27/09/2016 às 14:27, atualizado em 27/09/2016 às 16:12

Centros de ensino especial oferecem aulas com foco no mercado de trabalho

Alunos com qualquer tipo de deficiência podem ser encaminhados para o programa, disponível em oito regiões administrativas

Por Mariana Damaceno, da Agência Brasília

O sonho de Manoel Pereira da Silva, de 17 anos, é ser advogado. Há quase dois anos, o garoto, que nasceu com deficiência intelectual leve, dedica suas manhãs a aulas sobre direitos e deveres no mercado de trabalho. Ele é um dos alunos que participam do Serviço de Orientação para o Trabalho, da Secretaria de Educação. O programa funciona em 8 dos 13 centros de ensino especial da rede — [tooltip title=”EQ 2/4, telefone (61) 3901-3665″ placement=”top”]Brazlândia[/tooltip], [tooltip title=” EQ 55/56, Área Especial 2, telefone (61) 3901-8129″ placement=”top”]Gama[/tooltip], [tooltip title=”QE 20, Lote A, Área Especial, telefone (61) 3901-3709″ placement=”top”]Guará[/tooltip], [tooltip title=”Setor Educacional, Lote 1, Área Especial, telefone (61) 3901-4475″ placement=”top”]Planaltina[/tooltip], [tooltip title=”QS 303, Conjunto 4, Lote 1, telefone (61) 3901-7744″ placement=”top”]Samambaia[/tooltip], [tooltip title=”CL 208, Lote A, Área Especial, telefone (61) 3901-6614″ placement=”top”]Santa Maria[/tooltip], [tooltip title=”Quadra 14, Rua 5, Área Especial, telefone (61) 3901-4104″ placement=”top”]Sobradinho[/tooltip] e [tooltip title=”QNJ 20, Área Especial 12, telefone (61) 3901-6749″ placement=”top”]Taguatinga[/tooltip] — e atende pessoas com qualquer tipo de deficiência. A idade mínima é 15 anos.

Serviço de Orientação para o Trabalho, da Secretaria de Educação. O programa funciona em 8 dos 13 centros de ensino especial da rede.

Serviço de Orientação para o Trabalho, da Secretaria de Educação. O programa funciona em 8 dos 13 centros de ensino especial da rede. Foto: Gabriel Jabur/Agência Brasília

Quem não estuda nas unidades, mas está inserido na mesma regional de ensino, também pode participar. É o caso de Manoel, que é aluno do segundo ano do ensino médio do Centro Educacional 1 de Planaltina, mas frequenta as aulas do Serviço de Orientação para o Trabalho no Centro de Ensino Especial 1 da mesma região.

O lugar foi o primeiro a receber a iniciativa, implementada pela professora aposentada Neide Samico, de 57 anos, há cerca de duas décadas. O Centro de Ensino Especial 1 também é o único que oferece a alunos com deficiência aulas de informática por meio do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), do governo federal. “Isso tem sido muito importante para mim, pois estou aprendendo muitas coisas, mesmo já sabendo mexer no computador”, comemora o adolescente.

Para Neide, os encontros são importantes tanto para a prática profissional dos alunos quanto para atividades básicas, como mexer no caixa eletrônico para retirar o salário. “Tudo é informatizado hoje em dia. Esperamos que, com essa prática, eles tenham maior facilidade para abrir uma conta e preencher os relatórios no novo emprego, por exemplo.” A capacitação do Pronatec começou neste ano e também atende pessoas sem deficiência.

[Olho texto=”“Tudo é informatizado hoje em dia. Esperamos que, com essa prática, eles tenham mais facilidade para abrir uma conta e preencher os relatórios no novo emprego, por exemplo.”” assinatura=”Neide Samico, idealizadora da iniciativa” esquerda_direita_centro=”esquerda”]

Na sala de aula do Centro de Ensino Especial 1, no contraturno das disciplinas regulares, além do professor do Pronatec, uma docente auxilia os alunos com deficiência. A capacitação é seguida pelo encontro do Serviço de Orientação para o Trabalho, em outra sala, que dá aos estudantes informações sobre documentos necessários, entrevista e técnicas mais comuns para o emprego. Nesse caso, a escola ainda mantém contato com empresas interessadas em empregar os adolescentes com mais de 18 anos e faz o acompanhamento, caso haja a contratação.

Acompanhamento do aluno no ambiente de trabalho

Somente em Planaltina, seis pessoas foram encaminhadas ao mercado de trabalho neste ano. Algum funcionário da escola vai à empresa interessada e checa se o local tem ambiente e técnicas acessíveis tanto para a entrevista quanto para o dia a dia do novo empregado. O acompanhamento da rotina do estudante no ambiente é feito por três meses, geralmente o tempo de experiência. “Se nesse tempo o chefe ou o aluno encontrar alguma dificuldade, há um contato por meio da escola com o responsável e uma conversa com o estudante para que aquilo possa ser melhorado”, detalha Neide.

Além disso, ainda há atendimento específico às famílias, que muitas vezes têm dificuldade de aceitar que o filho vá ao trabalho sozinho, por exemplo. Para a professora aposentada, é preciso evitar tais atitudes. “Existe uma superproteção que se tenta quebrar durante o processo. Costuma-se pedir para que os pais deixem o adolescente ir e voltar da escola sozinho, para se acostumar.” Os estudantes são encaminhados ao Serviço de Orientação para o Trabalho pela própria instituição de ensino, e o atendimento complementar não é obrigatório.

Edição: Paula Oliveira