05/08/2016 às 08:56, atualizado em 24/05/2017 às 10:11

Filme do DF no 49º Festival de Brasília trata de privacidade nas relações pessoais

Único representante na mostra competitiva, o longa-metragem Malícia, do diretor Jimi Figueiredo (foto), foi produzido com recursos do Fundo de Apoio à Cultura

Por Gabriela Moll, da Agência Brasília

Filmado e produzido na capital, o representante do Distrito Federal na mostra competitiva do 49º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro levará ao Cine Brasília (106/107 Sul) um novo olhar sobre as relações pessoais. O longa-metragem Malícia, do diretor Jimi Figueiredo, foi escolhido entre 132 títulos inscritos — dez do DF — e concorrerá a R$ 250 mil em prêmios pela principal categoria do evento, que ocorre de 20 a 27 de setembro. Os outros oito filmes que compõem a mostra vêm do Amazonas, do Ceará, de Pernambuco e do Rio Grande do Sul. Minas Gerais e Rio de Janeiro entram com duas produções cada um.

O longa-metragem Malícia, do diretor Jimi Figueiredo, foi escolhido entre 132 títulos inscritos.

O longa-metragem Malícia, do diretor Jimi Figueiredo, foi escolhido entre 132 títulos inscritos . Foto: Toninho Tavares/Agência Brasília

Para o diretor estreante na categoria, concorrer na mostra competitiva significa muito. “Cresci participando do cinema na nossa cidade. Lançar o longa dessa forma, no nosso festival, é uma felicidade imensa”, comemora o paraibano Jimi Figueiredo, radicado em Brasília desde 1970.

[Olho texto=”As cenas de Malícia, longa-metragem produzido com recursos do FAC, foram rodadas em Ceilândia, no Plano Piloto e em Sobradinho” assinatura=”” esquerda_direita_centro=””]

A obra brasiliense foi produzida com o orçamento de R$ 900 mil, obtidos por meio de edital do Fundo de Apoio à Cultura (FAC) de 2012. Os recursos foram liberados em 2013, e, por dois anos, a equipe de cerca de 40 pessoas produziu, filmou e finalizou o longa. As cenas foram gravadas em Ceilândia, no Plano Piloto e em Sobradinho.

Durante 87 minutos, o filme aborda a temática da privacidade e de como a tecnologia se apresenta como uma interlocução contemporânea na vida das pessoas. A história de Malícia começa com a dificuldade de um dono de restaurante que tenta pagar suas dívidas por meio de propina. O que ele não imagina é que está vigiado por uma câmera hackeada (invadida) no próprio computador. “Ao longo do filme, o público descobre quem o observa e como, e os elementos que estão fora do foco da corrupção”, destaca o cineasta.

[Olho texto=”“É um filme de Brasília, mas, antes de tudo, é uma obra do cinema nacional, que tem o objetivo de fortalecer a cidade no segmento brasileiro.”” assinatura=”Jimi Figueiredo, diretor do longa-metragem Malícia” esquerda_direita_centro=””]

“Malícia não quer dizer maldade, mas sim entrar no jogo e saber como jogá-lo. Essa é a reflexão que queremos”, explica Figueiredo, em referência ao título da obra. A ideia, segundo ele, surgiu de uma curiosidade sobre como as pessoas se observam e sobre como a falta de privacidade pode ressignificar a comunicação.

No elenco, há uma mistura entre atores locais e do eixo Rio-São Paulo. Mesclar os artistas, segundo Figueiredo, é uma forma de criar uma ponte entre as cidades. “É um filme de Brasília, mas, antes de tudo, é uma obra do cinema nacional, que tem o objetivo de fortalecer a cidade no segmento brasileiro”, reforça. “As cenas foram gravadas aqui [em Brasília], mas muitas podem ser consideradas de qualquer lugar do País.”

Quem é Jimi Figueiredo?

Natural de Campina Grande (PB), o diretor Jimi Figueiredo formou-se em 1988 em comunicação social, pela Universidade de Brasília, onde teve contato com os cineastas Vladimir Carvalho (O Homem de areia, 1982; Barra 68, 2001) e Geraldo Moraes (No coração dos deuses,1999). É veterano na Mostra Brasília, exibição coordenada pela Câmara Legislativa do DF e exclusiva para produções locais.

Em 2009, ele venceu a categoria melhor curta-metragem com a obra Verdadeiro ou falso (2009). Em 2011, conquistou a de melhor filme com o longa-metragem Cru (2011). Outro longa de autoria de Figueiredo, Jogo da memória (2014), também já integrou a lista de filmes da mostra local. Em 2008, ele participou com o curta Pequena fábula urbana (2008) e venceu o prêmio de melhor montagem com Quase verdade (2008).

No currículo do representante de Brasília, constam ainda filmes que participaram de festivais nacionais e internacionais, como Superfície (2004) — vencedor do Festival Internacional de Cinema de Belo Horizonte e selecionado para o Festival de Huesca (Espanha), Viña Del Mar (Chile) e Santa Maria (Portugal), em 2004 — e Paralelas (2006), vencedor da Mostra Paralela do Júri do Festival de Berlim de 2006.

O cineasta também trabalha como editor de televisão. Atualmente, produz a série Família Figueira, prevista para estrear em 2017.

Filme do DF na 48ª edição do Festival de Cinema de Brasília

Em 2015, no 48º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, o filme Santoro — o homem e sua música (2015), do diretor inglês John Howard Szerman, único representante do DF na competição, não levou nenhum prêmio pela mostra competitiva, mas venceu em três categorias da Mostra Brasília: melhor longa-metragem, melhor direção e melhor trilha sonora. A película ainda recebeu dois prêmios especiais: Exibição TV Brasil e Marco Antônio Guimarães.

Edição: Raquel Flores