19/07/2016 às 17:35, atualizado em 05/12/2016 às 15:39

Governo de Brasília constata a adesão de produtores ao vazio sanitário da soja

De 1º de julho a 30 de setembro, o cultivo do grão está proibido para evitar a proliferação da ferrugem asiática. Das 140 propriedades vistoriadas pela Secretaria da Agricultura, apenas duas desrespeitaram a moratória do plantio

Por Jade Abreu, da Agência Brasília

Produtores agrícolas do Distrito Federal não podem cultivar soja até 30 de setembro – a restrição do cultivo, chamado de vazio sanitário do grão, começou em 1º de julho. O objetivo é que as plantas do cultivo anterior sejam eliminadas para reduzir a proliferação do fungo Phakopsora pachyrhizi, que causa a ferrugem asiática, uma praga que pode prejudicar as próximas colheitas. Para garantir o cumprimento da determinação e dar mais segurança aos agricultores, desde o início do período, técnicos da Secretaria da Agricultura, Abastecimento e Desenvolvimento Rural fiscalizam as lavouras de soja, rodando por volta de 350 quilômetros por dia.

“Os produtores são muito conscientes, eles sabem da importância do vazio e, inclusive, denunciam”, afirma a gerente de Sanidade Vegetal da secretaria, a engenheira agrônoma Marília Bittencourt Angarten.

Técnicos da Secretaria da Agricultura fiscalizam lavouras de soja para garantir o cumprimento do vazio.

Técnicos da Secretaria da Agricultura fiscalizam lavouras de soja para garantir o cumprimento do vazio. Foto: Dênio Simões/Agência Brasília

O órgão é o responsável pela fiscalização. As ações, diárias nesta época, começam por volta das 8 horas. Geralmente em duplas, os técnicos fazem a varredura por áreas de plantação que podem ter descumprido a medida. Até segunda-feira (18), a equipe havia identificado a irregularidade em apenas duas propriedades de 140 vistoriadas.

Após ser identificado um descumprimento do período do vazio, o produtor tem 15 dias corridos para se justificar. A explicação é apresentada aos técnicos, que fazem as considerações e as apresentam à Diretoria de Sanidade Agropecuária e Fiscalização, que decide sobre a multa. Caso seja a primeira infração, o valor será de R$ 15.001. Nas ocorrências seguintes, o valor é dobrado até atingir o limite de R$ 50 mil.

Segundo o técnico da secretaria Adaílton Soares Guimarães, é importante que, depois de eliminar as plantas, o produtor continue a monitorar a lavoura. “Uma chuva fora de época pode fazer com que nasçam alguns pés de soja”, exemplifica.

Qualquer pessoa pode alertar as autoridades sobre suspeitas de descumprimento do vazio sanitário pelo telefone (61) 3051-6422 ou pelo e-mail gsv.defesa.seagri@gmail.com.

Controle da produção

A produção de soja em Brasília é usada geralmente para ração de aves e de suínos e para fabricação de óleo. Como a soja precisa de irrigação, o período da seca é o mais propício para o vazio. “O que define o período do vazio é o calendário da safra”, explica Guimarães. Nesse período, o agricultor pode cultivar outras plantações.

De acordo com Marília Bittencourt Angarten, o vazio sanitário da soja “é uma questão de sustentabilidade da produção. São 90 dias para que a plantação se desenvolva sem a ferrugem asiática ou pelo menos em um estágio reduzido”.

Desde 2001 no Brasil, a ferrugem asiática causou prejuízo de R$ 3,8 bilhões nas lavouras brasileiras. Por isso, em 2007, foi assinada uma instrução normativa do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento que orienta os produtores a seguir o vazio e evitar a ferrugem.

Segundo o ministério, a medida é adotada em outras 13 unidades da Federação: Bahia, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraná, Piauí, Rondônia, Santa Catarina, São Paulo e Tocantins.

Vazio sanitário do feijão

Assim como a soja, o feijão passa por um período de restrição para proteger a colheita. O vazio sanitário do grão dura um mês (de 20 de setembro até 20 de outubro). Para o alimento, a ameaça é o vírus do mosaico, transmitido pela mosca-branca. Os danos causados pelo inseto podem ser diretos, pela sucção da seiva e pela injeção de toxinas, e indiretos, pela excreção de substância açucarada que favorece o crescimento do fungo.

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