Debate em Ceilândia Norte sobre racismo marca Dia da Consciência Negra

No Dia da Consciência Negra, o governo de Brasília promoveu o primeiro Diálogo da Juventude Negra. O encontro, no Centro de Referência Especializado em Assistência Social de Ceilândia Norte, foi marcado por debate sobre racismo. O evento fez parte da Semana Nacional da Consciência Negra 2015, realizada em parceria com o Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos.

Sob o tema Desafios de uma Política de Enfrentamento à Violência contra a Juventude Negra, as discussões foram conduzidas pelo representante do Fórum da Juventude Negra do Distrito Federal e Entorno, Israel Melo, e pela coordenadora de Políticas de Igualdade Racial, da Secretaria do Trabalho, Desenvolvimento Social, Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos, Janaína Bittencourt.

Os participantes enfatizaram a questão do assassinato de jovens negros, que têm, nacionalmente, 2,5 vezes mais chances de serem mortos do que os brancos, segundo dados do relatório Índice de Vulnerabilidade Juvenil à Violência e Desigualdade Racial 2014, da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). O documento foi elaborado em parceria com a Secretaria-Geral da Presidência da República e apresentado em maio. No Distrito Federal, o índice sobe para 6,5 vezes.

Viva Brasília
Como enfrentamento ao problema, Janaína apontou aspectos positivos do Viva Brasília — Nosso Pacto pela Vida, programa de segurança pública baseado na integração do trabalho das forças policiais com o de outros órgãos do governo e no diálogo com a comunidade. “O programa tem sido feito com a sociedade e tem um forte recorte social, entendendo que o alvo, muitas vezes, é o jovem negro. A Secretaria da Segurança Pública [e da Paz Social] se esforça para agir com outras secretarias em relação ao estado vulnerável da população negra”, opinou.

Israel Melo defendeu reforço nas políticas de combate ao preconceito racial. “Na nossa leitura, a população negra tem de ser prioritária no ingresso a universidades”, pontuou. Ele destacou ainda o problema do racismo institucional e disse que as escolas, por exemplo, não deveriam debater o tema apenas em datas comemorativas.

No diálogo, Danielle Benício, secretária executiva do Conselho Distrital de Promoção e Defesa de Direitos Humanos, chamou a atenção para outros preconceitos que se conectam ao racismo. “Não podemos esquecer que a intolerância religiosa anda de mãos dadas com o racismo.” Segundo ela, desde julho, dez casas de candomblé do Distrito Federal e do Entorno sofreram atos de vandalismo.

O evento foi organizado pela Subsecretaria de Igualdade Racial, da pasta do Trabalho, Desenvolvimento Social, Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos do Distrito Federal, em parceria com a Secretaria de Políticas de Ações Afirmativas, do Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos. O Dia da Consciência Negra é celebrado nacionalmente como marca da história de luta e de resistência da população negra do Brasil.

Exposição
A Estação Central do metrô de Brasília, na Rodoviária do Plano Piloto, recebe até 25 de novembro a exposição Trabalho e Presença Negra na Construção de Brasília (1956-1960). Os painéis retratam o dia a dia nos canteiros de obras e nas cantinas, nas hospedagens e nos refeitórios da Cidade Livre, que se transformou no Núcleo Bandeirante.

As fotografias são do Acervo Público e a concepção visual da mostra é do artista plástico brasiliense Paulo Athaíde Cavalcante. Na quinta-feira (26), a exposição vai para a Estação Terminal Ceilândia, onde fica até 4 de dezembro. Depois, em 7 de dezembro, segue para a Estação Praça do Relógio e permanece até 16 de dezembro. Por último, será recebida na Estação Terminal Samambaia, até 28 de dezembro.

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