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26/05/2016 às 10:45, atualizado em 27/05/2016 às 16:53
Organização não governamental mantém convênio com governo para atendimento da comunidade e dos estudantes da rede pública
Estudantes da rede pública de ensino ou membros da comunidade que tenham alguma deficiência e queiram praticar esporte podem procurar orientação na organização não governamental Associação do Centro de Treinamento de Educação Física Especial (Cetefe), no Setor de Áreas Isoladas Sul, na Asa Sul. O local oferece modalidades esportivas adaptadas e orientação funcional.
O projeto tem convênio com a Secretaria de Educação e é voltado a pessoas a partir dos 4 anos. Todos os níveis esportivos, da estimulação ao alto rendimento, são contemplados, assim como todas as deficiências — física, visual, intelectual e auditiva. Para pleitear a vaga, o interessado precisa se cadastrar no site.
São oferecidas 16 modalidades em três turnos. A quantidade de vagas depende do esporte escolhido. Hoje, a Cetefe tem 1.545 cadastrados nos programas de atendimento. Uma vez inscrita, a pessoa com deficiência passa por avaliação funcional. Todos os alunos da rede pública têm direito ao atendimento e à prática esportiva.
Esse estudo é feito por equipe multidisciplinar formada por fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais e educadores físicos para identificar quais as atividades recomendadas de acordo com o nível de comprometimento da lesão ou do trauma. A partir daí, é possível saber também para quais estágios a pessoa pode avançar para melhorar a qualidade de vida em geral.
“A essência do trabalho é explorar melhor a condição pré-existente e promover a inclusão de forma mais rápida e direcionada. Muitas vezes, para a pessoa chegar ao processo de inclusão plena, ela passa por uma série de experiências que podem culminar em uma vivência negativa”, explica o responsável técnico pela Cetefe, professor Ulisses Araújo.
A melhoria na qualidade de vida trouxe também uma nova profissão para a assistente social Aline de Oliveira Cabral, de 30 anos. Ela começou a praticar basquete há 15 anos, após sofrer uma lesão na coluna. A ideia era reaprender a se exercitar com a cadeira de rodas. Com o tempo, Aline percebeu que um esporte individual poderia incrementar o desenvolvimento motor e melhorar o deslocamento com o equipamento. “Sempre via as aulas de tênis e achava interessante. No fim de 2012, decidi mudar de modalidade e foi muito bom. É um esporte que exige muita concentração e foco, e o resultado depende exclusivamente de mim”, avalia. Hoje, compete profissionalmente e tem objetivos claros. “Minha meta é chegar à seleção brasileira”, afirma.
A Cetefe mantém um termo de cooperação técnica com a Secretaria de Educação, que estabelece a atuação de 15 professores, com formação especializada em esportes adaptados. Educadores físicos da Secretaria do Esporte, Turismo e Lazer também atuam no local. As atividades podem ser tanto no sentido de melhorar o processo de aprendizagem do aluno em sala de aula como o de desenvolver o esporte de alto rendimento. “Oferecemos orientação aos professores da sala de recursos da rede pública, por exemplo, para que eles saibam o que podem trabalhar com os alunos, quais as limitações e onde podem atuar para ajudá-los a se desenvolver”, explica Araújo.
A Cetefe também oferece apoio aos atletas escolares. Assim, todos os estudantes que representam o Distrito Federal em competições têm direito a receber atendimento, inclusive com a parte de fortalecimento na sala de musculação. O local é uma parceria com o Comitê Paralímpico Brasileiro.
A entidade faz ainda análises para melhoria de recursos, como cadeira de rodas e próteses. “Fazemos uma readequação da cadeira, por exemplo, que vai permitir ao aluno desempenhar os exercícios. Há casos em que não conseguiam fazer educação física não por falta de condição física, mas por problemas no equipamento”, conta o responsável técnico da Cetefe. A instituição recebe recursos do governo federal e da Caixa Loterias. O patrocínio custeia material e gastos com manutenção da instituição. Com o governo de Brasília, a Cetefe mantém um termo de cooperação que prevê a atuação de educadores físicos no ensino das modalidades esportivas.
Outro campo de atuação da entidade é o desenvolvimento de habilidades por meio da tecnologia assistiva, que usa computadores e dispositivos eletrônicos para trabalhar a área cognitiva e motora dos alunos. O trabalho é desenvolvido em parceria com a Universidade de Brasília e usa recursos, como mouses adaptados e jogos eletrônicos, para estimular a psicomotricidade dos alunos.
As atividades variam de acordo com a necessidade de cada um. Há casos em que a estimulação de determinada região do cérebro influencia diretamente o aprendizado. Em outros, o adaptador de mão favorece o fortalecimento muscular e, dessa forma, possibilita à criança conseguir pintar e desenhar. Também são oferecidas orientações, para a escola e para família, sobre como posicionar a criança para a alimentação ou para levá-la a um passeio no parquinho, por exemplo. “Para que a criança possa ter autonomia e tenha o aprendizado viabilizado”, explica a educadora física e fisioterapeuta da Cetefe Márcia Benetti.
Edição: Paula Oliveira