02/07/2015 às 14:49

Pesquisa mostra que Paranoá tem infraestrutura completa

Região tem cobertura integral de asfalto e rede de águas pluviais. De renda baixa, maioria dos habitantes é de mulheres, solteiros e nascidos no DF

Por Gabriela Moll, da Agência Brasília


Diretor de Estudos e Pesquisas Socioeconômicas, Bruno de Oliveira Cruz, e o diretor de Estudos Urbanos e Ambientais, Aldo Paviani.
Diretor de Estudos e Pesquisas Socioeconômicas, Bruno de Oliveira Cruz, e o diretor de Estudos Urbanos e Ambientais, Aldo Paviani.. Foto: Mary Leal/Agência Brasília

Atualizado em 2 de julho de 2015, às 13h51

Criado oficialmente em 1964, o Paranoá tem população estimada em 48.020 habitantes, e os jovens são maioria: 25,64% dos moradores têm entre 25 e 39 anos. Em comparação a 2013, o número médio de pessoas por domicílio diminuiu 0,05% em 2015. Há dois anos, foram computadas 12.480 residências urbanas na região, com média de 3,65 pessoas por casa. Em 2015, houve aumento de 869 domicílios, registrando um total de 13.349 e média de 3,60 pessoas por casa.

Perfil do Paranoa AgenciaBrasilia

Os dados fazem parte da Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílios (Pdad) do Paranoá, divulgada na manhã desta quinta-feira pela Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan). Baseado em informações colhidas desde janeiro, o estudo traça o perfil socioeconômico da região administrativa por meio de uma amostra de 462 unidades domiciliares urbanas.

O documento aborda ainda questões como infraestrutura, estudo, trabalho, migração e naturalidade. “A partir desses dados, podemos pensar o contexto social daquela população, que surgiu com a criação de Brasília”, lembra o gerente de Estudos Urbanos e Ambientais da Codeplan, Ségio Jatobá.  

Na questão de gênero, as mulheres são maioria (53,67%), enquanto os homens representam 46,33% da população local. Sobre o estado civil, observa-se prevalência de solteiros, 41,44%, seguidos por união estável, 21,86%; casados, 15,54%; viúvos, 5,33% e separados, 5,56%. Conforme o levantamento, 52,23% do contingente populacional é nascido no Distrito Federal, enquanto 47,77% são migrantes. Desses, 66,12% vêm do Nordeste, seguidos por Sudeste (19,26%), Centro-Oeste (10,83%), Norte (2,40%) e Sul (1,26%).

Luz e água
Com renda domiciliar média quase dez vezes menor que o registrado no Plano Piloto em 2014 (R$ 12.742,21), o Paranoá é uma das regiões do Distrito Federal de renda baixa. No entanto, apresenta totalidade de ruas asfaltadas, iluminação pública, calçadas, meios-fios e rede de águas pluviais.

O abastecimento de água, o fornecimento de energia elétrica e de esgotamento sanitário também estão presentes em praticamente todos os cerca de 13.349 domicílios. Em 2015, registrou-se também aumento da posse de bens e serviços como TV por assinatura — em 2011, era de 6,63%; em 2013, de 26,99%; e, em 2015, de 38,1% — e automóveis.

Escolaridade
Da população total do Paranoá, destaca-se o porcentual daqueles que não estudam: 70,09%. Frequentam escola pública 24,07%, sendo 0,30% em período integral e 5,84% em instituição de ensino particular. Menores de 6 anos fora da escola representam 5,17%, o que significa aumento em relação a 2013, quando esse número era de 4,24%. Entre a população estudantil, 72,03% vão a estabelecimento de ensino na própria região e 23,74%, no Plano Piloto.

Quanto ao nível de escolaridade, a pesquisa mostrou que o índice de moradores com nível superior aumentou em relação a 2013: de 3,51% para 4,87%. Os dados também demonstraram que quase metade da população (43,94%) têm ensino fundamental incompleto, e o número de analfabetos sofreu queda. Em 2013, pessoas que não sabiam ler nem escrever representavam 4,48%. A Pdad 2015 apresentou diminuição de 0,45% na estimativa, com porcentual de 4,03%.

Trabalho e meio ambiente
Segundo dados da companhia, o rendimento dos habitantes teve variações. Em 2015, a renda domiciliar média é de R$ 2.691,78, e a renda per capita, de R$ 866,48. Em 2013, os valores eram de R$ 3.006,44 e de R$ 841,13, respectivamente. Isso porque o número de residências aumentou, mas o de pessoas nas casas diminuiu.

No que se refere à ocupação, observa-se que, entre os maiores de 10 anos, 49,27% têm atividades remuneradas, enquanto 17,73% são estudantes e 11,07%, desempregados. O setor de serviços absorve 89,08% dos ocupados. 

“Pontos importantes revelados pelos dados mostram a força do comércio e a necessidade de mais escolas”, destaca o chefe de gabinete da Administração Regional do Paranoá e Itapoã, Alexandre Torres. Ele adianta que uma das ideias é investir mais em ciclovias e em mobilidade urbana. “Aqui as pessoas andam muito a pé e de bicicleta, mas também estão comprando mais carros”, afirma.

A Pdad do Paranoá também mostrou que, segundo declaração dos entrevistados, 44,37% dos domicílios contam com ruas arborizadas próximas das residências, 34,42% têm parques e jardins e 25,76% das pessoas moram próximo a uma Área de Proteção Ambiental. A ciclovia e o espaço cultural ficam perto de 23,59% dos domicílios e 55,84% dispõem de ponto de encontro comunitário.

Histórico
A Vila Paranoá originou-se do acampamento de pioneiros que trabalhavam na construção da Barragem do Lago Paranoá em 1957. Depois que a obra acabou, candangos e outros migrantes ocuparam a área de forma desordenada. Em 1960, o lugar abrigava cerca de 3 mil moradores em 800 barracos perto da barragem do Lago Paranoá.

Em 10 de dezembro de 1964, foi criada oficialmente a Região Administrativa do Paranoá, porém, somente em 25 de outubro de 1989, foram fixados os novos limites e a transferência do assentamento para o local definitivo. A área do antigo acampamento tornou-se o Parque Vivencial do Paranoá aprovado pelo Conselho de Arquitetura, Urbanismo e Meio Ambiente em 1992.

“O Paranoá é um local de resistência daqueles que queriam um lugar melhor para viver”, ressalta o diretor de Estudos Urbanos e Ambientais da Codeplan, Aldo Paviani. Ele mencionou que há uma iniciativa com a Secretaria de Cultura para revitalizar o Parque Vivencial. “Vamos restaurar pontos de referência da época da construção da cidade para preservar a parte histórica.”

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