04/06/2016 às 20:04, atualizado em 13/12/2016 às 13:45

No quarto dia de negociação, mais um ocupante deixa o Torre Palace

Homem decidiu se entregar no fim da tarde deste sábado (4). Ele é a quarta pessoa a sair do antigo hotel desde que começou operação para desocupar o local

Por Ádamo Araujo, da Agência Brasília

No fim da tarde deste sábado (4), por volta das 17h50, Ademiltom dos Santos, 42 anos, decidiu deixar o Hotel Torre Palace, no Setor Hoteleiro Norte, no Plano Piloto. Ele é o quarto ocupante a sair do local desde que a Secretaria da Segurança Pública e da Paz Social iniciou operação há quatro dias para negociar a desocupação do prédio. As negociações foram encerradas às 20 horas e serão retomadas no domingo (5).

Durante todo o sábado, os negociadores da polícia militar tentaram manter diálogo para que os responsáveis entendam a necessidade de retirar bebês e crianças do local, como determina decisão da Vara da Infância e Juventude do DF.

Durante todo o sábado, os negociadores da polícia militar tentaram manter diálogo para que os responsáveis entendam a necessidade de retirar bebês e crianças do local. Foto: Tony Winston/Agência Brasília

O homem foi atendido pelo Corpo de Bombeiros e conduzido para o Hospital Regional da Asa Norte, como procedimento padrão. Em seguida, ele será levado para o Departamento de Polícia Especializada (DPE) para prestar esclarecimentos. Ademiltom dos Santos decidiu deixar o prédio após intensa negociação com a equipe da Polícia Militar do Distrito Federal, que retomou a operação às 8 horas de hoje.

Integrante do Movimento de Resistência Popular (MRP) – dissidência do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto –, ele saiu sem prestar declarações ou dizer como está a situação dos que permanecem na estrutura. Outras três pessoas deixaram o prédio após o início da operação: duas no primeiro dia de negociação e uma ontem (3). Doze abandonaram o hotel antes da ação.

Segundo a secretaria, de 10 a 15 pessoas, entre elas crianças, ainda ocupam o Torre Palace. Durante todo o sábado, os negociadores da polícia militar tentaram manter diálogo para que os responsáveis entendam a necessidade de retirar bebês e crianças do local, como determinou a Vara da Infância e da Juventude do DF. Ainda de acordo com a pasta, as mães foram notificadas pessoalmente da decisão da justiça, mas optaram por permanecer na ocupação, mesmo informadas de que se trata da última oportunidade para não perderem a guarda dos filhos.

Por volta das 19h30, o subsecretário de Movimentos Sociais e Participação Popular, da Casa Civil, Relações Institucionais e Sociais, Acilino Ribeiro, acompanhado da equipe de negociação da PMDF, subiu as escadas do prédio para conversar com os representantes do movimento. Após cerca de 30 minutos, Ribeiro retornou e destacou que os representantes avaliarão liberar as crianças.

Um grupo de cerca de 20 manifestantes continua acampado ao lado da Via N1 que, assim como nos dias anteriores, tem trecho em frente e nas proximidades do hotel (Quadra 2 do Setor Hoteleiro Norte) interditado por motivo de segurança. A W3 Norte no sentido Asa Sul também passa por bloqueio no trânsito, que vai da altura da Quadra 2 até o primeiro viaduto.

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Decisão judicial

Desde outubro, o antigo hotel está ocupado pelo MRP, por pessoas que vivem nas ruas e por usuários e traficantes de drogas, segundo as forças de segurança locais. A operação para desocupar o lugar começou na quarta-feira (1º), depois que os ocupantes impediram ação de órgãos públicos para combater focos do mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, do zika vírus e da febre chikungunya, e a presença de ratos.

A desocupação coordenada pela Secretaria da Segurança Pública e da Paz Social tem como base a decisão judicial que autoriza o governo de Brasília a desocupar o prédio, haja vista o relatório emitido pela Subsecretaria de Proteção e Defesa Civil, subordinada à pasta, condenando a estrutura do hotel, e a interdição da Agência de Fiscalização do DF (Agefis) de 19 de abril, o que coloca em risco a vida dos próprios invasores.

O total de agentes de segurança empregados diariamente na operação é de aproximadamente 300 servidores, entre policiais militares, bombeiros militares, agentes do Detran, da Agefis, da Defesa Civil e Secretaria da Segurança Pública e da Paz Social, além de órgãos de apoio, como a Companhia de Saneamento Ambiental (Caesb) e a Companhia Energética de Brasília (CEB). O Corpo de Bombeiros está no local com um helicóptero e um médico de plantão.

Edição: Amanda Martimon