28/08/2015 às 02:58

Governo e população debatem o destino da margem do Lago Paranoá

Em encontro batizado de Diálogos da Orla, representantes do Executivo esclareceram dúvidas de moradores

Por Paula Oliveira, da Agência Brasília


. Foto: Toninho Tavares/Agência Brasília

O acesso à orla do Lago Paranoá será liberado gradativamente assim que os órgãos que trabalham na desobstrução limpem totalmente o terreno e façam o inventário dos danos ambientais e dos equipamentos privados construídos na área pública de preservação permanente. “Sabemos que a população está ansiosa para usufruir do local, mas precisamos garantir a segurança de todos antes de liberá-lo totalmente, pois ainda há sobras de entulho e de cercas cerradas”, explicou o superintendente de Estudos, Programas, Monitoramento e Educação Ambiental do Instituto Brasília Ambiental, Luiz Rios. A informação foi dada a moradores na noite desta quinta-feira (27), durante o Diálogos da Orla, encontro para discutir o destino da margem do espelho d’água.

A reunião entre sociedade e Executivo ocorreu na Administração Regional do Lago Norte. À ocasião, moradores expuseram preocupações e dúvidas com relação à retirada de cercas e muros. O geólogo Luiz Bizzi, que tem uma casa na QL 2 do Lago Norte, mostrou-se angustiado com o fato de a operação ter iniciado antes da existência de um plano de recuperação de áreas degradadas. “Sei que esse tipo de estudo requer tempo para ser concluído, e essas áreas não podem ficar abandonadas, como ocorre em trechos já livres da orla.”

A presidente do Instituto Brasília Ambiental, Jane Vilas Bôas, explicou que não foi possível elaborar o plano sem ter acesso aos terrenos. “Cada morador foi sentenciado a elaborar individualmente o plano, e a proposta do Ibram foi unificar o estudo”, explicou. O Executivo tem 180 dias para apresentar o documento, que será produzido com participação popular. “Vamos nos basear no plano de manejo [de 2011], no zoneamento local [de 2013] e nas sugestões da população.”

O empregado público Edvan Aquino mora na Asa Norte e quis participar do processo. “Nunca pensei que fosse viver este momento e quero ter o direito de acessar livremente o Lago Paranoá, assim como os donos dos lotes que estão na margem”, disse. “Com plano ou sem plano de recuperação, essa é uma ordem judicial e precisa ser cumprida.”

O presidente da Federação de Stand Up, Marco Gorayed, quer a garantia de que todos realmente tenham acesso ao reservatório. “Não adianta tirar de particulares para os órgãos ambientais também limitarem o uso.” O superintendente do Ibram chamou a atenção para o fato de que toda a área desocupada se tornará parque e, como tal, deverá ser controlada. “Não será permitido, por exemplo, consumir bebidas alcoólicas e colocar som alto, porque será um parque em área de preservação permanente.”

A garantia de segurança foi outro tema abordado durante o encontro. O administrador interino do Lago Norte, Leandro Cazarim, informou que o fato de os lotes da QL 2 da região administrativa já estarem recuados conforme a legislação ambiental não aumentou o índice de criminalidade no local.

Cronograma
O governo de Brasília iniciou a desobstrução em 24 de agosto para cumprir sentença judicial proferida em 2011, que considera área de preservação permanente a faixa de 30 metros da margem. O cronograma do Executivo durará dois anos e está dividido em quatro fases, sendo que uma delas é referente à fiscalização para que não haja novas ocupações irregulares.

O próximo Diálogos da Orla ocorrerá em 3 de setembro, na Administração Regional do Lago Sul, das 19 às 22 horas.

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