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27/04/2016 às 17:59
Comitê gestor reuniu-se para apresentar problemas que devem ser enfrentados para preservação da área de relevante interesse ecológico
O primeiro encontro formal do Comitê Gestor da Área de Relevante Interesse Ecológico (Arie) Granja do Ipê ocorreu nessa terça-feira (26) na Universidade Internacional da Paz — organização não governamental (ONG) e sem fins lucrativos criada em 1986 e instalada na propriedade. Membros do colegiado se apresentaram, foram empossados e conheceram um pouco mais sobre a Arie, em exposição feita por Regina Fittipaldi, representante da ONG e integrante do colegiado.
Além das características do local, foram abordados o contexto histórico e os problemas enfrentados pelos defensores da região, entre eles a retirada de cascalho para construção de estradas, a alta quantidade de lixo nas nascentes, o manejo inadequado dos recursos hídricos, as queimadas por ação do ser humano, o assoreamento dos córregos, as cenas de violência urbana e a ocupação irregular do solo.
Responsável por garantir a conservação da área, o grupo é composto por 22 pessoas: nove representantes do governo, nove da sociedade e quatro de instituições de ensino e pesquisa. Todos têm mandato de dois anos.
O Decreto nº 37.198, de 21 de março, que criou o colegiado, foi assinado pelo governador Rodrigo Rollemberg em 20 de março, e os representantes foram definidos por meio da Portaria Conjunta nº 1, de 4 de abril. A instituição é prevista na Lei nº 827, de 22 de julho de 2010. A norma determina que unidades de conservação, entre elas as áreas de relevante interesse ecológico, tenham um grupo responsável por preservá-las. Também é papel do comitê auxiliar na implementação do plano de manejo e desenvolver atividades de educação ambiental.
Para a presidente do Instituto Brasília Ambiental (Ibram), Jane Vilas Bôas, compartilhar com a população a responsabilidade de cuidar da Granja do Ipê é prioridade da atual gestão. “Um dos componentes da sustentabilidade é o apoio em algo duradouro. A sociedade vai nos ajudar a dar continuidade ao legado que deixarmos aqui”, afirmou. O secretário do Meio Ambiente, André Lima, agradeceu a oportunidade de fazer parte do processo e ressaltou o empenho dos presentes. “Uma sociedade mobilizada faz toda a diferença; o comitê é um exemplo, um apoio fundamental para o meio ambiente e para a cidadania.”
Granja do Ipê
Em um perímetro de 1.143 hectares que faz fronteira com Núcleo Bandeirante, Park Way, Recanto das Emas e Riacho Fundo I está preservada grande parte da biodiversidade do DF. É lá, na Granja do Ipê, dentro da área de preservação ambiental (APA) do Planalto Central, que nascem os Córregos Capão Preto e Ipê. Juntos, eles formam o Coqueiro, único afluente que leva ao Riacho Fundo I e ao Riacho Fundo II água adequada para consumo.
Além da alta capacidade de abastecimento hídrico, o terreno conta com flora e fauna exuberantes. Exemplares do Cerrado e espécies ameaçadas, como tamanduás-bandeira e lobos-guará, estão em toda a parte. No local, gerido pelo Ibram, há pelo menos dois sítios arqueológicos pré-históricos, estudados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Na década de 1960, o primeiro prefeito de Brasília, Israel Pinheiro (1896-1973), escolheu a Granja do Ipê como residência oficial.
Reunião
No início do encontro de ontem (26), a cantora Célia Porto entoou o Hino Nacional acompanhada pelo maestro Rênio Quintas. Oitenta e cinco alunos de 4 e 5 anos da Escola Classe Ipê — que oferece, em tempo integral, educação básica a 350 alunos da região e funciona dentro da Arie — assistiram a parte da apresentação de Regina Fittipaldi, e adolescentes do Centro Educacional Agrourbano Caub I cantaram.
No fim dos discursos, foi tocado o Sino da Paz, réplica do que está no jardim da sede das Nações Unidas, em Nova York, nos Estados Unidos. “Tocamos esse sino em ocasiões especiais, quando queremos que algo bom reverbere além daqui”, explicou Regina, em referência ao objeto inaugurado em 27 de abril de 1997 como símbolo da paz no Brasil.
Também compuseram a mesa o presidente da Associação de Produtores Rurais do Conglomerado Agrourbano de Brasília, Josué Camargo, e a técnica da Secretaria da Agricultura, Abastecimento e Desenvolvimento Rural Márcia Cristina Cardoso Ferreira.
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