22/11/2015 às 15:21

Casa do Cantador comemora 29 anos

O espaço em Ceilândia é o ponto de encontro de músicos regionais em Brasília desde a abertura das portas, em 1986

Por Gabriela Moll, da Agência Brasília


. Foto:Tony Winston/Agência Brasília

Atualizada em 23 de novembro de 2015, às 8h22 

“Faço repente e poesia desde que nasci”, garante o potiguar de Encanto (RN), Geraldo Pereira, de 55 anos. Morador de Águas Lindas (GO) há 22 anos, Geraldinho, como é conhecido no meio artístico, frequenta a Casa do Cantador, em Ceilândia, desde a inauguração do espaço, em 1986. “Aqui é a casa da cultura nordestina”, destaca o comerciante.

Geraldinho conta que o local já abrigou grandes nomes do repente brasileiro. “Zé Cardoso, Geraldo Amancio, todos passaram por aqui”, elenca o artista. Ele reforça que, além dos cantadores, o espaço abriga forrozeiros, sanfoneiros e outros músicos regionais desde o início das atividades. “Para nós é muito gratificante ter um lugar como esse para chamarmos de casa”, declara.

Aos 77 anos, o sanfoneiro Zé Paraíba orgulha-se ao falar de sua trajetória de 55 anos de forró. “Já gravei 65 discos e 740 músicas”, afirma. Apadrinhado por ninguém menos que Luiz Gonzaga, com quem tocou de 1957 a 1980, o músico chegou à Casa do Cantador em 1997, por meio do convite do então governador do DF e atual senador Cristovam Buarque (PDT), para fazer uma apresentação. “Toquei aqui [em Brasília] e decidi ficar”, explica o sanfoneiro.

Zé Paraíba, que mora com os dois filhos em São Sebastião, define o lugar como o “coração de Ceilândia”. “É aqui que gostamos de ficar, nossa referência, nosso lar”, afirma o paraibano de São José de Piranhas. Em 2014, o músico lançou um CD e um DVD para comemorar os mais de 50 anos de carreira. “Tocar é um vício. Só deixamos a profissão quando morremos.”

Festival
Nesse fim de semana, Ceilândia comemorou os 29 anos da Casa do Cantador, na QNN 32, com música, folclore, teatro mamulengo, literatura de cordel e outras expressões artísticas do Nordeste. Só no sábado (21), cerca de 800 pessoas passaram pelo Festival Regional de Cultura Popular, segundo o diretor da casa, Francisco de Assis Chagas Filho.

O evento gratuito foi até a meia-noite de domingo (22). “Para o ano que vem, esperamos uma grande festa de 30 anos. Além disso, pretendemos trazer de volta projetos como a Sexta do Repente e o Sabadão do Forró”, adianta o diretor.

A iniciativa foi da Administração Regional de Ceilândia, da Associação dos Cantadores Repentistas e Escritores Populares do DF e Entorno e da Associação dos Forrozeiros do Distrito Federal, com o apoio da Quadrilha Sanfona Lascada.

História
A Casa do Cantador é considerada o “palácio da poesia e da literatura de cordel” no Distrito Federal. Foi inaugurada em 9 de novembro de 1986 e fica na QNN 32, em Ceilândia — região administrativa que concentra a maioria dos imigrantes do Nordeste em Brasília.

O local é palco de apresentações de cantores de repente e embolada, exposições de culinária e cultura nordestina, oficinas de música e trabalhos de inclusão digital. Nas décadas de 1980 e 1990, recebeu nomes como Luiz Gonzaga e Dominguinhos.

O espaço conta também com uma biblioteca batizada em homenagem ao poeta popular cearense Patativa do Assaré, na qual é possível encontrar grande acervo de cordéis e exemplares de expoentes da literatura nordestina, como Jorge Amado e Ariano Suassuna.

Casa do Cantador
QNN 32, Área Especial, Ceilândia Sul
Visitação de segunda a sexta-feira, das 9 às 18 horas
(61) 3378-5067

Veja a galeria de fotos:

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