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22/09/2015 às 18:15
Pesquisa mostra quem são os profissionais que atuam nas unidades de meio aberto e quais suas percepções sobre o sistema
Atualizado em 22 de setembro de 2015, às 18h25
A Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan) divulgou, na tarde desta terça-feira (22), estudo sobre os trabalhadores das unidades socioeducativas em meio aberto, isto é, que atendem adolescentes em cumprimento de liberdade assistida ou de prestação de serviços à comunidade. Para a coleta das informações, foram realizadas oficinas com 122 dos 183 profissionais que atuam nesses locais em Brasília.
De acordo com a pesquisa, 67,2% dos entrevistados não acreditam que as medidas socioeducativas devam ter caráter punitivo. A maioria (57,6%) acha que as ações não são brandas, e 71,4% consideram prazeroso o trabalho com os jovens. O estudo ressaltou que apenas 6,6% dos trabalhadores julgam as medidas restritivas mais eficazes para a ressocialização dos jovens do que aquelas em meio aberto. O levantamento, contudo, indicou que 63% pensam ser necessário rever o Estatuto da Criança e do Adolescente.
Entre os dados apresentados, o presidente da Codeplan, Lucio Remuzat Rennó Júnior, destaca um que chama a atenção: os servidores há mais tempo na atividade são os que gostariam de ver punições menos brandas. “É preocupante perceber que os mais antigos discordam do sistema meio aberto.” O estudo aponta que, a cada ano, aumenta em 74,8% a chance de o funcionário considerar as sanções aos jovens infratores pouco rigorosas.
Dos 122 trabalhadores entrevistados, 73% são mulheres; 77,8% têm entre 20 e 39 anos; 62,3% são brasilienses; 62,3% são negros, e 80,3% completaram ensino superior, dos quais 64,3% concluíram uma pós-graduação. A renda familiar mensal é de R$ 7 mil para 50,4% dos profissionais; e 71,3% trabalham no sistema socioeducativo há mais de três anos. De acordo com o documento, 82% afirmam ter participado de capacitação profissional nos últimos cinco anos.
O diretor de Estudos e Políticas Sociais da Codeplan, Flávio Gonçalves, ressalta que é importante estabelecer um perfil para conhecer os profissionais que desenvolvem a ressocialização. “O objetivo é criar um indicador para os trabalhadores e identificar em quais perfis há características mais adequadas para determinadas situações no cotidiano do serviço.” Já a secretária de Políticas para Crianças, Adolescentes e Juventude, Jane Klébia Reis, reforça que “deve haver investimento na formação dos servidores”.
Propostas
A Codeplan informou que os trabalhadores propõem ações para fortalecer a relação entre os atores da rede de serviços socioeducativos e as famílias. Os profissionais também pedem maior compreensão pelo Poder Judiciário da realidade vivida nas unidades. E solicitam a utilização, por parte dos profissionais da segurança pública, de métodos humanizados para lidar com os adolescentes infratores.
O estudo revelou que a maioria dos trabalhadores pesquisados mora no Plano Piloto (12,3%) e em Taguatinga (12,3%). O Entorno também abriga profissionais que atuam nas unidades de meio aberto do DF. Eles vivem no Novo Gama (1,64%), em Águas Lindas (0,82%) e em Valparaíso de Goiás (0,82%).
Também participaram da apresentação da pesquisa o secretário da Segurança Pública e da Paz Social, Arthur Trindade; o subsecretário do Sistema Penitenciário, da Secretaria de Justiça e Cidadania, João Carlos Couto Lóssio Filho; o assessor do subsecretário de Educação Básica, da Secretaria de Educação, Firmino Moreira de Queiroz; e o diretor-executivo da Fundação de Ensino e Pesquisa em Ciências da Saúde (Fepecs), da Secretaria de Saúde, Armando Raggio.
Acesse o estudo da Codeplan.
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