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25/07/2016 às 17:48, atualizado em 06/11/2017 às 11:58
Cada unidade tem normas específicas, de acordo com as características ambientais. Na Lagoa dos Sapos do Olhos d’Água, por exemplo, a pesca é proibida
Os parques ecológicos são unidades de conservação com vegetação e fauna sensíveis — em alguns casos, raras. Por isso, o respeito a normas de conduta por parte dos visitantes é uma forma de garantir o uso da área sem prejuízos para a biodiversidade. As regras variam conforme as características de cada local. Assim, se em um parque é permitido andar de bicicleta, em outro, a construção de uma ciclovia pode causar profundo impacto no equilíbrio ambiental.
As normas de cada parque são definidas por meio de plano de manejo. Em alguns casos, o documento está em elaboração, observando os novos critérios para recategorização das unidades. Para saber as regras específicas de um parque, o visitante pode consultar placas e letreiros ou pedir informações a funcionários do local.
A retirada de vegetação e a caça de animais são proibidas em qualquer unidade de conservação. Ainda assim, há quem insista em descumprir a determinação, exposta em placas e letreiros. No Olhos D’Água, por exemplo, o cuidado dos agentes de parque é constante para evitar a pesca na Lagoa dos Sapos. O reservatório forma-se por causa de uma nascente e, não raramente, os técnicos encontram linhas e anzóis camuflados na borda. “Temos de monitorar constantemente a área, porque as pessoas entram com o material escondido em bolsas e mochilas. Nunca fizemos flagrante, infelizmente”, explica o administrador de Unidades de Conservação e Parques do Instituto Brasília Ambiental (Ibram), Claudiomir Gonçalves da Silva.
No Parque Ecológico de Águas Claras, o acesso de animais domésticos é permitido, mas é exigido o uso de coleira, pois o local tem animais silvestres, como abelhas, pássaros, capivaras e quatis, e o contato deles com cães pode resultar em ataques e morte de filhotes. É preciso também recolher as fezes produzidas pelos cachorros. “Em alguns casos, os frequentadores se irritam com a obrigatoriedade e mostram o saquinho, apesar de não retirar o material”, conta o técnico em meio ambiente do Ibram Rui Carlos Coelho. Outra prática vetada é dar água do bebedouro para os animais. “Para evitar isso, fizemos parceria com uma pet shop e vamos construir pontos de fornecimento de água só para cachorros”, explica Coelho. A média de visitação no local é de 4 mil pessoas por dia.
Já no Parque Ecológico Dom Bosco, no Lago Sul, a entrada de animais domésticos é proibida. “Às vezes, mesmo por brincadeira, eles afugentam a fauna local. Se não atacam, deixam urina e cheiros que influenciam o habitat de tatus, calangos e corujas”, detalha o agente de parque Francisco Maciel. O fato de o parque só ter um portão de entrada facilita o controle do acesso. “Hoje em dia, está mais fácil o entendimento dos usuários; eles compreendem a necessidade de restrições”, conta. O parque recebe 800 pessoas por dia, durante a semana, e 1,5 mil aos fins de semana.
Há casos em que a prática esportiva precisa ocorrer em espaços específicos para evitar danos à vegetação. O slackline — esporte em que o praticante se equilibra sobre uma fita elástica presa em dois pontos fixos — é bastante comum em parques. No entanto, se a fita for fixada nas árvores, ela pode sobrecarregar o tronco e enfraquecer as raízes. Assim, a recomendação é que ele seja praticado em postes, a exemplo dos que foram colocados no Parque Ecológico Dom Bosco. Nele, o esporte de referência é o skate. “A pista de 1,8 quilômetro, em ladeira, é toda reservada para o longboard”, informa o agente de parque Francisco Maciel.
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Mesmo com o espaço para esporte bem definido, os usuários precisam estar atentos às práticas sustentáveis. No Parque de Águas Claras, por exemplo, uma caixa d’água de 10 mil litros com água bruta de nascente é usada para resfriar as quadras de areia. Ela evita o consumo da água tratada pela Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb). “Antes, os visitantes queriam pegar a água tratada da Caesb que sai dos chuveiros para jogar na quadra. Então, nós localizamos uma nascente a 900 metros do parque, fizemos uma ligação para canalizar a água e a aproveitamos para resfriar a areia e aguar canteiros. A água é armazenada em uma caixa, e a usamos conforme a necessidade”, conta Rui Coelho.
As restrições também podem vir por demanda da população, como a que impede a circulação de bicicletas e skates na pista interna do Parque Olhos D’Água. Quando o regulamento da unidade foi feito, os usuários pediram que o uso desses objetos fosse proibido, conforme consta da Portaria nº 1, de 22 de fevereiro de 2002.
Para Claudiomir Silva, é fundamental que a comunidade entenda as razões pelas quais as unidades de conservação são criadas. “Elas não são estabelecidas apenas pelo lazer, mas pela vocação, pelo interesse ambiental. O Olhos D’Água tem o objetivo de proteger nascentes e evitar que o terreno seja pisoteado e que as raízes fiquem à mostra.”
Edição: Marina Mercante