13/12/2016 às 16:26, atualizado em 14/12/2016 às 13:19

Combate ao racismo e à violência de gênero é levado para as administrações regionais

Projeto Ubuntu, lançado nesta terça (13) no Palácio do Buriti, vai capacitar servidores das regiões administrativas para atender vítimas desse tipo de violação de direitos

Por Maryna Lacerda, da Agência Brasília

Servidores das administrações regionais do Distrito Federal serão capacitados para atender vítimas de racismo e de violência de gênero. Essa é a proposta do projeto [tooltip title=”Sem tradução direta para a língua portuguesa, a palavra ubuntu é de origem africana e remete ao conceito de uma sociedade solidária, na qual o que acontece com o próximo é de interesse e afeta as outras pessoas.” placement=”right”] Ubuntu[/tooltip], lançado nesta terça-feira (13) no Salão Nobre do Palácio do Buriti. A iniciativa também vai ajudar os funcionários das regiões a organizar eventos e atividades com essa temática.

O secretário do Trabalho, Desenvolvimento Social, Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos, Gutemberg Gomes, durante apresentação do projeto Ubuntu, na tarde desta terça-feira (13), no Salão Nobre do Palácio do Buriti.

O secretário do Trabalho, Desenvolvimento Social, Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos, Gutemberg Gomes, durante apresentação do projeto Ubuntu, na tarde desta terça-feira (13), no Salão Nobre do Palácio do Buriti. Foto: Pedro Ventura/Agência Brasília

Foram dez meses de elaboração da proposta, que começará por administrações regionais: de Ceilândia, do Itapoã e do Varjão. Elas foram escolhidas devido à facilidade de articulação com organizações não governamentais e sociedade civil.

A ideia é que o programa se expanda para todas as localidades e, pelo menos uma vez por mês, ocorram atividades de conscientização sobre o racismo institucional, a violência contra as mulheres — em especial as negras — e a vulnerabilidade dos jovens negros. “Devemos fazer políticas com a população, e não para a população. Isso tem uma diferença muito grande. A possibilidade de a gente errar é menor”, disse Gutemberg Gomes, secretário do Trabalho, Desenvolvimento Social, Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos.

Para isso, as administrações regionais vão assinar o plano de adesão e elaborar um programa de trabalho, em parceria com a Secretaria Adjunta de Políticas para as Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos e com a Secretaria das Cidades. “A vida acontece nas cidades, portanto é importante essa capacitação dos servidores para que eles possam ser multiplicadores nas comunidades. Precisamos definitivamente banir o racismo da capital do País”, defendeu o secretário das Cidades, Marcos Dantas.

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Formada em novembro na primeira turma do curso de Igualdade Racial, ministrado pela Escola de Governo para funcionários de diversos órgãos distritais, a servidora Elaine Cristina Lopes Lima, de 37 anos, sabe da importância do tema. “Temos que enfrentar essa situação. Muitas vezes, os funcionários nem percebem que estão cometendo racismo”, conta. “É necessário refletir por que o tempo de atendimento de uma mulher negra, mesmo que grávida, é menor do que uma mulher branca. Ou por que os jovens negros tendem a abandonar a escola com maior frequência que os brancos”, exemplifica.

Centros de referência em raça e gênero

Além da capacitação, devem ser criados centros de referência em raça e gênero nas regiões administrativas a partir de janeiro. “Temos equipamentos para atendimento às mulheres vítimas de violência e, agora, precisamos de um para a comunidade negra”, defende o subsecretário de Igualdade Racial, Victor Nunes.

Consulta pública sobre o Plano Distrital de Promoção da Igualdade Racial

No evento de hoje, também foi aberta a consulta pública para construção do Plano Distrital de Promoção da Igualdade Racial. O projeto vai estabelecer as políticas de Estado para o enfrentamento do racismo no território. As contribuições podem ser enviadas por meio dos telefones (61) 3403-4906 e (61) 3403-4913.

Edição: Marina Mercante e Raquel Flores