarou diante dos jornalistas. Hélio Doyle disse acreditar na proposta do governador Rodrigo Rollemberg — a qual ajudou a construir — e que será sempre colaborador. “Ele sabe os caminhos que vai seguir; é uma pessoa honesta, séria e bem-intencionada.”

Modelo de gestão
O chefe da Casa Civil começou o anúncio com um discurso em defesa do modelo de gestão adotado na capital desde o início do ano. Doyle comparou o mandato a uma partida de futebol que está nos nove minutos do primeiro tempo. “Quem aposta no fracasso deste governo vai quebrar a cara”, avisou. Ele chamou a atenção para a situação financeira do Estado e para as dificuldades burocráticas dos gestores. Aliado a isso, ainda há a cultura de troca de favores entre o Executivo e setores da sociedade — políticos, associações, sindicatos e empresários: “Dizer não ao toma lá dá cá incomoda, mas esse é o nosso papel.”

Ele citou os problemas na saúde, no transporte público e na nomeação de servidores concursados, além das dificuldades em aumentar a receita do Estado. “Todos sabem a situação em que recebemos Brasília, o Tribunal de Contas do DF confirmou os valores nos nossos caixas, estamos tentando aprovar medidas para resolver a situação, mas enfrentamos reações, às vezes compreensíveis, mas, em outras, descabidas.”

Por fim, quando questionado sobre seu maior erro, Doyle refletiu: “Ao contrário do que dizem [que se expôs demais], acho que em algum momento posso ter me retraído e me retirado de discussões sobre questões importantes; acredito que eu deveria ter defendido mais o governo, apesar das críticas.”

Leia nota oficial do governador Rodrigo Rollemberg sobre a saída de Hélio Doyle.

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